O que Elon Musk tem a aprender com a Marta

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Opinião

O que Elon Musk tem a aprender com a Marta

Em um momento de ídolos duvidosos, precisamos, mais do que nunca, celebrar craques


6 de dezembro de 2022 - 8h24

Marta foi eleita Ballon D’Or, a melhor jogadora do mundo, 6 vezes em sua carreira (Crédito: Reprodução/Instagram)

Existe craque. E existe quem perde de goleada.

Em tempos de Copa do Mundo, impossível não reverenciar a Marta. Ela foi eleita Ballon D’Or, a melhor jogadora do mundo, 6 vezes em sua carreira. Marta é também a atleta com o maior número de gols na história do Mundial. Além disso, foi a primeira atleta a marcar gols em cinco edições diferentes do torneio, em 2019. Em seguida, vem a jogadora canadense Christine Sinclair. Apenas em 2022, dias atrás, um homem igualou o feito dessas duas mulheres: Cristiano Ronaldo, na Copa do Qatar. Marta foi (e ainda é) a maior artilheira da Seleção Brasileira, com 116 gols, superando o Pelé, que tem 95 gols. O legado dela eleva o esporte como um todo, sem distinção de gênero. Craque.

Em um momento de ídolos duvidosos, precisamos, mais do que nunca, celebrar craques.

Imagine uma CEO que ficou no comando de uma grande empresa por 70 anos e 214 dias? Queen Elizabeth. Essa mulher foi e sempre será um exemplo. E, mesmo enfrentando críticas, ela provou ser um exemplo de pulso firme, integridade, confiabilidade e respeito em um mundo extremamente machista da política externa mundial. Craque.

Agora pense no Twitter. Seu novo líder, em menos de 2 meses, conseguiu ferir a reputação de uma das maiores e mais confiáveis empresas de tecnologia do mundo. Elon Musk, em 10 semanas, conseguiu deixar de ser um potencial gênio da nossa geração para se tornar um dos piores exemplos de liderança empresarial. Musk segue a cartilha workaholic dos anos 90, mandando emails para os funcionários à meia-noite, dando um ultimato para que eles decidam se querem ficar e trabalhar “hard-core” ou se preferem uma demissão voluntária. Ultimato à meia-noite? Em 2022? Um exemplo cafona da liderança pelo medo. Quando a notícia de que a compra do Twitter por Musk foi efetivada, as ações da empresa caíram 11%. E continuam caindo. A credibilidade da plataforma derreteu, afastando os anunciantes e fazendo muita gente perder dinheiro.

No ranking das 500 maiores empresas do mundo pela Fortune, há diversos craques. Porém, ano após ano, as mulheres continuam sendo minoria nessa escalação. Na edição de 2022, elas representam 9%. Entre elas, Rosalind Brewer, CEO da Walgreens e uma das únicas duas mulheres negras do ranking. Antes de se tornar CEO da Walgreens, Rosalind Brewer foi COO da Starbucks e responsável por iniciativas de diversidade, incluindo metas financeiras e bônus para os executivos da empresa atrelados a objetivos de equidade e inclusão. Craque.

Outra grande líder dessa lista é Mary Barra, a CEO da GM, e uma das grandes responsáveis pelo direcionamento da companhia para carros elétricos, que está mudando a cara da tradicional empresa. Eu já tive oportunidade de criar para o mercado automobilístico e sabemos que é uma indústria, ainda hoje, massivamente dominada por homens. Mary Barra é craque.

Outra à frente de uma empresa que só faz crescer e aumentar sua relevância frente aos anunciantes é Susan Wojcicki, CEO do YouTube desde 2014. Funcionária número 16 do Google, ela cedeu sua garagem para os amigos Larry Page e Sergey Brin começarem a empresa. Com forte participação da executiva, o Google inovou em modelos de negócio para monetizar a plataforma e fez grandes aquisições – entre elas, o YouTube. Seu estilo de liderança é conhecido como democrático, criativo, inovador e com muita colaboração e confiança entre seus times. Craque.

Agora pense no seu dia a dia como líder. Que mensagem o seu exemplo de liderança passa para as pessoas? Alguém que toma riscos calculados, inspira, empodera e faz aquele meio de campo criativo, distribuindo bolas para a sua equipe marcar o gol? Ou você é do tipo fominha, que não compartilha a bola com ninguém para emplacar o gol sozinho? Você cria oportunidades para mudanças ou finge uma contusão para ganhar tempo e esfriar o jogo? Na vida ou no campo, é difícil ser um craque completo.

Por isso, de tempos em tempos, é preciso celebrar os grandes craques da nossa profissão, aqueles que promovem as melhores práticas, inspiram novas gerações e levam nossa indústria para frente. Gente que marca golaços no dia a dia como a Marta emplacou ao longo da história.

O primeiro viva vai para você, cliente corajosa(o), que consegue ajudar a ideia internamente para que ela ganhe aliados e cresça forte. Ideia boa é ideia na rua, que nem bola na rede. Você, que é uma(um) cliente assim, parabéns. Você é craque.

Um viva também para você, capitã(ão) de time, líder de seleção grande ou pequena, que acerta os passes, joga para a equipe e faz as jogadas acontecerem. Craque.

Viva também para as pessoas que promovem mudanças estruturais e intencionais que geram impacto positivo na sociedade. Não é de hoje que investir em responsabilidade social faz bem para o negócio. Iniciativas de DEI são fundamentais. Craques.

Parabéns também para a comissão de arbitragem: Conar, Apro, Aba, Apro, a imprensa sempre atenta, o Clube de Criação, MoreGrls, Publicitários Negros, PerifaLions, e tantas(os) craques talentosas(os) que trabalham para que as regras do jogo sejam sempre claras, com mais oportunidade e menos cartões vermelhos.

E, por fim, um grande viva para as Criativas do nosso mercado e para todas as que se reconhecem como mulheres e criativas, independentemente da área de atuação ou indústria. Vocês são craques. Super craques. Assim como a Marta, acumulam títulos que englobam as ligas masculinas e femininas e estão sendo reconhecidas (finalmente) como Heads Globais, CCOs, Presidentes de Júri, Sócias e CEOS de cada vez mais negócios. Sabemos que não é fácil. Nada fácil. Marta sempre soube. Vocês são os nossos Ballon D’Or.

Apito. E recomeça o jogo.

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