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Caso Americanas: como os marketplaces podem prevenir ataques

Embora considere que segurança total é algo impossível de alcançar, André Silva, COO da HackerSec, aponta investimento em ferramentas de proteção e treinamento de toda a companhia como maneiras de minimizar crises


24 de fevereiro de 2022 - 6h02

(Crédito: Reprodução/YouTube)

Ao longo de mais de três dias, qualquer consumidor que quisesse pesquisar preço de um produto ou fazer uma compra no site de Americanas, Submarino ou Shoptime não pode cumprir seu desejo. Por conta de um ataque hacher, que aconteceu no último fim de semana, a rede de varejo retirou parte de seu servidor do ar para evitar problemas maiores.

O resultado foi um apagão de mais de 72 horas e uma perda de valor de mercado que pode ultrapassar os R$ 3,48 bilhões, de acordo com estimativas feitas pela consultoria Economatica. Nessa quarta-feira, 23, a empresa informou que estava “restabelecendo gradualmente e com segurança seus ambientes de e-commerce”. Os sites e aplicativos de Americanas e Submarino voltaram ao ar. Já as páginas de Shoptime seguem com o aviso de suspensão do servidor.

Não é a primeira vez que uma grade rede de varejo, que possui operação de e-commerce, é alvo de um tipo de ciberataque. No ano passado, a Renner sofreu um ataque cibernético que fez com que sua operação ficasse suspensa por um tempo.

Plataformas de comércio eletrônico, como Renner e Americanas, armazenam milhões de dados de seus clientes, inclusive dados financeiros que podem comprometer diretamente o consumidor, caso a empresa seja vítima de um vazamento, alerta André Silva, COO da HackerSec, empresa especializada em cibersegurança. “Por isso, essas empresas (marketplaces) são os alvos preferidos dos cibercriminosos. Os dados, softwares e sistemas são essenciais para o dia a dia da organização e qualquer interrupção pode significar o custo de centenas de milhões por dia, ou até mesmo a falência da empresa”, complementa o profissional.

No caso da Americanas, os prejuízos e impactos desse apagão de três dias são vários: a impossibilidade de vender produtos, a queda no faturamento e no valor de mercado e o represamento do estoque, já que a empresa tem de arcar com os altos custos de centros de distribuição. Esses problemas são os mais imediatos identificados por Alexandre Marquesi, professor e coordenador da pós-graduação em e-commerce da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

“Outro grande problema é em relação aos fornecedores, pois eles compram produtos todos os dias. Além do impacto com os funcionários que querem saber o que está acontecendo, sem falar nas questões relacionadas à LGPD e vazamento de dados. Destaco também o problema na mídia, porque precisam suspender para não gerar tráfego”, completa o professor.

Esse impacto nos planos de mídia e comunicação citado por Marquesi foi visível na aparição da Americanas no Big Brother Brasil, reality do qual a rede é uma das principais patrocinadoras. No sábado, 19, a Americanas promoveu uma festa no reality. Já na edição de domingo, 20, quando são exibidas as imagens da festa e dos acontecimentos do dia anterior, a chamada feita pelo apresentador do reality, Tadeu Schmidt, não convidou o público a acessar o site ou aplicativo da marca via QR Code, como a marca geralmente tem feito ao longo da atração.

Como evitar hackers
Na opinião do COO da HackerSec, os investimentos em segurança digital e a adoção de ferramentas de proteção que minimizem os riscos podem ajudar os marketplaces a prevenir ataques. “Além disso, mais do que investir em ferramentas, as empresas podem apostar em pessoas, isto é, formando equipes de cibersegurança e conscientizando todos os profissionais da importância e crescimento do segmento”, explica o profissional.

Silva admite que segurança total é algo impossível de alcançar e que, por isso, investir em capacitação profissional do time interno de TI e ter um plano de ação para resposta a possíveis incidentes é essencial.

O especialista em segurança também lista outras ações que a companhia e seus colaboradores podem tomar, que vão desde ações simples, como evitar abrir e-mails e anexos desconhecidos. “Esta continua sendo uma forma eficaz de proteção”, garante. Silva também aponta que os backups dos arquivos devem ser feitos diariamente e armazenados em outra rede ou local. “Recomendamos também testar a segurança da empresa, realizando um serviço de teste de invasão”, sugere.

Essas medidas poderiam ajudar a evitar situações que acarretam prejuízos não apenas no faturamento e no giro de negócios, mas também na estratégia de comunicação, como destaca o professor da ESPM. “O investimento em marketing na plataforma fica bastante prejudicado, mas vale ressaltar que pior ainda é o investimento e cross sell, retarget, remarketing e recuperação de carrinho, que foram totalmente prejudicados nesse período fora do ar e que representam muita taxa de conversão no mesmo usuário, o cliente fiel”, conclui Marquesi.

*Crédito da imagem do topo: Shutterstock

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