Charlie Hebdo provoca Estado Islâmico
Jornal que foi alvo de atentado em janeiro antecipa capa e ironiza terroristas
Jornal que foi alvo de atentado em janeiro antecipa capa e ironiza terroristas
Meio & Mensagem
17 de novembro de 2015 - 3h11
Alvo de ataques terroristas em janeiro, o jornal de sátiras Charlie Hebdo adiantou em seu site a capa da edição do mês de dezembro em função dos ataques terroristas ocorridos na sexta-feira, 13, em Paris, realizados pelo grupo Estado Islâmico.
Com um tom provocativo, a capa de fundo vermelho traz um homem com perfurações no corpo de onde sai champagne. Na tradução literal, a capa diz: “Eles possuem armas. Eles que se danem. Nós temos champagne!”.
Junto com a imagem, o jornal publicou um editorial que cita diretamente o Estado Islâmico afirmando que o grupo não inventou o suicídio ou os homens bomba. “A única área em que foram pioneiros foi no uso da imagem em tempo de guerra respondendo a uma regra simples: cada campo buscou apresentar-se na melhor luz e retrata o inimigo como o mais vil possível.”
Em janeiro, o atentado ao jornal matou doze pessoas, entre cartunistas, editores e funcionários do jornal e também policiais. Na ocasião, o Charlie foi criticado pelo teor de suas sátiras, principalmente aquelas ligadas ao profeta Maomé.
Ofensiva do Anonymous
Nesta terça-feira, 17, o grupo de hackers Anonymous afirmou ter derrubado mais de 5,5 mil contas no Twitter ligadas ao Estado Islâmico. Um dia antes, o grupo declarou guerra ao grupo como forma de resposta aos ataques de Paris.
O editorial na íntegra:
GUERRA DA IMAGEM: DAECH ULTRAPASSA GOEBBELS
O Estado Islâmico não inventou grande coisa. Em todo caso, não o atentado suicida. A única área em que foi pioneiro é a comunicação. Até agora, a utilização da imagem em tempo de guerra respondeu a uma simples regra: cada campo procurou apresentar-se em seu melhor momento e retratou o inimigo como o pior possível, até mentiu. Não faltam exemplos, a faca entre os dentes de bolchevique ao alegar o assassinato de bebês em incubadoras por Saddam Hussein. Mesmo os nazistas não fogem à regra, uma vez que fizeram de tudo para negar as câmaras de gás. Daech (Estado Islâmico) fez o oposto: não só não esconde sua barbárie, como a reivindica e se coloca em cena. A vantagem, é que nós não temos mais que nos esforçar para denegrir o inimigo, uma vez que o fato em si é melhor que ninguém. É mais tempo e energia para melhor pressiona-los.
Tradução: Celina Filgueiras
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