Em tempos de crise…

Meio & Mensagem
25 de setembro de 2015 - 10h33

Hoje a pauta da vez é a “crise”. Os prognósticos parecem sombrios, visto que revelam uma realidade “irreversível e devastadora” no mercado. Não há um único lugar em que eu vá, no qual a crise não seja mencionada e usada como uma desculpa qualquer para as (re)negociações, ajustes e pedidos.

Com isso, não quero dizer que ela esteja sendo hiper-dimensionada ou usada para justificar coisas que não se justificam a partir dela. Em absoluto! Estou querendo chamar a atenção para o fato de que todas as crises podem ser úteis (e por que não, necessárias?) para impulsionar o crescimento de qualquer mercado. Com o nosso, portanto, não seria diferente!

Lembremos que foram as crises nos nossos “negócios comunicacionais” que nos possibilitaram (e nos empurraram) para a reinvenção. O que dizer da crise da atenção dos consumidores? Como tantos anúncios e propostas de produtos e serviços, bombardeando os consumidores em todos os lugares, nos reinventamos criativamente com a produção do Brand Content – produzimos conteúdos de marca relevantes e que dialogavam com os nossos consumidores. Muitas marcas retomaram a atenção perdida e, de quebra, produziram engajamento – o que é mais “rentável” do que os impactos meramente numéricos.

E a crise da queda da audiência nos meios tradicionais? Ela, com a sua força motriz, viabilizou que as estratégias transmídias e multiplataforma fossem pensadas. O que parecia, num primeiro momento, um grande contrassenso, afinal, os meios tradicionais como jornais e revistas impressos e rádio e televisão estavam propondo que os seus conteúdos também fossem consumidos nas plataformas digitais online – o que pulverizaria (ainda mais) as audiências. Mas deu certo e boa parte da audiência foi “reconquistada”.

O fato é que nos “reinventamos” nas crises! Trata-se de uma questão de sobrevivência. Mas não apenas isso, já que as crises conseguem despertar em nós uma força criativa que parece que não a enxergamos sem elas: falo das oportunidades que as crises, na maioria das vezes, suscitam. Lembro aqui da famosa frase do publicitário Nizan Mansour de Carvalho Guanaes Gomes (conhecido por Nizan Guanaes), escolhida pelo jornalista João Wady Cury para dar título ao livro que falava da sua trajetória e ousadia para atuar no mercado publicitário brasileiro: “Enquanto eles choram, eu vendo lenços”. Nizan Guanaes deixou claro que qualquer crise é também oportunidade, só precisamos mesmo é entender isso!

Acredito, de verdade, que na atual conjuntura há muito mais do que “lenços” para serem vendidos. Acredito que a crise pode nos impulsionar a verdadeiras revoluções e transformações. Por isso, termino este texto convocando a todos (e até me autoconvocando) a enxergar a crise tão falada e vivida, muito além das perspectivas sombrias e nefastas que os prognósticos pessimistas apontam. Ousemos e usemos a nossa “rebeldia criativa” para crescermos… até mesmo em tempos de crise!