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Terminando março: será que este foi mesmo o mês da mulher?

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Terminando março: será que este foi mesmo o mês da mulher?

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1 de abril de 2021 - 8h00

Cris Camargo* (Crédito: Divulgação)

Estamos em 2021, mas ainda há a sensação de que estamos distantes do que podemos considerar igualdade de gênero. Ao mesmo tempo, vejo a indústria da publicidade se mobilizando, buscando fomentar transformações significativas ainda que o cenário exija mais de nós. Por isso, no mês de março que traz protagonismo à luta pelos direitos da mulher e que celebra as conquistas por mais equidade de gênero, observei algumas portas abertas.

Vi agências seja dobrando o número de profissionais do sexo feminino nas áreas criativas ou pela diversidade agora muito mais visível nas campanhas. Vi a Ambev ampliar o significado do termo “cervejeira” dando espaço e reconhecimento para as mulheres que atuam no mercado de cervejas. Vi também o Google lançar não apenas uma campanha voltada para o público feminino na TV e redes sociais, mas anunciar um fundo de US$25 milhões dedicado à prosperidade econômica de mulheres e meninas em todo o mundo.

E me identifiquei demais com mulheres colocando seus trabalhos “invisíveis” no seu perfil do Linkedin. Sacada genial do Women To Watch, o movimento #OTrabalhoQueNinguémVê convidou as mulheres do nosso setor a exporem que outras atividades elas desempenham para além de seus cargos, funções essas que sobrecarregam, tomam tempo e são tão importantes e urgentes quanto uma reunião rapidinha depois do horário comercial.

Estes são quatro exemplos próximos. Tenho certeza de que você, leitor, teria uma outra lista de tantos outros projetos incríveis em busca deste equilíbrio. E agora que março se encerra, como estes projetos seguem? Como as mulheres que se sentiram representadas poderão continuar suas jornadas de inclusão?

Abrir as portas é só o começo. Precisamos pensar nos corredores, nas salas, nas portas internas, no sofá e até mesmo no cafézinho. Depois de criar as oportunidades, há um desafio imenso em sustentá-las e isso só é possível por meio da consciência da necessidade de fricção, momentos criados para questionarmos nossos processos, rotinas, valores, ritos e cultura instalada.

Será que estamos prontos para sensibilizar as pessoas e as organizações sobre questões de gênero e suas intersecções o ano todo? Mesmo que você não tenha uma equipe, um projeto específico para a diversidade, tente pensar em rotinas, processos ou símbolos que te façam parar, pensar e criticar. Não precisamos esperar o próximo mês de março para que alguém nos lembre disso.

A falta de diversidade nos atrasa. Vamos lembrar disso, repetir, repetir e repetir.

Que nossa sociedade possa se construir e se estruturar com mais marcos reais e menos marços.

*Cris Camargo é CEO do IAB Brasil

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