How To
Por um novo modelo
Na indústria da comunicação as relações comerciais, em sua grande maioria, estão pautadas pelo regime exploratório
Na indústria da comunicação as relações comerciais, em sua grande maioria, estão pautadas pelo regime exploratório
28 de abril de 2016 - 12h45
Os modelos econômicos que imperam no mundo, o socialismo, o capitalismo e suas variantes, sempre tiveram seus propósitos iniciais que, de uma forma ou outra, essencialmente buscavam a justiça, deturpados pela ganância do ser humano. Objetivos igualitários de distribuição de renda do socialismo e de meritocracia do capitalismo foram rapidamente substituídos pelo bem estar de poucos, em detrimento de muitos que lutam pela sobrevivência. Princípios de igualdade, fraternidade e mesmo liberdade, aclamados em épocas de revoluções, no dia a dia perdem espaço para o lucro exorbitante acima de qualquer coisa.
Na indústria da comunicação isso não é diferente. As relações comerciais, em sua grande maioria, estão pautadas pelo regime exploratório. Eu exploro o meu fornecedor ao máximo, porque sei que depois vou ser explorado pelo meu cliente. É o jogo da sobrevivência em um mercado onde transparência passa a ser palavra bonita para se colocar em concorrência, mas que nunca é verdadeiramente praticada por ninguém. Mas será que precisa mesmo ser assim? Isso é sustentável no tempo? Eu acho que não.
Vejo absolutamente possível e certamente mais saudável uma relação mais simbiótica entre as empresas do setor da comunicação. Cada vez mais caminhamos para um universo de empresas especialistas e não generalistas. Neste cenário, é impossível uma empresa do setor fazer tudo sozinha, ela precisa de parceiros. E parceria não combina com exploração, ela requer conversa, sinceridade, transparência e confiança. Assim como numa relação afetiva, cada um dos lados precisa ceder em alguns momentos, pelo bem da parceria.
O mundo digitalizado no qual vivemos facilita este tipo de relação, uma vez que elimina barreiras geográficas. Hoje é perfeitamente possível ter parceiros de negócio em diferentes partes do mundo e não são poucas as companhias que contam com colaboradores externos espalhados pelos vários cantos do planeta. Um universo de companhias trabalhando em rede, onde nenhuma precisa explorar a outra ou mesmo praticar lucros exorbitantes, no qual todas praticam preços justos, com margens aceitáveis, complementam seus conhecimentos e experiências e ganham juntas no volume, é o que eu mais gostaria de ver concretizado. Empresas que pensam em longo prazo, que trabalham de forma honesta, que são verdadeiramente boas naquilo que se propõe a fazer e ajudam a construir histórias de sucesso para seus clientes e parceiros. Parece utopia? Bem, talvez eu seja mesmo extremadamente otimista, como disse outro dia em um artigo aqui no M&M, mas quero crer que é possível e que em breve veremos exemplos reais disso no nosso mercado. E daí, tenho certeza, o modelo pega e prospera. Vamos torcer para que a ganância do ser humano não volte a nos atrapalhar.
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