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Redes sociais como uma resposta à crise do coronavírus

Se a marca constrói uma persona on-line e explora as tendências digitais, ela gera canais para se relacionar com a audiência e escoar produtos que não teriam saída de outra forma, já que o comércio e o setor de serviços está com as portas temporariamente fechadas.

e Rafaela Tavares
23 de abril de 2020 - 9h07

Por Rafaela Tavares (*)

Como ser visto e falar com o público em um mundo em estado de isolamento? É natural que as empresas repitam essa pergunta agora. A resposta está nas plataformas on-line. Estamos isolados, sim, mas em uma época de uberização, aplicativos de entrega e plataformas de streaming. Por isso, investir em presença digital e estar ativo em redes sociais em tempos de coronavírus é mais do que nunca indispensável para a sobrevivência do negócio.

É inegável que a COVID-19 é o epicentro de abalos com repercussões nas relações de consumo e trabalho globais. Em proporções menores ou maiores, cedo ou tarde, todos vamos sentir os reflexos econômicos. A alta taxa de transmissibilidade do vírus obriga a comunidade a se mobilizar para conter os avanços da doença. Falamos de um movimento que se direciona para a segurança dos ambientes internos e esvazia os externos: lojas, restaurantes e estabelecimentos do terceiro setor. Porém, é possível amenizar o choque.

As mudanças no comportamento do consumidor em quarentena são um indício de como amortecer o baque ou até encontrar uma saída para aprimorar a manutenção do empreendimento. Só em março, as compras pela internet tiveram alta de 40% no Brasil, segundo a empresa de inteligência de mercado Compre e Confie. Esse é um dos números que evidencia: quem está adaptado ao e-commerce, ao Marketing Digital e ao delivery tem resistência maior à crise da COVID-19.

CANAIS

Sem pessoas nas ruas, não só o varejo presencial é prejudicado, mas também as campanhas de marketing presenciais, a publicidade física e outdoors são menos percebidos. Mas, e se a marca constrói uma persona on-line e explora as tendências digitais, ela gera canais para se relacionar com a audiência e escoar produtos que não teriam saída de outra forma, já que o comércio e o setor de serviços está com as portas temporariamente fechadas.

Mais do que isso, estamos em um cenário em que preservar a saúde contra a contaminação significa ficar em casa. Oferecer a possibilidade de ter uma demanda atendida em ambiente doméstico, por meio de entrega física ou digital, é responder a uma nova necessidade do público com responsabilidade.

Mesmo antes da pandemia, as vendas em plataformas digitais apresentavam ascensão, embora em uma proporção menos dramática. As compras on-line feitas por brasileiros registraram uma alta de 12% pelo segundo semestre consecutivo. O dado é do relatório Webshoppers, realizado pela E-Bit/Nielsen, referente aos primeiros seis meses de 2019. É importante destacar as redes sociais como fator para o sucesso desse comércio eletrônico no país. As mídias de relacionamento são o segundo maior motivador de aquisições no e-commerce, atrás apenas dos sites de busca, aponta o mesmo relatório.

Fazer com que o usuário pague por sua mercadoria ou contrate seu serviço, em meio físico ou on-line, é a ponta de um funil. Ele precisa conhecer a marca, entender por que ela oferece uma saída para seu problema, desejar essa solução, criar um relacionamento com ela, confiar. Em um país onde 66% da população usa mídias sociais, cada uma dessas etapas da compra podem ser trabalhadas no Facebook, Instagram, Twitter, LinkedIn ou YouTube.

CREDIBILIDADE

Investir em presença em redes sociais em tempos de coronavírus é fundamentado nas mesmas bases do Marketing Digital tradicional: você precisa ser visível e ter credibilidade, seja na comunicação business to business ou para o consumidor final. A diferença é que investir em profissionais que desenvolvam uma estratégia para esse relacionamento com público pela internet, ser acessível por meio remoto e canais virtuais para fechar o negócio não são mais apenas alternativas. Eles representam a única possibilidade.

A relevância do seu conteúdo continua a ser a chave para o público procurar sua empresa com frequência, interagir e optar por ela. O que isso significa nesse momento? Acompanhe o estado mental do consumidor. Ele se sente vulnerável, não é tão diferente de você. Também viu a OMS (Organização Mundial da Saúde) decretar que estamos vivendo numa pandemia global desde 11 de março. Além disso, dia após dia, ele sente vertigem ao encontrar atualizações com aumento no número de casos e fatalidades no Brasil. Ele está tão preocupado quanto  você. Por que não mostrar que o entende?

Você sabe que ele é uma pessoa trancada em casa, com o celular ou computador como ferramenta para saber o que acontece no mundo. Precisa comer, cuidar da saúde, ter produtos de higiene, educar-se, exercitar-se, fazer a manutenção da autoestima e entreter-se. Agora pense. Nesse caso, como você vai chegar até ele? Como vai continuar útil e indispensável até para quem resolve economizar? Como fazer com que ele não esqueça de você, ou melhor, que lembre que você tomou as atitudes mais adequadas durante uma crise?

Estamos em um mundo da Sociedade da Informação: multitelas, Big Data, cheio de estatísticas sobre os interesses e hábitos do público. Portanto, é hora de usar essas possibilidades ou procurar quem saiba usá-las a seu favor. Falar a língua do público agora significa revisar o planejamento das estratégias de comunicação. Todos fomos surpreendidos por uma mudança drástica e todos podemos reagir.

RECURSOS

Estar nas redes sociais – com atuação estratégica, baseada em análises das atividades do público e com pronta interação com ele – significa o primeiro passo. É uma forma de estar junto mesmo que a distância, o que deve se tornar um lema ainda por alguns meses. Porém, é importante ampliar essa comunicação. Analise bem. Você tem certeza que já utiliza todos os recursos que as mídias digitais disponibilizam para se relacionar com o público e oferecer soluções criativas para as  suas necessidades durante a quarentena?

Estamos falando de ferramentas para realizar lives, webinar, oferecer cartilhas e conteúdo funcional que possam mitigar as dificuldades da ausência presencial. As plataformas digitais sempre estiveram ali. Se não as usávamos com plenitude, agora somos obrigados a conhecê-las por completo.

Quem souber demonstrar empatia e abordar os anseios do consumidor será lembrado como uma marca sensível. Do mesmo modo, compartilhar as medidas tomadas em sua organização, oferecer exemplos, liberar acesso a parte do seu conhecimento em tempos de pandemia equivale a um serviço de responsabilidade social. Há empresas e organizações se tornando participativas, disponíveis e proveitosas de forma gratuita. Faço uma pergunta: há algo que você possa liberar para ajudar o seu público e permitir que ele conheça melhor sua empresa nesse momento?

Quem souber construir vínculos, tornar as redes sociais suas aliadas em tempos de coronavírus, medir resultados e acompanhar cada alteração de comportamento tem mais chances de superar os abalos da pandemia. Aliás, é possível até sair com uma estratégia de comunicação mais fortalecida e reformulada depois dela.

(*) Rafaela Tavares é jornalista, especialista em marketing digital e redes sociais da Smartcom – Inteligência em Comunicação.

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