Que o varejo físico passa por uma revisão completa, ninguém tem dúvida. E muitos chamam essa fase de Retail Apocalypse, prevendo dias sombrios e crise crescente. Para reforçar a tese, citam que mais de doze mil lojas físicas foram fechadas nos EUA só em 2018. Outro argumento é que o volume de metros quadrados de shopping centers que encerraram suas atividades nos últimos anos é superior às dimensões do território da cidade de Boston. Quanto às causas que estão gerando essa teórica crise, citam-se entre as principais:
1. Crescimento do e-commerce que apresenta evolução constante e exponencial.
2. Redução drástica das margens de rentabilidade em função do acirramento da concorrência.
3. Alta taxa de endividamento de várias redes de varejo global.
4. Novas atitudes de consumo dos Millennialse seu interesse num estilo de vida frugal.
5. Excesso de novos pontos de venda que apresentaram crescimento de oferta acima da evolução de demanda.
Todas essas razões, porém, precisam ser avaliadas com cuidado. São razões essenciais mas não suficientes para um diagnóstico tão pessimista.
Estou certo que o varejo físico continua e continuará se expandindo e evoluindo, apesar das nuvens no horizonte. A metamorfose e a busca de novos paradigmas, porém, é necessária pois nos tempos atuais, empresas não morrem mais por fazerem coisas erradas e sim por fazerem as coisas certas por um tempo longo demais.
Quem caminha por um shopping como o Westfield Century City de Beverly Hills, por exemplo, já percebe mudanças gritantes no cenário competitivo. A primeira delas é o fim da disputa On ou Off. Agora é Onoff, tudo junto e misturado. E a livraria da Amazon é o maior exemplo disso.
Outra coisa que se percebe é que o tema healthcare se incorporou totalmente aos shoppings, não apenas como venda de produtos, mas também de serviços. Numa mesma alameda, uma loja ao lado da outra, percebemos a presença crescente de estabelecimentos dedicados à saúde e bem estar físico e mental. E muitas dessas lojas oferecem tratamento que mescla medicina e tecnologia, ciência e espiritualidade, tudo transformado em experiências impactantes para os consumidores.
E isso tudo sem falar na invasão de produtos naturais, gluten free, orgânicos e tudo o mais. Uma verdadeira ode ao “gastronomicamente correto” onde a saudabilidade vem antes do preço, do sabor e até da lógica de consumo.
A terceira característica perceptível é a revolução estética por que passam as áreas de comércio, numa tendência minimalista e surpreendente para nossas crenças varejistas atuais. Um bom exemplo disso é a Aesop, que oferece uma linha completa de Skincare num ambiente muito mais parecido com banheiro que loja.
Mesmo o showroom dos automóveis Tesla apresenta essa mesma tendência clean e asséptica. Mais uma evidência que a simplicidade é o limite máximo da sofisticação.
Em resumo, enquanto muitas lojas tradicionais enfrentam tempos difíceis, outras surgem com grande vigor. E é na busca do exótico, natural, simbólico e experiencial que parecem estar algumas das grandes tendências do varejo no futuro. O que parece ser uma janela de oportunidade para marcas de varejo brasileiras finalmente terem sua grande chance fora do país. E a RosaChá, nesse mesmo shopping, pode ser um bom exemplo disso.
Diferenciação de marca, causa relevante, experiência marcante, é por aí que a coisa vai… E a NRF19 que começa dia 13/1 em NY vai nos antecipar e revelar com detalhes o que podemos esperar desse futuro…
(*) Walter Longo é Socio-Diretor da Unimark Comunicação