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Encontros reais e a potência do coletivo

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Opinião

Encontros reais e a potência do coletivo

Conexões de verdade, face a face, podem transformar o modo como interagimos na vida real e no virtual

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15 de abril de 2024 - 6h00

Conciliar a vida profissional e pessoal nunca é tarefa fácil. Mesmo acordando cedo para dar conta de tudo, por aqui já no café da manhã o celular apita lembrando que o Tetris da vida não perdoa. Todo dia tem uma pecinha nova para encaixar junto com as outras atividades.

Faz um tempo que entendi que o equilíbrio é uma falácia. Sempre farei falta, seja na família, no trabalho ou até comigo mesma. Mas amo o que faço e pretendo seguir tentando balancear as coisas, ainda que vez por outra sinta que falhei.

Estar no SXSW me deu uma sensação muito parecida. Com uma programação vasta, escolher o que assistir envolvia também decidir o que não assistir. Mesmo sob risco de perder assuntos interessantes, decidi parar tudo para acompanhar ao vivo a entrevista entre Brené Brown e Esther Perel (e você, se quiser, pode ouvir aqui). Valeu muito a pena!

Entre os muitos assuntos abordados por elas, fiquei encantada com a ideia de “Intimidade Artificial” que Perel tem percebido no nosso mundo. Para ela, por mais que estejamos digitalmente conectados, o ser humano precisa de uma visão completa do outro ser para estabelecer um relacionamento forte. É importante não só se enxergar, mas ouvir seus sons, sentir sua presença e, pela possibilidade de vulnerabilidade contida nos momentos presentes, criar conexões reais.

Fez muito sentido para mim. Somos animais sociais e queremos estar juntos. Claro, as redes sociais são um caminho para a descompressão e têm um enorme potencial para criar conexões à distância. Só que há também um efeito rebote inesperado, que é a sensação de solidão. “Temos milhares de amigos, mas ninguém que possa dar comida para o nosso gato”, provocou Perel. Quantidade nem sempre oferece qualidade, não é mesmo?

Elas explicaram que a sensação de conexão só se torna real quando vários dos nossos sentidos estão envolvidos. Mais do que nos conectar com torsos flutuantes em uma tela de videoconferência, queremos perceber o calor e a vibração do outro, ver e ouvir seres inteiros. De uma maneira inesperada, o virtual nos traz um desejo ainda maior de conexões reais.

As falas de Brown e Perel validaram um sentimento que já fluía aqui dentro do IAB Brasil. Depois de anos de reuniões virtuais dos comitês, havia um clamor por encontros presenciais. Os encontros digitais nos permitem maior capilaridade e facilitam a participação, e isso tem o seu valor. Mas e o entusiasmo da vivência coletiva? Ecoavam os feedbacks que nos pediam por “experiências mais reais”.

Sinto que o pedido tem a ver exatamente com a busca pela “euforia coletiva”, termo de Brown para a energia que sentimos quando estamos juntos em um mesmo lugar. É a alegria de cantar uma mesma música em um show ou de vibrar coletivamente no estádio ao torcer pelo mesmo time. Estar fisicamente juntos faz com que sejamos afetados pelo outro, e isso pode ser bom.

Talvez a gente se esqueça, mas a publicidade digital também vive de coletividade e de conexões, assim como o entretenimento e o esporte. Por trás de cada ferramenta potente que criamos para alcançar as pessoas à distância, existem profissionais que também precisam de conexões verdadeiras e reais.

Foi para promover essa sensação boa e coletiva que voltamos a propor reuniões presenciais para os nossos comitês, e elas lotaram. Promovemos encontros presenciais das diretorias, em formato de roadshow itinerante no escritório de várias empresas associadas, e temos percebido uma vibração positiva e muito potente.

Pequenos comitês com altas lideranças também têm acontecido presencialmente e sido impactantes para aqueles que participam. Ver profissionais que normalmente se tratam como “concorrentes” se conectarem ao discutirem aspectos de negócio e se unirem para tornar nosso mercado mais resiliente é algo que não tem preço.

Perel e Brown só me deram ainda mais certeza de que cabe a nós promover estes momentos coletivos para o nosso setor. Tanto é que decidimos expandir o nosso já tradicional AdTech, que em 2024 será um evento de dois dias, em 3 e 4 de setembro, com uma programação simultânea e paralela. Queremos aumentar as oportunidades de aprender e discutir temas importantes, com encontros que valorizam a presença e a conexão. A ideia é estarmos juntos, celebrando essa capacidade coletiva de fazer acontecer.

Afinal, o IAB Brasil só existe porque há esse coletivo potente, que se energiza e cria o espaço que temos hoje no mercado. Somos digitais, sim, e também muito reais, presentes e tangíveis. Estamos atentos ao virtual e às novas tecnologias, mas também dedicados a fazer uma diferença real nos negócios, com ferramentas aplicáveis na prática e com relacionamento próximo com os governantes, que regulam e validam as regras do nosso mercado.

Queremos permanecer bem aqui, neste lugar onde os sentidos humanos nos permitem gerar sentido para os nossos negócios. É dessa forma que pretendemos transformar o nosso setor. Vem com a gente?

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