Mymama quer ser um hub de grandes talentos

Thaís Monteiro
6 de fevereiro de 2020 - 11h16

No final de janeiro, a produtora Yourmama anunciou uma extensa reestruturação que envolveu um novo nome, nova composição societária e lançamento de áreas dedicadas a produções específicas. Agora, com a marca Mymama, a empresa quer se tornar uma espécie de agregadora de grandes nomes do audiovisual.

Como descreve Mayra Auad, fundadora e CEO da produtora, a maioria dos grandes diretores cresce dentro das produtoras e optam por sair e criar novas empresas com o seu molde próprio de trabalho. A ideia da Mymama é se adaptar à tais formas de trabalho de cada profissional de modo que talentos transitem e se apropriem da produtora. “O nome Mymama tem haver com essa apropriação: é sua produtora, você pode se apropriar dela. Nossa ideia é criar novos talentos e gerenciar esses talentos. Então estamos com mais foco no management“, coloca Mayra.

De acordo com a executiva, a nova missão é consequência da leva de carreiras que foram produzidas com sucesso na Yourmama e, também, diante da percepção de que em termos operacionais e de investimento é mais interessante para ambas as partes: dividir as despesas em projetos de sociedade e, além disso, os diretores e produtores não têm que investir em uma nova estrutura, pois a Mymama vai buscar atender suas demandas.

“Estamos indo contra a tendência do mercado que é, por via de regra, criar novas produtoras. Queremos um formato coletivo para evitar esse ciclo de muitas produtoras se abrindo e se fechando. Eles já vem com uma equipe meio fixa, como uma produtora mesmo, então é um modelo novo que está dando muito certo. A essência da Mama se mantém: tem uma mãe em que todos podem se apoiar e é uma casa de todos”, diz Gabrielle Auad, nova sócia da produtora.

Neste novo formato, a empresa deixou de ter uma composição societária formada pelos quatro sócios Mayra Auad, Mario Peixoto, Carlos Guedes, Alessandro Cassulino e Alexandre Sallouti. Somente Mayra permanece, agora dividindo a empresa com a irmã e também produtora Gabrielle .

Em relação ao quadro de funcionários, também foram contratados outros nomes para formar uma nova área da produtora dedicada a projetos publicitários, como a dupla Kid Burro (dos diretores André Saito e Cesar Nery), o diretor e fotógrafo Nixon Freire, a diretora de cena Ariela Dorf, o diretor Fabricio Brambatti (Urso Morto), a produtora executiva Sarina D’Avila e a produtora Joana Duchiade. Quem lidera o departamento é o produtor criativo e executivo André Pinho.

A área foi criada em resposta ao movimento de marcas que procuram produções de qualidade e que possam dialogar com o entretenimento. “Sempre transitamos entre esses dois mundos (entretenimento e publicidade), mas vivemos um novo momento na publicidade em que as marcas precisam se adaptar ao consumidor que tem maior controle sobre o que querem assistir, então os clientes procuram propósito e atenção, e o entretenimento vem como alternativa a isso”, justifica Mayra.

Ela cita como exemplo dessa união o documentário Nosso Sangue, Nosso Corpo (criado para Sempre Livre) sobre menstruação e seus tabus ao redor do mundo e a minissérie Hack The City (para Intel) que capturou personalidades do design e da tecnologia desafiadas a solucionar problemas em São Paulo. Esta última foi ganhadora do Emmy Internacional Awards 2019 por série de curta duração. No campo do entretenimento, a Mymama prepara uma série sobre negros na indústria da música com o Kondzilla e um filme adaptação da peça True West, dirigido por Ethan Hawke filmado no Brasil.

Para este ano, a produtora ainda almeja lançar projetos no exterior e buscar a internacionalização da empresa com diretores e produtores dispostos a trilhar esse caminho.

**Crédito da imagem no topo: Sam McGhee/Unsplash