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Ponto de vista

Caos

Sanidade requer a busca de sentido por meio da classificação e organização das informações. Neste contexto que ocorre a incessante busca online por ferramentas para transformar caos em ordem


10 de abril de 2014 - 5h40

Caos é anarquia sensorial. É estado de absoluta confusão. Confusão extrema e percebida como irremediável. É espaço obscuro onde habitam elementos que não fazem sentido.

Na origem, caos era o estado confuso dos elementos cósmicos antes da suposta intervenção de um demiurgo ou de um princípio organizador do Universo. Trazia desordem; balbúrdia e confusão. Impedia a diferenciação.

Por isso, sanidade requer combate ao caos. A busca de sentido por meio da classificação e organização das informações recebidas a cada facão de tempo. Assim funciona o cérebro. Assim se organiza a existência.

A sensação de caos aumenta direta e proporcionalmente ao volume de informações não organizadas. E é neste contexto que, no mundo online, acontece a busca incessante por ferramentas que permitam transformar o caos em ordem.

O aumento em progressão geométrica do volume de informação disponível online a cada momento e sobre cada assunto leva à busca de simplificação e de leis que governem e organizem a complexidade e dinâmica de sistemas aparentemente imprevisíveis.

Em um ambiente em que a informação é abundante e excessiva, o sucesso e o fracasso das estratégias de marketing são em grande parte determinado pela maneira como o consumidor seleciona as informações.

Processar, organizar e discriminar informações talvez seja o maior desafio dos dias atuais. Estas talvez sejam a razão de ser dos sites de busca (“search engine”) e mídia social (“social media”).

São elas as ferramentas que conferem ao consumidor a oportunidade e o poder de organizar o caos para tomar decisões informadas. Para as empresas, esse ambiente traz uma questão fundamental: como utilizar as oportunidades oferecidas por tais ferramentas para influenciar consumidores? Uma estratégia consistente parece requerer a utilização eficiente das duas ferramentas de maneira a aproveitar suas vantagens e limitar suas limitações.

Os search engines ajudam a localizar produtos, informações, serviços que potencialmente atendam às necessidades do consumidor. Em fração de segundos, geram listas, aparentemente intermináveis, de opções.

Organiza a informação, mas faz muito pouco pela discriminação dessas informações. Deixa aos cuidados do consumidor a pesquisa mais detalhada de cada opção. Em outras palavras, melhora a visibilidade e o acesso ao consumidor, mas tem efeito limitado na redução dos riscos percebidos pelo consumidor na sua compra.

O papel de reforçar a percepção de qualidade, aumentar o engajamento do consumidor e reduzir sua percepção de risco parece estar reservado à mídia social. Ela oferece, através de anedotas e opiniões de terceiros, o conforto exigido pelo consumidor.

Neste sentido, a mídia social adiciona maneiras alternativas de avaliar as informações por meio de diferentes perspectivas e opiniões. Embora contribua relativamente (em relação aos search engines) pouco para a organização das informações, serve como ferramenta de avaliação qualitativa das opções disponíveis.

Organizar o caos, portanto, é desafio que exige a utilização de todas as ferramentas disponíveis, de maneira harmônica e consistente com os objetivos mercadológicos. Requer iluminar a escuridão. É transforma caos em ordem. Afinal, caos é simplesmente a realidade não decodificada.

Elton Simões é profissional com larga experiência nas áreas telecomunicações, mídia e entretenimento no Brasil, na Europa, nos EUA, no Canadá e na América Latina. Atualmente atua como consultor, árbitro e mediador, baseado em Vancouver, Canadá

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