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O que o tombo do Facebook na bolsa representa ao mercado

Alto custos com adaptações a regulações diminuiu receitas, mas a empresa ainda tem fôlego para pautar os rumos do marketing digital


27 de julho de 2018 - 10h32

O Facebook divulgou nesta quarta-feira, 25, seus resultados referentes ao segundo trimestre de 2018. O aumento de receitas da empresa foi menor do que o esperado, assim como o crescimento na base de usuários. A empresa teve o menor crescimento em sua base desde o início de 2011, com 22 milhões de novos usuários diários. Após a divulgação dos resultados, a empresa apresentou queda de 20% no valor de suas ações.

Analistas esperavam que a plataforma fechasse o trimestre com no mínimo US$ 13,3 bilhões em receitas, porém foram cerca de US$ 100 milhões a menos. Somente na quinta-feira, 26, estima-se que o Facebook tenha perdido o equivalente a US$ 121 bilhões em valor de mercado, o que  representou a maior queda diária em ações da história dos Estados Unidos. Qual será o impacto desse revés para a plataforma em especial e, em consequência, para o marketing digital em geral?

Apesar da queda no crescimento, a empresa teve aumento de 44% em sua receita publicitária. De acordo com Marcelo Coutinho, coordenador do mestrado em administração da FGV, a desaceleração é natural após o crescimento acima da média que a empresa vinha apresentando.

“As métricas financeiras continuam invejáveis. A empresa não poderia continuar crescendo no mesmo ritmo para sempre, e isso ficou claro na previsão que os diretores da empresa fazem, mas houve um choque de expectativas com investidores. Nos últimos dois anos, o setor de tecnologia viveu um boom no mercado de ações e em algum momento as cotações poderiam passar por um ‘freio de arrumação'”, analisa. O fato de a empresa reunir sob sua alçada três plataformas de grande alcance — Facebook, Instagram e WhatsApp- também lhe garante alguma vantagem competitiva para os próximos anos.

De acordo com o Facebook, a explicação para a queda no crescimento está nos investimentos para aprimorar os recursos de privacidade e transparência da plataforma, que no último ano vem sendo cobrada pelo envolvimento em vazamentos de dados, como no caso da Cambridge Analytica, pela potencial interferência em eleições e problemas relacionados à transparência de seus mecanismos internos.

As modificações regulatórias consequentes de regulamentações locais de proteção de dados, como o GDPR europeu, são um dos maiores desafios para a empresa atualmente, também implicando em maiores custos operacionais e vigilância do mercado sobre a empresa.

“Quando cada mercado começa a regulamentar a plataforma de forma diferente, está implícita uma fragmentação da lógica do negócio”, acrescenta Fabro Steibel, diretor executivo do ITS Rio e professor de inovação da ESPM Rio.

“Ao comprar o WhatsApp, por exemplo, a União Europeia proibiu o Facebook de cruzar dados entre os dois sistemas, uma política diferente da praticada nos Estados Unidos. A Alemanha, por outro lado, começa a exigir codificadores humanos para verificação de conteúdo. No Brasil, já tentaram exigir que os dados das plataformas fossem armazenados no País. Essas propostas de regulações locais criam desafios que impedem uma solução única para uma plataforma global como o Facebook”, diz o especialista.

Para os próximos períodos, Marcelo Coutinho acredita que haverá uma certa acomodação de expectativas do mercado. “O fato é que o número de usuários vai crescer mais lentamente, mas a empresa construiu uma fortaleza em mobile, de onde vem 91% da receita de publicidade. Quando olhamos este aspecto, vemos que o maior risco que o Facebook corre é se a Apple ou o Google resolverem de alguma forma escalar suas iniciativas de ad blockers ou limitação do uso do celular”, projeta.

Em comunicado, O Facebook alertou acionistas para a potencial desaceleração no crescimento de suas receitas também no segundo semestre deste ano.

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