Mercado perde Luiz Augusto Cama, o tradutor de David Ogilvy
Jornalista e publicitário tinha 79 anos e foi vice-presidente da Ogilvy, agência onde atuou por 47 anos
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Alexandre Zaghi Lemos
10 de junho de 2019 - 10h15
Faleceu na madrugada desta segunda-feira, dia 10, em São Paulo, o jornalista e publicitário Luiz Augusto Cama, aos 79 anos. O velório será realizado a partir de 12:30 no Memorial Parque Paulista, e a cerimônia de cremação está marcada para às 17:30, no mesmo local: Rua Suécia, 56, no Jardim Mimas, em Embu das Artes.
Luiz Augusto Cama se aposentou em 2013, quando era vice-presidente corporativo da Ogilvy, após 47 anos de trabalho na agência, desde o tempo em que ela ainda se chamava Standard. Filho de pai catalão e mãe gaúcha, ele nasceu em 1940 no Rio de Janeiro, mas foi criado em Porto Alegre. Jornalista amador no colégio marista, Cama iniciou sua carreira profissional em 1958 na Rádio Difusora de Porto Alegre. Então com 18 anos, atuou como noticiarista e produtor de programas que iam dos humorísticos aos femininos, passando por radionovelas e musicais.
“A única coisa que não fiz nos meus sete anos de rádio foi narrar futebol”, disse, em entrevista publicada por Meio & Mensagem em 2007, quando comemorou 40 anos de Ogilvy. Não bastasse o trabalho na rádio e o curso de direito — que concluiu na PUC-RS, embora nunca tenha tirado sua carteira da OAB —, Cama entrou na década de 1960 aceitando o convite do Jornal do Dia, da Cúria Metropolitana de Porto Alegre, para editar sua página internacional. Leitor ávido, tinha entre seus ídolos de juventude o escritor anarquista italiano Pitigrilli (pseudônimo de Dino Segre), do qual repetia a frase: “A sua vida se decide por um bonde que você pega ou deixa de pegar”.
E foi justamente em uma viagem de ônibus urbano que Cama pegou o bonde da propaganda. Em encontro casual, seu primo Carlos Schneider lhe disse estar abrindo em Porto Alegre a filial de uma grande agência de publicidade ao lado de Flávio Corrêa, o Faveco. Como redator, Cama se juntou à dupla nos primeiros dias de funcionamento do escritório gaúcho da Denison, que nascia justamente em março de 1964, no conturbado momento político nacional que desaguaria no golpe militar. Apesar do rápido sucesso alcançado no Sul, a Denison enfrentava graves problemas financeiros, que levaram os diretores do escritório de Porto Alegre a negociarem transferência para a Standard, então maior agência de capital nacional do País. O dia 17 de outubro de 1967 consta da carteira de trabalho de Cama como data de sua estreia na nova casa, onde comandou desde grandes campanhas para as Lojas Renner até ações pontuais como a de inauguração do Estádio Beira-Rio.
“Num dia qualquer de 1969 o Cícero Leuenroth, que havia fundado a Standard em 1933, fechou a venda parcial para a Young & Rubicam. Na noite anterior à assinatura do contrato, ele jantou em Nova York como David Ogilvy, muito interessado em entrar no mercado brasileiro e nas contas de Shell e General Foods, atendidas pela Standard. O jantar terminou com 40% da agência vendida para a Ogilvy”, contou Cama, que na época já era fã do inglês que se tornou um dos principais gurus da publicidade moderna. A identificação com o pensamento de David Ogilvy acabou levando Cama a traduzir para o português quatro livros do autor — com pavor de avião, Ogilvy nunca esteve no Brasil.
Com a compra da totalidade das ações pela multinacional, em 1972, a agência passou a se chamar Standard Ogilvy & Mather e a ser presidida por Flávio Corrêa, que, depois de muita insistência, conseguiu transferir Cama para São Paulo em 1978. O maior investimento da multinacional no País deu aos profissionais brasileiros acesso a ferramentas inéditas para eles e gerou em Cama maior interesse pela área de planejamento. Mesmo que involuntariamente, a paixão pela comunicação acabou contaminando seus dois filhos, frutos do casamento com Vera Cama: Felipe Cama, além de artista plástico, é diretor executivo de criação da Sentimental Filme, e Edu Cama é sócio fundador e diretor de cena da Dinamo Filmes.
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