O desafio chinês da Nike: popularizar as corridas
Estratégia de marketing da companhia quer mostrar os atrativos sociais da corrida para os chineses
O desafio chinês da Nike: popularizar as corridas
BuscarO desafio chinês da Nike: popularizar as corridas
BuscarEstratégia de marketing da companhia quer mostrar os atrativos sociais da corrida para os chineses
Meio & Mensagem
1 de novembro de 2011 - 11h50
É possível que uma mulher chamada Salad inspire jovens chineses a amarrar os cadarços e ir correr?
A Nike espera que sim. A companhia assumiu um approach popular, mostrando as histórias de pessoas comuns que se lançam a correr pelas ruas à noite, para mudar a percepção dos chineses de que o esporte é chato, solitário ou até uma forma de punição.
“A corrida é um primo pobre de esportes como o basquetebol e o futebol”, diz Gavin Lum, diretor de estratégias da agência digital AKQA. De acordo com o executivo, "o público-alvo nunca vê as corridas como algo que eles fariam com prazer. A associação é com algo rigoroso e dolorido.”
Na China, a maioria dos jovens e crianças só têm contato com as corridas na escola, quando são forçados a participar das aulas de educação física ou treinos de atletismo. Por toda a Ásia, correr não está entre as atividades de lazer da esmagadora maioria das pessoas que vive em cidades muito poluídas, especialmente naquelas com ruas congestionadas de carros, bicicletas e pedestres. A piada corrente entre os poucos locais que praticam o esporte conta que, quando uma pessoa (quase sempre um ocidental) passa correndo pelas ruas, todos olham em volta para ver por quem ele está sendo perseguido.
Apenas como contraste: um novo filme da web para a Nike Running nos Estados Unidos prega aos consumidores: “Nunca pare de correr”.
Encarando o desafio de fazer os chineses ao menos calçarem seus tênis de corrida, a Nike lançou a campanha “Run For”, criada pela AKQA, encabeçada por um vídeo que convoca os chineses a se mexerem, postado em redes sociais populares entre os locais e em sites de compartilhamento de vídeos, nos quais praticantes de corrida explicam as razões pelas quais correm. Ao final, os internautas são convidados a darem seus próprios motivos.
“Queríamos que não fosse necessário a Nike dizer aos consumidores que correr é bom. O ponto chave é deixar que as histórias sejam contadas pelos poucos corredores que estão aqui e ali”, afirma Johan Vakidis, diretor executivo de criação da AKQA em Xangai.
Este é o caso da história de Salas – uma estressada mulher de 25 anos que trabalha em um escritório e vive em Xangai. “A cidade está sempre barulhenta e lotada. Isso coloca ainda mais pressão no meu dia-a-dia”, diz ela, em seu relato. “Para mim, correr é como se eu pudesse desligar esse barulho”.
Uma das estratégias de marketing da Nike é tornar a corrida um evento social para o jovem urbano e que valoriza a própria imagem. Antes, claro, é preciso convencê-lo a desligar o computador, fazer o log off das redes sociais e deixar o celular de lado.
“Não é tão fácil se engajar com os espectadores como no futebol ou no basquete, esportes nos quais você mostra os seus artigos e produtos e prova o quão por dentro você está. Correr não traz esse tipo de credibilidade”, diz Mr. Lum. “A corrida precisa recompensar seus praticantes com uma moeda social. Nossa questão era: o que a Nike pode fazer para que aqueles que gostem de correr tenham o reconhecimento ou a admiração dos seus amigos?”
Então, como parte da campanha, a Nike realizou o Lunar Runs, em Pequim, Xangai, Guangzhoou e Wuhan. O evento noturno – cujo nome faz referência ao novo tênis de corrida da Nike – o Lunar Glide contou com instrutores de fitness, música ao vivo e até algumas celebridades, para lembrar aos estudantes e jovens profissionais que correr é uma atividade divertida e que pode ser realizada à noite, depois da aula ou do trabalho.
“Acho que, na China, as pessoas geralmente entendem os benefícios da prática de esportes, mas é preciso inspirá-los. Como podemos tirá-los dos sofás, para fora de suas casas, para uma atividade física?”, pergunta-se Jeanne Huang, diretora de comunicação da Nike para a Grande China.
Ainda que a Nike não divulgue resultados de vendas por categoria, e a corrida certamente continue a ser um esporte de nicho no país, a campanha parece estar cumprindo o seu papel de fazer com que mais pessoas se interessem em dar uma chance à corrida. A Nike atraiu mais de 35 mil corredores em potencial durante o Lunar Runs e os quatro dias do Festival dos Esportes, evento realizado em Xangai.
Do Advertising Age
Compartilhe
Veja também
Prefeitura de São Paulo interrompe projeto do “Largo da Batata Ruffles”
Administração Municipal avaliou que a Comissão de Proteção à Paisagem Urbana precisa dar um parecer sobre o projeto; PepsiCo, dona da marca, diz que parceria é de cooperação e doação e não um acordo de naming rights
Natal e panetones: como as marcas buscam diferenciação?
Em meio a um mercado amplo, marcas como Cacau Show, Bauducco e Dengo investem no equilíbrio entre tradição e inovação, criação de novos momentos de consumo, conexão com novas gerações, entre outros