O período eleitoral e o papel de todo cidadão

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Opinião

O período eleitoral e o papel de todo cidadão

Daqui a alguns dias, nós, brasileiros, estaremos diante das urnas, fazendo nossas escolhas na que promete ser a eleição mais polarizada da história do país


2 de setembro de 2022 - 0h16

(Crédito: rafapress / Shutterstock)

Daqui a alguns dias, nós, brasileiros, estaremos diante das urnas, fazendo nossas escolhas na que promete ser a eleição mais polarizada da história do país. Até lá, os veículos de mídia enfrentarão um desafio sem precedentes no que se refere a levar informação confiável aos leitores.

Sabe aquelas notícias absurdas que viram assunto na família após serem compartilhadas naquele link suspeito no grupo de WhatsApp? Pois é. Agora, mais do que nunca, elas precisam ser checadas e contestadas – por mais incômodos que possam gerar.

Uma pesquisa recente do Reuters Institute mostra que 54% dos brasileiros entrevistados evitam ler notícias. Em 2019, 34% responderam a mesma coisa. Já em 2017, eram 27%. Esses números seriam o resultado de uma “fadiga” em relação às más notícias, em uma leva pós-Covid-19, de tensões políticas e escalada da fome e da pobreza.

No mesmo levantamento, entrevistados da América Latina responderam que “na última semana, viram informações erradas ou enganosas”, ou seja, fake news, sobre os seguintes assuntos: Covid-19 (54%), política (57%), celebridades (33%) e mudanças climáticas (21%). Além disso, quase dois terços dos brasileiros (64%) dizem que consomem notícias toda semana em redes sociais variadas, sendo o YouTube a principal delas, seguida do Facebook.

Houve também um forte aumento no uso de redes sociais mais recentes, como Instagram (35%) e TikTok (12%) para notícias, enquanto WhatsApp (41%) e Telegram (9%) continuam sendo formas importantes de discutir e compartilhar notícias. Globalmente, 29% dos entrevistados disseram não confiar nas notícias que leem – já no Brasil, apenas 48% disseram que concordam com a expressão “Acredito que posso confiar em notícias na maior parte das vezes”.

O que esses números nos dizem é que, cada vez mais, os brasileiros não confiam em veículos oficiais de informação jornalística, mas continuam consumindo notícias de formas diversas. O antigo “boca a boca” se multiplicou de formas inimagináveis.

Estamos imersos em um cenário em que as entrevistas de candidatos à presidência geram manchetes sobre quantas mentiras foram contadas por minuto, ao invés de quais propostas o candidato apresentou. Tudo isso indica que estamos vendo, ainda, apenas a ponta do iceberg do mundo das fake news e da dark social.

Além disso, não é de hoje que se discute a importância e a ressignificação do trabalho dos profissionais em um mundo de redes sociais, inteligências artificiais e algoritmos. Agora, é urgente provar ao leitor que somos confiáveis. Diante deste cenário, a mídia programática passou a contar com um item importante e que deve ser levado em consideração na hora de rodar uma campanha no ambiente digital: o “Brand Safety”, termo que, na definição do IAB, descreve práticas que uma marca deve adotar para que os anúncios não sejam vinculados a conteúdos indesejados.

Trata-se de um termo que, há alguns anos, é considerado como pauta recorrente, especialmente pelas grandes marcas. No entanto, voltou a ser debatido em um ano cheio de temas expressivos e sensíveis, como conflitos internacionais e processos eleitorais.

Só para se ter ideia, de acordo com levantamento realizado, em 2020, pela Trustworthy Accountability Group e Brand Safety Institute, 87% das pessoas informaram ser importante que os anunciantes assegurem que a publicidade não apareça perto de conteúdos perigosos, ofensivos ou inapropriados. Podemos considerar que o “Brand Safety” é uma preocupação do mercado de publicidade digital, uma vez que a construção de campanhas efetivas, aptas a atingir um público-alvo mais estratégico e uma boa reputação de marca, não deve ser associada a questões polêmicas ou, ainda, controversas.

Para isso, os veículos de comunicação também têm adotado estratégias de combate às fake news. O Yahoo, por exemplo, há anos tem parcerias para checagem de notícias e, nos últimos meses, reforçou esse trabalho com um treinamento para a equipe interna, além de contar com novos parceiros. Além disso, passou a fazer parte do Comprova, um projeto que reúne mais de 40 veículos com o objetivo de trabalhar em conjunto para “enfraquecer as sofisticadas técnicas de manipulação e disseminação de conteúdo enganoso que vemos surgir em sites hiper partidários, aplicativos de mensagens e redes sociais”.

O que quero dizer é que combater a fake news não deve ser um trabalho direcionado apenas a veículos de comunicação, mas, sim, uma função de todo e qualquer cidadão – e isso precisa estar claro para todos. Deixo então uma sugestão que pode ser trabalhosa, desgastante e desconfortável, mas que fará diferença no mundo em que nós vivemos: a partir de agora, coloque o item “combater fake news” na sua agenda diária.

Não se omita se vir uma barbaridade naquele grupo da família. Seu familiar ou amigo até pode resmungar, mas tenho certeza que irão te agradecer no futuro.

 

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