Afinal, o que aprendemos sobre liderança feminina em 2022?

Buscar
Publicidade

Opinião

Afinal, o que aprendemos sobre liderança feminina em 2022?

Algo muito especial está acontecendo. E estou tendo a oportunidade de vivenciar diretamente


5 de dezembro de 2022 - 10h52

(Crédito: Mary Long/Shutterstock)

A primeira coisa que ficou muito marcante para mim em 2022 é que é extremamente importante falar sobre liderança feminina. Quanto mais vocais formos sobre isso, de forma justa e transparente, mais ampliamos a nossa rede, mais atenção conquistamos e novos passos damos rumo a uma sociedade mais igualitária. Acho fundamental a discussão sobre o poder que as mulheres carregam e, claro, o quanto contribuímos quando estamos liderando um time. 

No mês passado, tive acesso ao relatório “Women in Business 2022”, da Grant Thornton, e confesso que acho chocante que apenas 38% dos cargos de liderança no Brasil são ocupados por mulheres. E por quê? Bom, esse número pode nos indicar algumas coisas, como a falta de maturidade do mercado, o machismo estrutural enraizado na sociedade, além de alguns preconceitos que podemos perceber em simples atitudes, como é o caso de homens que, durante determinada reunião, não levam em consideração o que expressamos. São as chamadas microagressões diárias.

Acredito que ainda há um longo caminho a ser percorrido para conseguirmos, de fato, tornar essa relação mais equilibrada. No entanto, é imprescindível entender que só assim conseguiremos promover oportunidades igualitárias e contribuir, ainda, para a construção de empresas mais diversas. 

Mas é claro que também não podemos nos esquecer o quanto já avançamos até aqui. Se pararmos para refletir sobre quantas mulheres ocupavam cargos de liderança há alguns anos e quantas conhecemos nesta posição, atualmente , veremos que estamos caminhando para um cenário, digamos, diferente. Ainda não dá para dizer justo. Estamos a passos lentos, mas estamos. Isso porque, segundo um levantamento realizado pela Randstad, consultoria de recrutamento holandesa, as contratações femininas de especialistas e líderes saltou 168%, de 2020 para 2021. 

De modo geral, observo que as empresas estão mais preocupadas em promover espaços de trabalho mais justos e com oportunidades para todos. Também é muito inspirador ver que grandes companhias estão se comprometendo neste sentido, como é o caso do Nubank, que, recentemente, compartilhou o seu compromisso em ter 50% da liderança formada por mulheres até o ano de 2025.

Posso, inclusive, citar o exemplo que tenho dentro da marca em que trabalho, pois, atualmente, o time do Yahoo Brasil é formado por 47% de mulheres e, dessas, 49% são mães. Além de termos uma liderança no Brasil 90% feminina. Afinal, não adianta cobrar representatividade das empresas de fora se não dermos o exemplo dentro de casa.

Outro dado importante, e que vale ser colocado em pauta, é o fato de que, neste ano, 47% das empresas estabeleceram como meta trazer mais mulheres para cargos de liderança, de acordo com dados da pesquisa realizada pela consultoria ManpowerGroup, em 40 países. Ainda segundo o levantamento, 35% das organizações têm como objetivo equilibrar seu quadro de funcionários em cargos de liderança entre os gêneros, até 2023. 

Diante deste cenário, é imprescindível que as marcas saibam reconhecer o valor de suas colaboradoras para que se crie ambientes de trabalho mais promissores isso porque, quando encontramos mulheres em posições de liderança, sabemos que o seu papel será fundamental para criar ambientes mais criativos e acolhedores. Vale lembrar que as líderes também costumam ter olhares mais empáticos com os funcionários, o que ajuda no reconhecimento de valores, tanto dos colaboradores quanto da organização.

Outro ponto muito importante para as mulheres é entender que nenhuma caminhada se faz sozinha. Falo isso porque, quando acreditamos umas nas outras, nos apoiando e lutando juntas para ocupar espaços que também são nossos, isso serve para abrir caminho para outras pessoas que estão por vir, como nossas amigas, filhas, netas e assim por diante. Sim, ouvir outra mulher falar é inspirador. 

Recentemente tive a oportunidade de falar sobre liderança feminina em alguns eventos, como o CXO Imobi, em Recife, o C Summit e o Todas Group. E a receptividade sempre me impressiona. A resposta das mulheres presentes nos eventos, a troca de informações e experiências são sempre muito motivadoras. Saio dos eventos sempre levando muito mais bagagem do que entreguei. No CXO Imobi, especialmente, falei para um público majoritariamente masculino. Após a palestra, além da já tradicional empatia feminina, vários dos homens presentes vieram conversar comigo e recomendar outras mulheres inspiradoras para eu fazer contato e ampliar a minha rede. Achei interessante esse olhar.

Isso me dá certeza de que algo muito especial está acontecendo. E estou tendo a oportunidade de vivenciar diretamente. Sei que o percurso é longo e árduo (e como sei!), mas é exatamente por isso que quando uma mulher conquista um espaço de destaque dentro de uma empresa, a tendência é que ela motive outras pessoas para que façam parte desse crescimento. Por isso, acredito muito no lema “uma sobe e puxa a outra”. Nunca chegaremos ao mundo ideal que almejamos se não soubermos aplaudir e incentivar para que outras pessoas também subam os longos degraus. 

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Alice Pataxó eleva a voz indígena nas redes sociais e no mundo

    Alice Pataxó eleva a voz indígena nas redes sociais e no mundo

    A jovem fala sobre sua trajetória no ativismo e como se tornou uma influenciadora e porta-voz das pautas indígenas

  • W2W Summit 2024: A engenharia reversa da campanha pela Real Beleza de Dove

    W2W Summit 2024: A engenharia reversa da campanha pela Real Beleza de Dove

    Confira o painel sobre os impactos da campanha para a discussão sobre propósito de marca, com Andreza Graner, Silvia Lagnado e Luiz Fernando Musa