Qual é a sua máscara de oxigênio?
A missão da indústria e do varejo em educar e criar portais para o estilo de vida regenerativo começa no cuidado de si
A missão da indústria e do varejo em educar e criar portais para o estilo de vida regenerativo começa no cuidado de si
11 de março de 2024 - 16h40
Em algum momento a indústria criou a pasta de dente, nos ensinou a praticar a higiene bucal e esse se tornou um hábito, assim como o modelo de take away no varejo nos treinou para desfilar com copos de café nas ruas pelas manhãs. Como estes, inúmeros hábitos que sustentam a nossa cadeia produtiva podem ser levantados e, o conjunto deles, molda a nossa economia ou o nosso estilo de vida: como produzimos, consumimos, trabalhamos, nos relacionamos e assim por diante.
A instalação de economias regenerativas, como a economia da paixão, passa pela transição da lógica do estilo de vida orientado à produtividade para o mindset regenerativo que sustenta a vida. É hora de buscarmos mais perguntas do que respostas para a evolução de padrões, nos inquietando quanto ao estilo de vida que criamos, influenciamos e mantemos, compreendendo também que favorecer a autonomia sem despertar a consciência, gera inconsequência – demandamos aquilo que somos estimulados a desejar!
Com este plano de fundo, o SXSW 2024 destaca a visibilidade de dois imperativos na cultura estratégica de negócios de todos os setores: inovação e educação. Loren Kosloske, Head de Expansão de Novos Negócios da Uber, compartilhou os esforços do negócio em se tornar uma plataforma, isto é, um ecossistema abrangente e multifuncional capaz de ir além da oferta de 1 milhão de viagens por hora globalmente para a manutenção de relacionamentos mais profundos e de longo prazo. Esta ambição de Super App depende da ativação de múltiplas linguagens de comunicação para a introdução de novos hábitos aos usuários, como o agendamento antecipado de viagens.
Educar está diretamente relacionado com o cuidado, princípio fundamental das economias regenerativas que vem pedindo atenção diante do cenário de policrise passando pelas interconectadas crises de saúde mental e ambiental. A psicóloga Dr. Jessica Stern abriu um painel sobre mindfulness destacando uma paixão em comum de todos que estavam no palco: o diálogo sobre saúde mental. As paixões tem o poder de conectar – fato confirmado, por exemplo, por estudos da Mastercard que sustentam há anos a campanha “priceless” – e a conexão é a chave da regeneração, o que neste mesmo painel o atleta Salomon Thomas colocou ao compartilhar uma das ‘receitas’ para a saúde mental: conversar sobre suas emoções. Neste ponto, o terapeuta Dr. Corey Yeager trouxe as importantes provocações para a abertura ao aprendizado intergeracional e o autocuidado. Yeager coloca que tão importante quanto a forma como falamos com o outro, é a forma como falamos com nós mesmos.
“Qual é a sua máscara de oxigênio?” foi o que Arianna Huffington, cofundadora do The Huffington Post, perguntou para Gina Drosos (CEO Signet Jewelers) e Carla Vernón (CEO The Honest Company) em um painel da NRF no último mês, sugerindo o princípio de “cuidar de si” como primeiro passo para o cuidado externo – negócios, pessoas, projetos, etc. Na programação do SXSW 24 exercícios da economia do cuidado, irmã da economia da paixão e também uma das economias regenerativas, contemplam o aprofundamento do autoconhecimento, do despertar sensorial e da consciência de presença, exercícios que encontramos em atividades manuais, meditação, escrita e outras formas de expressão para a criatividade e conexão humana – a qual, se bem fundamentada, favorece qualitativamente o poder de expansão e aceleração da tecnologia digital.
Enxergando o potencial de estimular hábitos de cuidado como estratégia de posicionamentos propositivos de organizações, a jornalista Mary Beth compartilhou uma série de estudos sobre a influência da alimentação na saúde mental – em um paralelo com outra conferência que acompanhei recentemente, recomendo a visita aos estudos de Parneet Pal sobre saúde mitocondrial e inflamação celular para o aprofundamento no tema ecoansiedade. Na sala ao lado, a tendência de consumo de bebidas sem álcool convidou marcas e varejistas – bares e restaurantes – a se tornarem portais de transição para os hábitos das economias regenerativas ao incluir saudáveis no cardápio bebidas, o que também vale, claro, para opções como as vegetarianas e veganas. Inclusão é uma palavra importante para Elizabeth Gascoigne, fundadora da organização que promove experiências sem álcool, a Absence of Proof. Elizabeth alerta que a falta de alternativas acarreta na exclusão social pelos que não bebem e ainda, que 54% das pessoas que consomem bebidas sem álcool também consomem as alcoólicas. Aqui esbarramos na importância do pertencimento, tema que trouxe em um último artigo (https://www.meioemensagem.com.br/sxsw/o-protagonismo-nutre-e-e-nutrido-pelo-pertencimento-que-sustenta-comunidades)
Na gravação do podcast Breakdown, que também havia antecipado em um artigo anterior (https://www.meioemensagem.com.br/sxsw/jornada-da-economia-da-paixao), Mayim Bialik e Jonathan Cohen trazem luz para mais alguns hábitos regenerativos importantes, como a prática de gratidão e otimismo. Visando uma explanação acessível do bem-estar a partir da intersecção entre corpo, mente e espírito, o podcast introduziu conceitos de física quântica para embasar a influência da vibração dos pensamentos no funcionamento físico e mental.
Com o crescente uso de medicamentos psiquiátricos e consumo de substâncias que anestesiam o funcionamento do corpo humano, o convite é para mais do que hábitos, criarmos e sustentarmos rituais, que seriam hábitos com significado. Este significado está em despertar a consciência e, com ela, a nossa capacidade de materializar ideias e pensamentos em ações práticas para curar e criar o mundo que queremos chamar de nosso!
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