ESG: a ascensão do S, um caminho para a prosperidade

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Opinião

ESG: a ascensão do S, um caminho para a prosperidade

Desenvolvimento sustentável satisfaz as necessidades da geração atual sem comprometer as gerações futuras


20 de junho de 2023 - 12h38

(Crédito: D-Krab/Shutterstock)

Estamos chegando à metade de 2023 e desconheço marcas relevantes que não estejam trazendo questões relacionadas ao ESG para o centro das suas discussões sobre o futuro de seus negócios. Por anos, vivi a carreira de executiva em grandes corporações e posso dizer que, de fato, aquilo que parecia no passado não muito distante, um conjunto de boas intenções, isoladas em uma área específica, tornou-se uma discussão abrangente em toda liderança. Hoje, a área de ESG em muitas empresas está ligada ao CEO, fazendo parte de uma agenda corporativa e da essência de valores e missão da empresa.  

Na última década, temos visto um novo modelo de pensamento, de comportamento, de consumo e de gestão dos negócios tornar-se uma realidade. Hoje, muitos líderes têm se questionado acerca do que deve ser feito para criar um futuro mais sustentável. Gosto de usar uma definição bem objetiva de um relatório da ONU para este conceito: o desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades. Essa reflexão vale para o planeta terra, mas também para o futuro dos negócios e das pessoas.  

Recentemente, ouvi um episódio do podcast “Sustainability Matter”, produzido pela consultoria EY, que procurou investigar como as empresas estão medindo fatores sociais como parte de seu desempenho ESG. Me chamou bastante atenção as falas de Emily Bayley, Head de ESG do Fórum Econômico Mundial, que eu reproduzo aqui neste artigo. Primeiramente, ela traz uma curiosidade sobre a relação da sociedade com as diferentes áreas que compõem a sigla ESG. Essa ascensão da preocupação com o S, segundo ela, é algo relativamente recente. Até o início da pandemia, a questão do Environmental – meio ambiente – tinha mais peso, inclusive entre os funcionários das empresas. Mas o impacto do Coronavírus na saúde, nos negócios e nos formatos de trabalho, fez do S uma grande moeda de geração de valor para as empresas, não apenas para colaboradores, mas também para clientes e parceiros. 

Empresas com foco em ESG e métricas mais avançadas, também podem adotar a gestão do seu P&L (profit&loss) ou DRE (demonstração dos resultados do exercício) com foco, além dos resultados financeiros, no impacto causado pela empresa no planeta – o chamado triple bottom line. Na definição do autor, John Elkington: “é a expansão do modelo de negócios tradicional, que só considerava fatores econômicos na avaliação de uma empresa, para um novo modelo que passa a considerar a performance ambiental e social da companhia, além da financeira”. 

Meu foco no ESG, nos últimos dois anos, tem sido no S – o desenvolvimento da educação, a oportunidade dada aos funcionários operacionais, o envolvimento da comunidade e o impacto social. O S, do ESG, inclui a gestão dos colaboradores, do entorno, dos terceiros com relação ao investimento que é feito na qualificação e preparação, também o cuidado com clima da empresa e o bem estar. O foco das empresas com relação ao Social intensifica ainda mais o foco em ESG, uma vez que são as pessoas que desempenham ações e práticas sustentáveis e são pessoas que refletem as reais ações da empresa. 

No episódio do Sustainability Matter, Emily Bayley reforçou algumas informações bem interessantes. 

 

– “Os fatores sociais se tornarão mais importantes para investidores e stakeholders. Um forte foco em questões sociais pode ajudar a reter funcionários talentosos e, consequentemente, ter um impacto direto no resultado final de uma organização.” 

 

– “Organizações com fortes credenciais sociais provavelmente estarão em melhor posição para enfrentar tempos difíceis e condições de negócios.” 

 

– “Os stakeholders estão buscando métricas sociais para serem incluídas em divulgações não financeiras, a fim de ajudar a medir e comparar melhor o desempenho das empresas que se relacionam. A comunidade empresarial global está colaborando com entidades públicas e privadas para desenvolver novas métricas.” 

 

Em tempos de hiper transparência, engajamento e ativismo por parte dos consumidores e funcionários, as empresas devem pensar em como criar valor para os stakeholders além dos acionistas. Conceitos importantes, como diversidade e inclusão, equidade ou transições justas de carreira, estão cada vez mais sendo discutidos como parte de uma agenda empresarial mais ampla.  

É fundamental estar ligado nessas discussões e começar a se preparar para novas atitudes.  Estamos falando de um debate bastante “orgânico”. Ou seja, enquanto entes privados, públicos e governos debatem os parâmetros para o S, os colaboradores das empresas já estão de olho no que as suas companhias estão fazendo. Por isso, investidores sabem que employer branding vai muito além de uma questão de relações públicas ou estratégia de marketing usada para gerar percepção positiva sobre a empresa. É uma ferramenta fundamental para atrair e reter talentos, mão de obra qualificada, o que, no fim do dia, é o que ditará o ritmo de crescimento sustentável de um negócio ao longo dos anos.  

Uma cultura orientada a propósitos é fundamental para obter apoio interno para os esforços ESG, escreveu George Serafeim, professor da Harvard Business School, em um artigo da Harvard Business Review de 2020. O propósito não é um slogan na parede da sede corporativa, uma declaração de missão online ou um discurso do CEO em uma reunião municipal, disse ele, mas “como os funcionários percebem o significado e o impacto de seu trabalho”. 

Hoje há muito mais conscientização e defesa de temas sociais relacionados a ESG por parte de consumidores, funcionários, comunidades, terceiros e outras partes interessadas. Espera-se que as empresas assumam um papel mais ativo na abordagem dessas questões e tenham um impacto social positivo.  

Esforços como o Social são essenciais para combater o desengajamento generalizado dos funcionários e aumentar as taxas de retenção. Eles também podem ajudar a atrair novos funcionários. Afinal, os consumidores não querem consumir produtos e serviços de empresas que não estão preocupadas com projetos para a sociedade. 

Perder a capacidade de reter talentos no presente, levará a perda de competitividade no futuro. Em um mundo em que a economia está cada vez mais dinâmica, isso pode significar que é tarde demais. Em outras palavras, ESG é cada vez menos um diferencial competitivo e cada vez mais uma condição para competir e uma grande oportunidade no controle de riscos. 

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