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Das periferias ao centro da sociedade: como a comunicação pode incluir?

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Das periferias ao centro da sociedade: como a comunicação pode incluir?

Alana Leguth, da KonZilla, e Semayat Oliveira, do Nós, Mulheres da Periferia, abriram o Summit Women to Watch para falar sobre a importância de furar bolhas em busca de inclusão


21 de março de 2023 - 11h05

Semayat Oliveira (à esq.) e Alana Leguth abriram o Summit Women to Watch 2023 (Crédito: Eduardo Lopes/ Imagem Paulista)

Alana Leguth e Semayat Oliveira são duas profissionais que notaram incômodos em claros em suas jornadas de trabalho. Como sócia-diretora da KondZilla, Alana notou a ausência de um olhar feminino e com menos estereótipos no ambiente da música e do funk. Já Semayat, ao se formar como jornalista, não encontrou lugares nas redações para ela e outras colegas que, da mesma forma, vinham da periferia.

Cada uma à sua maneira, elas procuraram usar o incômodo para furar bolhas e criar alternativas para ocuparem os lugares que, aparentemente, não lhes pareciam abertos. E foi sobre isso que ambas falaram no painel de abertura do Summit Women to Watch, realizado nesta terça-feira, 21, no Hotel Unique, em São Paulo. A mediação foi da jornalista  e apresentadora da CBN Tatiana Vasconcellos.

Alana Leguth é a criadora do Hervolution, projeto da KondZilla criada no início de 2021 para dar mais visibilidade os talentos femininos e para ajudar a projetar as mulheres no mundo da música com olhar próprio. Para ela, a criação do projeto foi a forma encontrada para tentar furar a bolha.

“Comecei a trabalhar no projeto do Hervolution e na criação desse núcleo por sentir a necessidade de dar mais atenção às artistas femininas. Criamos uma equipe de mulheres para iniciar os projetos e, algum tempo depois, recebemos a proposta de tornar o Hervolution um programa de televisão”, contou ela, em referência à atração na RedeTV, que teve três temporadas.

No mundo jornalístico, além de não encontrar oportunidades de trabalho nas redações, Semayat, após trabalhar na área de comunicação corporativa, teve a ideia de se unir a outras mulheres periféricas para criar uma redação não apenas feita sob esse olhar mas também que colocasse em foco a história de outras mulheres, como elas.

“O Nós, Mulheres da Periferia, conta hoje com uma equipe de 12 pessoas, sendo todas mulheres da periferia. Mas ainda encontramos dificuldades para as marcas nos verem como potenciais parceiros. As empresas tendem a olhar a periferia em um lugar de ajuda, mas nós queremos parcerias concretas. Queremos que nos enxerguem como geradores de negócios e com potencial de gerar recursos”, pontuou.

Semayat também é consultora do podcast Mano a Mano, apresentado por Mano Brown. Ela citou o cantor como exemplo de como a periferia pode ser preservada e valorizada no cenário cultural e na mídia. “O Racionais MC’s fez um movimento histórico de preservar sua identidade, resistir à grande imprensa e preservar sua história”, reforçou.

Periferia sob outra perspectiva

Mudar a visão que a sociedade tem acerca da periferia e das comunidades foi outro tema abordado no painel. Alana citou a carga de preconceito e estereótipos que o funk carregou por muitos anos e como isso, aos poucos – e com base em trabalhos como o da Hervolution – vem sendo modificado.

“Com uma curadoria, que possa revisar os estereótipos, mudar o olhar e revisar os papeis que objetificavam as mulheres, o funk conseguiu chegar em todos os lugares. Hoje, ele está nas festas das empresas, nos vídeos do Tiktok, no maior reality show do País e em todos os ambientes”, destacou a sócia-diretora da KondZilla.

Já Semayat destacou que ainda sonha em mudar as buscas trazidas pelo Google quando alguém pesquisa as palavras mulheres e periferia. “Não queremos ver apenas imagens de violência e escassez. Queremos mostrar a potência do que essas mulheres fazem e dos negócios que geram. Ainda olham para as mulheres, de forma geral, como se fosse um nicho, um grupo único, sem diferenças. Queremos ampliar esse olhar para que possamos ter o alcance que podemos ter”, encerrou.

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