Assinar

A importância dos soft skills no desenvolvimento profissional das mulheres

Buscar
Publicidade
Opinião

A importância dos soft skills no desenvolvimento profissional das mulheres

Quanto mais nos conhecermos e desenvolvermos nossas habilidades interpessoais e nossa segurança, atuaremos mais e melhor como agentes em prol do tratamento justo entre homens e mulheres


28 de novembro de 2022 - 10h19

(Crédito: Valeriya Belobragina/Shutterstock)

Ao longo desses anos, tenho tido a oportunidade de trabalhar ao lado de profissionais incríveis em grandes empresas. Liderei times extremamente diversos em termos de gênero, raças, crenças, idades. Tive líderes mulheres e homens que buscavam praticar a igualdade e, quando não tive, busquei alianças, ferramentas internas e alternativas para maior igualdade. Pude felizmente comprovar que quanto mais diversos são os times, os líderes, os pensamentos e as atitudes positivas, mais os resultados, a produtividade, a criatividade e a inovação aumentam em taxas expressivas.

Percebi que igualdade de gênero é um tema de todos, necessário para a evolução da sociedade. Percebi, também, que quanto mais nos conhecermos e desenvolvermos nossas habilidades interpessoais e nossa segurança, atuaremos mais e melhor como agentes em prol do tratamento justo entre homens e mulheres.

Infelizmente, em pleno final de 2022, há diversos estudos que demostram que mulheres e homens ainda têm tratamentos diferentes no mercado de trabalho. Homens invariavelmente levam vantagem em relação ao valor de seus salários e sobretudo na hora de serem promovidos a cargos de gestão.

A discussão sobre como diminuir esse gap tem evoluído e, embora exista um grande caminho a ser percorrido, tanto a iniciativa privada como a de governos de diversos países têm se debruçado sobre o tema da equidade de gênero e a representatividade no mercado de trabalho. Segundo pesquisa do Instituto Ipsos, quase 68% dos entrevistados no Brasil em 2022 (ante 59% em 2020) concordam que a igualdade de gênero não será atingida enquanto não houver mais mulheres em posições de liderança.

Quando não nos aprofundamos nos detalhes, podemos ter a impressão de que a população de uma determinada empresa está equilibrada entre homens e mulheres. Porém, quando examinamos quais gêneros preenchem os cargos de liderança, os resultados mostram pouquíssimas mulheres nestas posições. Na prática, vemos que trabalhadores do sexo masculino acabam ganhando mais promoções e conseguindo negociações de salário mais vantajosas do que as funcionárias do sexo feminino.

Resultados como estes reforçam a importância e a necessidade deste tema ser uma pauta de todos. Não apenas das mulheres, mas sobretudo dos homens, que estão em cargos de liderança, para que possam entender a importância da equidade de gênero e seus benefícios.

Tenho visto diversos dados de pesquisas que mostram como essa discussão é urgente. O estudo “Como as mulheres perdem a fé nas oportunidades de carreira”, conduzido pela consultoria Bain & Company, mostra que apenas 15% das mulheres responderam que aspiravam alcançar cargos de alta liderança em empresas. Entre homens, essa participação sobe para 35%. Ao mesmo tempo, um ponto que chama muito a atenção é o da autoestima e da autoconfiança. O estudo questiona se a pessoa tem confiança de que pode chegar a alta liderança, e nesse caso, as mulheres somaram pouco mais de 10%, enquanto os homens chegaram a 25%.

Vejam também os dados da pesquisa de 2021 da Warner Bros. Discovery, que tratou do “Fenômeno da Impostora” (eles propositalmente não usam a expressão “síndrome”, como é comumente associada, por não se tratar de uma doença reconhecida, e sim ser um fenômeno comportamental). No estudo, 66% das mulheres concordaram com a afirmação “se eu fracassei, é apenas porque não me dediquei o suficiente”. Outras 54% assumiram que se lembram mais de críticas do que elogios, e 32% tiveram dificuldade de lembrar de suas vitórias profissionais recentes.

Sobram razões externas para estes resultados. Basta ser mulher no dia a dia do mundo corporativo ou, se quiser um dado mais objetivo, ver a quantidade de mulheres em cargos de C-Level ou em Boards de empresas no mundo hoje.

Acredito também que em paralelo ao envolvimento da sociedade nas iniciativas para a redução do gap em relação aos homens, para também ajudar a mudar este cenário, as mulheres podem continuar buscando maneiras e alternativas de prosperar em suas carreiras e terem a confiança que podem chegar aonde quiserem chegar.

E este não é um texto teórico, baseado em feeling.

Por experiência própria, como executiva de grandes corporações, mais recentemente como empreendedora e conselheira no mundo de startups e também por meio de inúmeras profissionais e amigas, parte da reversão deste processo também começa dentro de nós. Em cada uma de nós. E deve ser compartilhado com outras mulheres.

Sim, evoluímos para uma discussão sobre a importância do autoconhecimento, do desenvolvimento de soft skills (habilidades interpessoais) e de mentorias como fundamentais e complementares à educação e formação.

Desenvolvimento de carreira, seja ela qual for, exige um bom equilíbrio emocional para poder lidar com inúmeras questões, pressões, adversidades e atingir os resultados esperados. Reconhecer profundamente que a autoestima (o seu próprio valor), o autoconhecimento (seus pontos fortes, seus limites), a determinação, a resiliência, a persuasão e o contínuo aprendizado são fatores fundamentais para ascensão de qualquer profissional.

Ter um bom currículo em termos técnicos, em mercados que mudam constantemente, é somente o primeiro passo para uma vida profissional de sucesso. Sabemos que a boa autoestima e o autoconhecimento levam a um melhor desempenho e melhores resultados na vida profissional, e evidentemente na nossa vida em geral. Já a baixa autoestima chega a ser desastrosa, provocando distrações e necessidades como constante reconhecimento, feedbacks ou feedforwards, elogios, comparações, perfeccionismo e até pessimismo, inflexibilidade e falta de concentração.

Como sempre ouvi nas empresas em que trabalhei, que cada indivíduo deve ser o agente central para direcionar sua carreira, levei ao pé da letra e usei de artifícios externos e do suporte de líderes, além dos técnicos, para me desenvolver e constantemente me aprimorar. Sempre acreditei que o uso de mentores e de ferramentas que possam ajudar a direcionar e a avaliar a maturidade e os avanços da nossa carreira de forma objetiva são fundamentais em um mundo que ainda trata as mulheres com mais desconfiança.

Temos inúmeras ferramentas e plataformas digitais disponíveis no mercado que proporcionam trilhas e autoavaliações precisas sobre o momento de carreira e o desempenho profissional e emocional, que ajudam na busca pela autoconfiança e em como se comunicar, na importância da assertividade, e em promover-se melhor para atingir seus objetivos e outras vitórias importantes no seu caminho.

Na mentoria, os profissionais podem ser orientados conforme suas próprias necessidades e limites, já que o contato próximo do mentor o permite conhecer melhor cada profissional e identificar quais são os principais pontos passíveis de melhorias, preferências e aptidões. As mentorias podem ser individuais ou coletivas, dentro de comunidades que se relacionam com sua área profissional.

Desenvolver meus soft skills, sobretudo em relação ao autoconhecimento, à autocrítica positiva e à liderança me ajudaram a definir muito melhor meus objetivos e os das minhas equipes e negócios. Acredito fundamentalmente que as habilidades socioemocionais se tornam catalisadoras no processo de evolução e nos resultados, e por isso vêm crescendo mais a cada dia e são pilares importantes para o desenvolvimento das carreiras das mulheres.

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Demonstrar paixão no trabalho pode atrapalhar mulheres, revela estudo

    Demonstrar paixão no trabalho pode atrapalhar mulheres, revela estudo

    De acordo com nova pesquisa da Harvard Business School, entusiasmo profissional favorece carreira dos homens e prejudica a das mulheres

  • 80% das mulheres não se sentiram prontas para primeira menstruação

    80% das mulheres não se sentiram prontas para primeira menstruação

    Pesquisa global aponta lacunas na educação menstrual e impacto duradouro na saúde e autoestima das pessoas que menstruam