Assinar
De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA
SXSW

O protagonismo nutre e é nutrido pelo pertencimento que sustenta comunidades

Enxergamos o outro como uma autoexpressão e apaziguamos as guerras, as polarizações e os debates, nos orientando para os diálogos que favorecem mais a conexão através dos pontos de sinergia do que a desconexão pelas divergências


9 de março de 2024 - 13h07

“Eu sou o outro de você” era uma visão dos maias para dizer que somos todos espelhos uns dos outros, o que ao longo da história se repete através de palavras diferentes em outras culturas e conceitos que também colocam que todos refletimos a vida e que as raízes de tudo na natureza, incluindo nós seres humanos, por fim é uma só.

Com esta consciência ativa, enxergamos o outro como uma autoexpressão e apaziguamos as guerras, as polarizações e os debates, nos orientando para os diálogos que favorecem mais a conexão através dos pontos de sinergia do que a desconexão pelas divergências – um dos pontos de partida que articulo em contextos de resolução de conflitos nas organizações.

Essa visão de coletividade aparece de forma inspiradora nos palcos do SXSW 2024. Na sessão de abertura, a poeta Ada Limón compartilhou que o estimulo da autenticidade de sua arte nasce da sua profunda compreensão e sentimento de pertencimento não somente a uma família ou grupo de amigos, mas a tudo aquilo que compõem o universo –árvores, estrelas, etc…

Radha Agrawal, líder da comunidade de bem-estar “Daybreaker” e exploradora ativa do pertencimento alerta sobre os impactos do individualismo tóxico em uma economia que nutre a lógica de escassez e da solidão como gatilhos para o consumo, destacando que a solidão é a maior causa de depressão e ansiedade. A base do trabalho de gestão de comunidades que Radha desenvolve parte de rituais de conexão envolvendo o despertar sensorial, nos convidando a refletir sobre a capacidade de cura e regeneração intrínsecos a natureza e, portanto, do corpo humano. Um dos seus mais recentes projetos é apresentado como “jornada de alegria”, a plataforma “D.O.S.E” facilita a ativação da dopamina, da oxitocina, da serotonina e da endorfina, dispensando o uso de elementos externos e substâncias sintéticas.

Usando as palavras como ferramenta do despertar da consciência – provocação que trouxe em um último artigo  – Radha mencionou “MUI”, que conecta “ME” (eu) com “WE” (nós) e complementou incluindo um “L” na palavra “ALONE” (sozinho), a transformando em “ALL ONE” (todos um) para abordar a ideia de que “somos todos um e cada um é parte do todo”.

Este mesmo ideal aparece na fala da empreendedora local, Kendra Scott, fundadora da joalheria baseada em Austin que leva o seu nome. Ao contar sobre como a sua marca se tornou um portal de pertencimento para uma comunidade diversa, Kendra também difundiu no palco do SXSW a visão de que cada pessoa é única, mas que todos somos reflexos um dos outros e, assim, o outro é sempre parte do que somos. Em seu livro “Born to Shine”, Kendra sugere algo como “busque estar com pessoas que enxergam a sua luz”.

As falas de Ada Limón, Radha Agrawal e Kendra Scott remetem a fala de tantos outros que estão passando e já passaram pelo palco do festival e outros eventos, como no último mês, na NRF, onde a atriz e empreendedora Drew Barrymore declarou “não existe eu ou seu, existe nós e nosso”. Na abertura do SXSW em 2023 o indiano Simram Jeet Singh apontou “quando enxergamos a luz do outro, instantaneamente nos conectamos, ganhamos coragem e despertamos a positividade”.

Dizendo a mesma coisa, mas de forma diferente, Ada Limón cativou a plateia concluindo a sua participação quase que em um pedido de esforço coletivo pela esperança. E, vale tornar visível que esta conquista passa pela prática de jornadas autenticas, como a destes protagonistas, que sustentando corajosamente a própria singularidade de ser inspiram o despertar de outros protagonistas, autorizando o pertencimento e movendo comunidades. E, afinal, é exatamente esta a lógica do funcionamento sustentável da grande comunidade que habitamos, a natureza. Aqui, vou ousar somar mais uma forma de dizer esta mesma coisa de forma diferente: o protagonismo nutre e é nutrido pelo pertencimento que sustenta comunidades – e isso vale para pessoas, equipes e negócios!

Publicidade

Compartilhe