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De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA
SXSW

Colaboração e a volta do cinema, por Tilda Swinton

Atriz conta como a colaboração com demais colegas do cinema moldou seu trabalho e personalidade


14 de março de 2023 - 0h18

Nove anos atrás, a atriz Tilda Swinton e o diretor do Sundance Film Festival e Sundance Institute, Eugene Hernandez, estiveram no South by Southwest para conversar sobre sua carreira e percepções sobre a arte de fazer filmes. Essa mesma formação esteve no palco do Ballroom D, principal sala do Austin Convention Center, na tarde desta segunda-feira, 13. Em sua conversa com Eugene Hernandez nove anos depois, a atriz celebrou a volta dos cinemas e o trabalho colaborativo.

 

A atriz também está no SXSW para o lançamento do filme Problemista (Crédito: Reprodução)

Há um motivo específico para que a mesma configuração se repetisse no SXSW de 2023. Tilda afirmou que gosta de fazer projetos com a formação em que eles já deram certo. Não por acaso, a atriz passou nove anos trabalhando com o primeiro diretor de cinema que a contratou, Derek Jarman, com quem fez sete filmes. A colaboração durou até o fim da vida do diretor, que faleceu por AIDS.

Essa relação de trabalho e amizade também exemplifica o que Tilda valoriza no modo de trabalho. Ao invés de papéis, a atriz analisa os profissionais envolvidos em uma produção antes de aceitar fazer parte dela, além do processo de transformação do personagem. É algo que tem relação com seu início de carreira. Cursando escrita na Universidade de Cambridge, Swinton foi parar no teatro não porque gostou ou gosta de atuar – ela prefere não se considerar uma atriz -, mas porque fez amigos que cursavam teatro e gostava de ficar próxima a eles. “Minhas ambições era viver na Escócia, perto do mar, ter um jardim com vegetais, ter crianças e cachorros e trabalhar com meus amigos”, contou.

Assim, conforme vínculos foram se formando com outros profissionais da indústria, ela passou a ingressar em novos projetos e a ganhar notoriedade. Atualmente, entre os filmes em que ela figura estão Last and First Man, Caravaggio, Problemista, As Crônicas de Nárnia, Doutor Estranho, Orlando, Memória e outros.

É de sua opinião que parte das ansiedades que fazem parte da juventude hoje em dia vem da necessidade por individualidade quando trabalhar de forma individual não pode ser uma regra. “Me ocorreu que há uma crença de que quando você faz trabalho e ganha alguma visibilidade, todo o foco vai para você. Mas você pode ser um coletivo, manter esse espírito. Há um vírus circulando sobre ser um indivíduo. Na minha geração, era algo mais coletivo. Era mais possível falar dessa forma. Hoje eu sinto que há pressão para cortar os laços e ser um narcisista. Isso pode deixar muita gente triste porque quer ficar em grupo. Eu não sou boa em ser dividida. Nos últimos 30 anos eu só estive próximo dos meus colegas. Se você quer fazer desse jeito, você pode”, argumentou.

Volta do cinema

No início do painel, ambos Tilda e Eugene celebraram a vitória do filme “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo” na categoria de Melhor Filme no Oscars de 2023, que ocorreu na noite anterior. “Nem sempre o Oscar é bom para o cinema. Hoje de manhã eu acho que é um novo jogo”, colocou.

Além disso, durante a conversa, Tilda comemorou a volta dos cinemas após a pandemia da Covid-19. Ela acreditava que ir ao cinema seria um hábito perdido pelo público que, durante o tempo que as salas ficaram fechadas, se acostumaram a assistir séries e longa-metragens por demanda.

“Eu tinha medo de que isso ganhasse tração. Mas se você perguntar para qualquer pessoa o que elas sentiram falta era família, amigos, shows e cinema. Foi um boost de confiança. Cinema é um evento”, afirmou. Há nove anos atrás, Tilda descreveu o cinema como andar em um tapete mágico. A opinião se mantém.

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