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Você ainda vai ter um robô (e mais rápido do que imagina)
Com a Internet e o aumento da capacidade de processamento de zetabytes de dados, as machine learning passaram a assumir funções decisórias antes restritas aos humanos.
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20 de julho de 2016 - 9h18
(*) Omarson Costa
No filme o Homem Bicentenário, que estreou em 1999, o ator Robin Williams interpreta o personagem Andrew, um simpático robô dotado de inteligência artificial que foi comprado por uma família americana para realizar tarefas domésticas simples. Surpreendentemente, Andrew adquire aos poucos características humanas, expressando emoções e adquirindo uma personalidade própria. Seu sonho passa a ser, então, se tornar o mais próximo possível de um ser humano.
Até pouco tempo, ainda no final do século XX, ter um androide em casa só habitava mesmo nossa imaginação em filmes de ficção científica. Com o avanço da inteligência artificial, este século ficará marcado pelo despertar da aclamada quarta revolução industrial, embalada pelo desenvolvimento e popularização da robótica em aplicações que os criadores de Andrew jamais poderiam sonhar.
A robótica começou a invadir as fábricas inicialmente em funções mecânicas nas linhas de produção. Com a Internet e o aumento da capacidade de processamento de zetabytes de dados, as machine learning passaram a assumir funções decisórias antes restritas aos humanos.
A expectativa para os próximos anos é de que os robôs estarão cada vez mais presentes em nosso dia a dia. De acordo com a pesquisa “Industrial Robotics Market”, o mercado de robótica deverá crescer 11,92% e alcançar US$ 79,58 bilhões até 2022.
O eclodir de uma sociedade robotizada vem trazendo muitos questionamentos, o que é esperado na explosão de qualquer tecnologia com inovação de alto impacto e que poderá nos teletransportar rapidamente para o futuro.
Qual será o real impacto no mercado de trabalho? Chegará o dia em que as máquinas serão mais inteligentes que o homem? Como saberemos se as decisões tomadas por um humanoide são as mais corretas? Os carros autônomos serão totalmente seguros? Poderei confiar meus filhos para que cuidem enquanto estou ocupado com outras tarefas?
E como fica nossa privacidade se em casa, na rua, no trabalho, no carro e até mesmo nas roupas que vestimos, em qualquer lugar estaremos sendo vigiados 24 horas por dia, 7 dias por semana, por sistemas dotados de inteligência artificial que irão capturar e enviar informações para as empresas anteciparem nossos desejos de consumo e criarem ofertas customizadas irrecusáveis?
Sim, seu emprego pode estar com os dias contados.
De acordo com recente relatório divulgado pelo World Economic Forum, intitulado “The Future of Jobs”, nos próximos cinco anos a automação e a robótica irão eliminar mais de 5 milhões de empregos, atingindo principalmente posições em funções administrativas e na indústria.
É inevitável. Grandes empresas de tecnologia já estão e seguirão investindo em projetos de inteligência artificial. Assim como a terceira revolução industrial introduziu processos automatizados que aumentaram a produtividade e substituíram a mão de obra humana, o aumento da presença dos robôs em diversas áreas, do mercado financeiro ao comércio, das nossas casas ao supermercado da esquina, irá trazer transformações na forma em que vivemos, trabalhamos e, claro, nas habilidades que os profissionais deverão desenvolver para manter a competitividade.
A pergunta não é se a ficção de Andrew se tornará realidade, mas com que velocidade.
E a julgar pelas últimas novidades recentemente apresentadas pelas gigantes do setor de tecnologia e por companhias japonesas na International Robot Exhibition, realizada em Tóquio no final do ano passado, não é mais questão de tempo.
A SoftBank Corp, inventora do robô Pepper, lançou um SDK para que programadores possam contribuir no desenvolvimento de novas tarefas para o humanoide, que já pode ser comprado por US$ 1,800 e vem sendo utilizado por mais de 500 empresas no Japão como garçom, vendedor e atendente aos clientes, entre elas Nestlé, Mizuho Bank e Nissan.
Por US$ 599, o preço de um smartphone, a fabricante de Taiwan Asus colocou no mercado o Zenbo, um robô que consegue falar, controlar a casa e prestar assistência quando solicitado.
No mesmo campo de batalha de lançar um robô doméstico anabolizado por inteligência artificial estão a Apple, com o Siri; a Amazon, com a Alexa; a Microsoft, com o Cortana; o Google Assistant e o Facebook M.
A Boston Dynamics, empresa da Alphabet, holding do Google, acaba de apresentar o SpotMini, um cachorro robô que obedece comandos de voz e, entre outras habilidades, consegue subir escadas e desviar de objetos em espaços apertados da casa.
A lista de invenções a partir da integração de inteligência artificial, realidade virtual, big data, internet das coisas, robótica e outras tecnologias é crescente.
Que tal uma luva que consegue transformar a linguagem dos sinais em texto e voz? Ou um robô advogado que venceu centenas de milhares de apelações contra multas de trânsito? E o que acha de um restaurante que usa robôs para montar hambúrgueres, assim como já anunciou o McDonald’s de inaugurar lojas operadas por robôs com investimentos bem menores comparados aos salários pagos nas franquias atendidas por funcionários humanos?
Ou o que dizer de uma pizzaria startup no Vale do Silício com a preparação das redondas totalmente robotizada? Seguindo a mesma receita, Pizza Hut e Domino’s também estão apostando na robótica para melhorar a produtividade e, claro, os lucros. Na Ásia, a Pizza Hut se aliou com a Mastercard e o Softbank para desenvolver uma versão do Pepper com a função de um caixa-robô que usa inteligência artificial para conversar com os clientes. Na Austrália, a Domino’s começou a testar um sistema de entrega com um veículo autônomo batizado de Dru.
É. Se a robótica já está transformando algo tão rotineiro quanto assar e entregar uma simples pizza ou fritar um hamburguer, talvez esteja na hora de você começar a planejar a abertura da primeira franquia de fast food para estações espaciais. Com atendimento feito por androides, evidente.
Ou continua achando que nosso amigo Andrew não passa de ficção?
(*) Omarson Costa é formado em Marketing, tem MBA e especialização em Direito em Telecomunicações. Em sua carreira, registra passagens em empresas de telecom, meios de pagamento e Internet
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