Pyr Marcondes
28 de março de 2018 - 7h46
*Por Eduardo L’Hotellier, CEO do GetNinjas
A americana Rachel Morisson, 39 anos, é a primeira mulher a receber uma indicação de “Melhor Direção de Fotografia” no Oscar em 2018, pelo filme “Mudbound: Lágrimas sobre o Mississippi”. Depois de 90 anos e mais de 600 indicações nesta categoria, o trabalho de uma mulher finalmente recebeu o prêmio máximo. Esse cenário vai além do universo cinematográfico. No mundo corporativo, principalmente em empresas de tecnologia, as mulheres ainda estão em busca do seu espaço. Ainda há remuneração inferior. Ainda são poucas aquelas que chegam a um cargo de liderança.
Segundo o estudo “Mulheres e o Mundo Corporativo”, no Brasil, menos de 5% dos cargos de CEOs são ocupados por mulheres e apenas 24% das profissionais estão em posição de liderança nas empresas. Percebendo esse cenário, no GetNinjas, nós buscamos cada vez mais trazer mulheres para o nosso time, especialmente para cargos ligados à tecnologia.
Em junho de 2017, criamos o projeto Gente Ninja com o objetivo de abordar a diversidade em seus mais variados âmbitos e trazer essas reflexões para dentro da empresa. A cada dois meses são realizados Encontros abertos à todos os colaboradores em nossa sede. O Encontro é guiado por um grupo de colaboradores de diferentes áreas, que fazem um levantamento de informações históricas e atuais sobre o tema definido, além de trazer convidados, propor dinâmicas e ao final do Encontro estimular um debate entre os colaboradores. A ideia não é que, ao final, eles convençam uns aos outros a terem a mesma opinião. Pelo contrário, é que possam refletir, porque é necessário falar sobre diversidade e inclusão no ambiente de trabalho. Um dos primeiros assuntos que debatemos por aqui foi “Machismo e Gênero”.
Apenas 17% dos programadores brasileiros são mulheres. Esse número foi apresentado no evento “Por um Planeta 50-50: Mulheres e meninas na ciência e tecnologia, realizado pela Serasa Experian em parceria com a ONU Mulheres“, no mês passado. Essa é uma realidade. No GetNinjas, um dos maiores desafios é encontrar mulheres que estudam ou estão formadas na área. Na área de TI e BI, por exemplo, temos 11 mulheres atuando no time. Para diminuir essa disparidade, nosso time busca sempre motivar mais mulheres a atuarem em tecnologia, apontando todas a vantagens e o ambiente favorável que norteia essa carreira, a tornando cada vez mais promissora.
Aqui, também incentivamos o crescimento da equipe, independentemente de gênero, a subirem para cargos de liderança. Hoje, temos duas mulheres nessas posições e a ideia é que esse número aumente cada vez mais. Temos, atualmente, mais de 100 pessoas no nosso quadro de colaboradores. E 41 são mulheres, em todas as áreas.
A liderança feminina é um diferencial competitivo para os negócios e, certamente, as empresas que tomarem a iniciativa colherão resultados positivos mais rapidamente. Diferentemente de nós, homens, as mulheres vêm lutando para conquistar o espaço que temos desde que nascemos. Por salários que deveriam ser medidos por competência. Elas vêm lutando por uma igualdade que já deveria ser por direito. Precisamos falar de machismo no mundo corporativo. Só assim vamos conseguir mudar esse cenário.