Lifelong learning: a importância do aprendizado para o trabalho e o esporte

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Opinião

Lifelong learning: a importância do aprendizado para o trabalho e o esporte

Vivemos em uma sociedade que ainda enxerga a velhice como um momento de fragilidade e que torna as pessoas mais dependentes da família e dos amigos


30 de novembro de 2023 - 6h34

(Crédito Alphavector/ Shutterstock)

Me peguei aqui escrevendo o artigo desse mês bem no dia em que completei 42 anos de vida. Impossível não fazer uma reflexão sobre a vida, sobre tudo que construí e desconstruí nas conquistas e em todo o caminho percorrido até chegar aqui. Passar dos 40 anos tem muita beleza, maturidade, serenidade, muito mais leveza do que imaginamos e verdade para lidar com muitos temas difíceis que já estão presentes há tempos por aí e que, de uns anos pra cá, começamos a falar sobre e, por consequência, passamos a dar nome a muitas delas, como o etarismo, por exemplo.

Hoje, no Brasil, o sustento econômico das famílias de 17 milhões de pessoas fica por conta de quem tem mais de 60 anos, segundo os dados do IBGE. Pensando na expectativa de vida das mulheres, que aumentou para 80,5 anos, começamos a fazer a reflexão sobre como vamos chegar lá e como vamos nos sustentar financeiramente até esse ponto da vida, uma vez que vivemos em uma sociedade que ainda enxerga a velhice como um momento de fragilidade e que torna as pessoas mais dependentes da família e dos companheirxs.

Isso acontece muito porque as pessoas com mais de 60 anos, em sua maioria, não conseguem mais entrar ou se recolocar no mercado de trabalho, e isso se dá pela interpretação preconceituosa que vem da nossa sociedade do que significa envelhecer.

Para isso, a gente precisa e muito explicar para as crianças o que significa envelhecer, que isso faz parte da vida e que as pessoas idosas merecem respeito como todas as outras. Precisamos também prepará-los para entender que o dinheiro acaba, que as pessoas mais velhas têm muitas experiências a serem compartilhadas e que elas também podem estar sempre aprendendo algo novo. 

O conceito de lifelong learning, que nada mais é do que o aprendizado ao longo da vida, vem mostrando que nunca é tarde ou cedo para aprender algo novo. Uma pesquisa realizada pela Pearson em parceria com a Morning Consul afirma que 74% das mulheres disseram que preconceitos e discriminação etária ainda estão muito presentes na hora de buscar novas oportunidades de trabalho.

Eu venho de uma família de pai e mãe que ainda trabalham, e muito, ainda têm muitos objetivos pela frente em termos de carreira, e leem muito, estudam muito e, por consequência, ensinam muito. Meu avô, que faleceu há um tempo, fez uma outra faculdade com mais de 80 anos.

Fico impressionada como acontecem casos em que pessoas mais velhas que iniciam novas faculdades hoje, mesmo com 40 anos, sofrem etarismo e ouvem pessoas dizerem que elas já deviam estar aposentadas, como aconteceu este ano numa universidade de Bauru, por exemplo, e o episódio foi exposto em matérias da imprensa. 

Quando trazemos isso pro esporte, vemos que a maioria das modalidades esportivas têm carreiras que terminam cedo. Quando olhamos o recorte feminino, os impasses são ainda maiores. Temos atletas medalhistas com 13 anos, como a fadinha no skate, e aposentadorias com 20 anos, como a ginasta americana McKayla Maroney. E é uma pena, uma vez que jovens, adultos e idosos podem ser preparados para ter alto desempenho em competições.

Não é à toa que a atleta australiana Mary Hanna, que se prepara muito, garantiu vaga para competir em hipismo nos jogos de Tóquio aos 66 anos, sendo a mais velha de todo campeonato. Foi a sexta aparição nos jogos. Sua estreia foi aos 41 anos, já depois dos 40, e a esportista vislumbra uma vaga em Paris, e garante que não será sua última atuação.

Eu, com meus 42 anos, quero acreditar que essa realidade da Mary possa ser aplicada a mais mulheres no futuro. Que a geração que está crescendo seja a transformação para que essas barreiras deixem de existir e que eu, você e qualquer outra mulher ou homem não precise se limitar, seja no mercado de trabalho, na vida ou no esporte.

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