Milena Seabra
19 de julho de 2012 - 5h22
Mais uma vez o Festival de Cannes mostrou que não será mais o mesmo.
Com um espaço cada vez maior para palestras e apresentações, que eram disputadas pelos mais diversos profissionais do mercado da comunicação, o Festival esse ano trouxe uma grande reflexão sobre como nosso mercado pode assumir sua responsabilidade na construção de um mundo melhor, mais equilibrado, mais sustentável.
Hoje lideranças de todo o mundo, sejam empresariais ou governamentais, chamam a atenção para projetos de responsabilidade socioambientais e causas com o propósito de mudar o mundo e a publicidade, considerada tão importante no processo de construção e consolidação de tantas marcas. É justamente por isso que a publicidade não pode ficar de fora dessa discussão e precisa assumir seu papel que é cada vez mais importante nesse mundo em transformação.
Segundo Stig Carlson, ex-diretor geral da Associação Europeia das Agências de Comunicação, a publicidade não muda valores nem cria valores novos, mas tem grande habilidade para detectar novos valores entre os consumidores e refleti-los na forma de soluções de criação.
O que quero dizer é que a publicidade pode e deve fazer o que sempre fez: usar seu talento na arte de envolver, criar valor e atrair o consumidor, pois é uma das molas propulsoras da economia. Mas ela pode ir além, pode atuar de forma transformadora na mobilização da sociedade para a construção de um mundo melhor.
Esse convite ocorreu de uma forma efetiva esse ano em Cannes principalmente na palestra do ex-presidente Bill Clinton, que convocou a indústria da comunicação a ajudar na construção de um mundo melhor e reforçou que os profissionais da comunicação têm uma profunda influência sobre como o mundo ficará dentro de 20 a 30 anos e foi reforçado nas apresentações do filósofo Alain de Botton e de Keith Weed, da Unilever.
O fato é que essa responsabilidade assumida pela indústria da comunicação somente poderá gerar frutos com engajamento de todos os envolvidos, a publicidade, a mídia e os anunciantes.
A própria ABAP criou, com a contribuição de diversas entidades, os indicadores de sustentabilidade da comunicação, avançando alguns passos nessa direção. Segundo a ABAP, sustentabilidade é uma questão de consciência: “para comunicar bem, as agências de publicidade precisam que os clientes façam bem – é uma interação que sempre existiu e que poderá ser aprimorada mais ainda em favor das empresas envolvidas e de toda a sociedade”.
Parece que estamos no caminho. Que esse chamamento ocorrido em Cannes desperte uma grande reflexão em toda nossa indústria para que esse papel transformador seja de fato assumido e que possamos participar da construção desse tão sonhado mundo sustentável.
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