Sobre violência racial, clipe de Childish Gambino viraliza

7 de maio de 2018 - 17h07

Por Simon Dumenco, do Advertising Age

Se ainda não perguntaram, em breve alguém vai te perguntar “O que você achou do ‘This Is America’?”. Trata-se do clipe para a nova música de Childish Gambino, alter ego de Donald Glover, apresentada durante o programa Saturday Night Live no último final de semana. Logo após a apresentação, o artista publicou o vídeo oficial em seu canal da Vevo no YouTube e, desde então, o clipe ultrapassou 19 milhões de visualizações e tornou-se um fenômeno midiático e cultural.

Enquanto sorri, dança e canta, Gambino também participa de atos violentos: atira em um guitarrista na nuca à queima-roupa e em um coral de jovens negros, em alusão ao massacre da igreja de Charleston, em 2015. Essas e outras referências compõem o clipe para criticar o porte de armas, a polícia, e a violência sofrida pelos negros nos Estados Unidos. 

A letra diz:

Nós só queremos festa

Festa só para você

Nós só queremos o dinheiro

Dinheiro só para você

Eu sei que você quer festa

Festa só para mim

O tom da letra e do clipe muda de repente quando o refrão começa:

Isso é a América

Não seja pego escorregando

Não seja pego escorregando

Olhe para o que eu estou fazendo

O clipe foi dirigido por Hiro Murai, que colaborou com Gambino em outros projetos e já dirigiu episódios da série Atlanta, na qual o artista atua. Em um artigo publicado no site da Juice, revista de cultura urbana de Singapura, a autora diz:

“A nova música do Childish Gambino não é suave, nem soa suave. Não é como o Redbone (single do músico lançado em 2016). Isso não é dois anos atrás. Isso é o grunido ardente e horripilante do agora que mastigamos e esmagamos repetidamente. É uma canção que não passa despercebida, porque sua visão extrema revela e desnuda tudo para você”.

Mais críticas e análises virão às dezenas ou centenas na mídia nos próximos dias e semanas. Enquanto isso, parte do fenômeno de “This Is America” é a forma com que inspirou diversas pessoas nas redes sociais a desconstruir a obra a partir de suas próprias emoções e percepções, em tempo real.