Mark Read: IA reduzirá equipes atuais, mas abrirá novas frentes

Taís Farias
5 de junho de 2025 - 16h49

Em sua primeira edição em Londres, o South by Southwest teve como principal atração da quarta-feira, 4, Mark Read, CEO do WPP, a representante britânica entre as grandes holdings de comunicação globais. Entrevistado por Katie Prescott, do The Times, o executivo avaliou o impacto da IA no universo das agências.

Segundo Read, o avanço da inteligência artificial vai invariavelmente transformar a maneira como as pessoas trabalham. “Sem dúvida, para realizar o trabalho que fazemos hoje, haverá um menor número de pessoas envolvidas, mas acredito que surgirão muitas outras e variadas coisas que se poderá fazer para preencher essa lacuna”, defendeu o CEO do WPP.

Questionado especificamente sobre a transformação na criatividade, o executivo respondeu mostrando um vídeo do WPP Open, sistema de inteligência artificial proprietário da holding. Nele, um profissional pedia para a ferramenta gerar ideias para uma campanha no TikTok para uma marca de chocolates, indicar mercados relevantes e até influenciadores populares com quem seria apropriado trabalhar.

Read defende, no entanto, que a IA não pode ser vista simplesmente como uma ferramenta de eficiência para otimizar tempo e dinheiro e, sim, como uma forma de ser mais eficaz no seu trabalho. Ou seja, atingir os objetivos certos, para além do processo de como isso será feito. O CEO do WPP também argumentou que a indústria criativa será uma das mais preparadas para as transformações trazidas pela IA, pela essência do trabalho criativo e por estar desenvolvendo suas ferramentas proprietárias.

Em janeiro, por meio de um memorando aos funcionários, o WPP comunicou que todos os funcionários da holding terão que trabalhar presencialmente quatro dias por semana. A decisão teve resposta negativa por parte dos colaboradores, que criaram uma petição online com mais de 11 mil assinaturas pedindo que Read reconsiderasse a decisão.

No SXSW Londres, ele comentou o assunto. “Eu acho que as pessoas são mais felizes quando estão no escritório. Certamente, em nossos escritórios, eles são muito mais felizes”, afirmou. Para o executivo, o retorno é uma medida necessária para estimular a colaboração e responder às mudanças tecnológicas que o setor vem enfrentando.

Fim do GroupM e resultados do primeiro tri

A presença do CEO no evento acontece em um momento de transformações para a holding. No mês passado, o grupo oficializou o fim da marca GroupM e o lançamento do WPP Media, formado pelas empresas Mindshare, Wavemaker e EssenceMediacom.

A proposta da mudança é enfatizar a conexão da operação de mídia da holding com o sistema de inteligência artificial, WPP Open, que Read demonstrou no festival. O WPP Open recebe, atualmente, um investimento de £300 milhões anuais.

No início de junho, o WPP, assim como outras holdings, viu suas ações caírem após o Wall Street Journal informar que a Meta terá um sistema automatizado por IA para criação e segmentação de anúncios. O balanço financeiro do grupo referente ao primeiro trimestre de 2025 indicou uma queda de 7,6% na receita orgânica e 5% na receita bruta.