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Comunicação

Aumenta oferta de cursos voltados a influenciadores

A popularidade da posição fez surgir uma variedade de espaços que se propõem a ensinar técnicas de roteirização, edição e gestão de negócios


19 de abril de 2017 - 8h00

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O YouTube Space como proposta de dar estrutura aos produtores de conteúdo

Os youtubers, que há poucos anos eram conhecidos por ganhar dinheiro “para colocar suas ideias na internet”, transformaram o hobby em uma profissão que hoje atrai aventureiros e produtores de conteúdo experientes. As exigências trazidas pela profissionalização do mercado fizeram com que os aspirantes ao universo do marketing de influência levassem mais a sério todo o processo de confecção de um vídeo, da concepção à entrega. Com isso, nos últimos meses, surgiram alguns cursos com o objetivo de ensinar técnicas de filmagem, roteirização e gestão de negócios para a plataforma.

Fundado pelo próprio Google em 2014, o YouTube Space serve como um hub de desenvolvimento de canais, com uma infraestrutura que conta com sala de aula, ilha edição e cenários para youtubers com no mínimo 2.500 inscritos. Fora da alçada do Google, no entanto, outros cursos já começaram a surgir, inclusive voltados para crianças e adolescentes.

A Happy Code, franquia de cursos de tecnologia, no final do ano passado, criou um “curso de YouTube” para seus alunos, onde são ensinadas técnicas de roteiro, produção e edição. Alexandre Luercio, diretor de marketing da franquia, afirma que o objetivo é ajudar os novos criadores a definir seu público-alvo e aprender a parte técnica do audiovisual. “Características como o carisma, espontaneidade, simpatia, timing e estilo geralmente são mais individuais e difíceis de serem treinadas”, pondera o executivo.

Além disso, agências e startups voltadas para o marketing de influência também fomentam a profissionalização do mercado. A Agência 301 entendeu que poderia trazer a dinâmica de criação de um influenciador para dentro da empresa, ajudando a desenvolver youtubers e aprendendo com eles. Este mês, a agência passa a contar com duas youtubers residentes: Xan, do canal Soul Vaidosa, e Ellora Haonne, selecionadas através de um concurso.

301

Sede da 301, em São Paulo

Elas podem usar a agência como escritório e estúdio, produzindo no horário e ritmo que quiserem, se integrando com as pessoas da agência e trocando ideia com clientes”, afirma Wagner Martins, sócio e diretor de planejamento da agência. A 301 também realiza o projeto Video Lab em uma escola de São Paulo, ensinando técnicas de produção audiovisual.

Wagner afirma que a ideia é identificar as demandas de cada influenciador, e assim, ajudá-los a encontrar sua linha de conteúdo. A orientação, quando se trata de criadores leigos em relação ao universo do marketing, pode fazer toda a diferença. “Para quem quiser ter um canal e entrar nesse mercado, talvez valha a pena investir em um curso para aprender a fazer um media kit, entender o analytics e outras disciplinas. Um grande talento pode ter um agenciador que cuida de tudo, mas é o tipo de mercado que exige uma visão de negócios. É preciso fazer a produção para youtube viável, e não apenas criar uma celebridade”, argumenta o diretor.

Até mesmo youtubers conhecidos tiveram apoio de cursos e tutores que auxiliaram a planejar o conteúdo e lidar com anunciantes. “O subjetivo é a parte da criação. Todos os aspectos técnicos como câmera, iluminação, som e parte administrativa, é possível aprender com cursos. Fizemos alguns deles, e foram muito importantes na nossa transição entre o hobby e o profissionalismo. Já havia cursado cinema, então já tinha o domínio técnico, mas fizemos workshops na parte de plataforma, para entender a parte de análise de dados, como vender conteúdo e lidar com marcas”, afirma Natalia Milano, que comanda o canal Bryan & Nat junto a Bryan Ruffo. Ambos trabalhavam como atores e roteiristas, e então passaram a usar o canal como um cartão de visita.

Para Natalia, no entanto,  nada supera a prática, e a maior vantagem da plataforma é que o youtuber pode praticar ao longo do processo. “Na TV, por exemplo, a pessoa já teria que chegar pronta. Como youtuber, é preciso de algum tempo para achar sua persona”, conta. 

A Academia de Youtubers, em Curitiba, é outro exemplo de escola com foco em produção para mídias sociais, que se propõe a ensinar os alunos a encarar seus canais como um empreendimento.  O curso abrange 52 horas de aulas e aborda cases de sucesso, estratégias de monetização, legislação e direitos autorais, trilhas sonoras, plano de negócios e projeto gráfico para um canal. 

Para Diego Lopes, professor do curso, o mercado de influência ainda está em ascensão, e o crescimento de canais de nicho com temáticas específicas deve atrair muitos novos youtubers e anunciantes nos próximos anos. “Quanto mais clara a linha de atuação e público de um aspirante a youtuber, mais fácil será para cativar os anunciantes. É muito difícil que o canal, no seu início de carreira, já consiga anunciantes. Temos que encarar como um investimento de médio a longo prazo. A esmagadora maioria dos grandes canais já estão há pelos menos dois anos construindo seu público”, avalia o professor. 

Rodrigo Fernandes, dono do canal Jacaré Banguela, afirma que os cursos podem ser úteis principalmente do ponto de vista de gestão de negócios. Ele não acredita que um “diploma de youtuber” é um requisito para se ter sucesso, no entanto. “Hoje a publicidade tradicional e marcas acreditam mais no cara que liga a câmera no próprio quarto.  Às vezes o anunciante quer qualidade técnica, às vezes quer números e alcance, mas a habilidade de fazer uma boa programação é necessária em qualquer negócio. É burrice um produtor achar que tudo tem que ter qualidade técnica. Veja o Dolly: é feito de maneira simples e faz sucesso”, opina o influenciador.

 

 

 

 

 

 

 

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