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Futuro do jornalismo: digital e pago

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Futuro do jornalismo: digital e pago

Painel de encerramento no IX Congresso Brasileiro de Jornais reforça a posição do jornal na web e com conteúdo pago


21 de agosto de 2012 - 5h16

No encerramento do IX Congresso Brasileiro de Jornais, organizado pela Associação Brasileira de Jornais (ANJ), Nelson Sirotsky, Presidente do Conselho de Administração e do Comitê Editorial do Grupo RBS e vice-presidente da ANJ, convidou o CEO do grupo de mídia alemão Axel Springer, para demonstrar que o mercado já está vivendo o futuro.

 Em 2001, quando Mathias Döpfner assumiu o posto, o grupo tinha um prejuízo de 200 milhões de euros. Hoje, o grupo tem saldo positivo de 600 milhões de euros. Apenas um terço do lucro é proveniente de publicidade, o restante é pelo formato de cobrança pelo conteúdo digital.

Segundo Mathias a iniciativa de cobrar pelo conteúdo online foi necessária para o grupo. "O conteúdo é criado por jornalistas que devem trabalhar e vender seu produto", explica. Para ele essa é a melhor forma de monetizar o modelo digital, que é a maior fonte de informação da população na atualidade. De iPhones, iPads, notebooks e desktops, não importa por onde o leitor vai procurar por conteúdo, o que realmente fará a diferença é apresentar conteúdo bem feito, defende Mathias. Para ele, o digital é um mundo de oportunidades, com espaço ilimitado, onde a rapidez é a palavra chave e já está no hábito das pessoas. "Muito mais que ler um impresso", comenta.

"Não tem como fazer jornalismo de qualidade às custas apenas de publicidade. Com os novos devices tudo é pago, 70% dos aplicativos são pagos, ligação é paga, pacote de dados para e-mail é pago, deve pagar pelo conteúdo. É apenas questão de costume", argumenta. 

Ainda discutindo o futuro do jornalismo, Paulo Tonet Camargo, vice-presidente de relações das Organizações Globo e diretor do Comitê de Relações Governamentais da ANJ, preza pela atenção a dois pontos fundamentais: direitos de copyright e propaganda. "Temos que nos armar pelo que estamos disponibilizando na web, que é de nosso direito, sem que outras empresas possam reproduzir. Além disso, há muitas empresas fantasiadas de politicamente corretas que afastam a publicidade das empresas de mídia. Criam leis e mais leis para proibir a publicidade de diversas formas, como se a propaganda fosse reponsável pela obesidade das crianças brasileiras", argumenta. 

Já na questão de monetização de conteúdos e mercado publicitário, Walter de Mattos Jr., presidente e editor do Grupo Lance e vice-presidente da ANJ, acredita no modelo de pagamento pelos leitores. "Cobrar é necessário, não será possível sobreviver sem isso", desabafa. Silvio Genesini, ex-presidente executivo do Grupo Estado, se diz, inclusive, otimista com o modelo de pagamento pelo conteúdo. "Basta comunicar bem aos leitores, para que mesmo havendo reclamações nas redes sociais, a população entende que é necessário pagar para ter conteúdo de qualidade", ressalva.

Walter Mattos aconselha a, em um primeiro momento, cobrar pelo conteúdo de quem está disponível a pagar. "Nós mesmos acostumamos a população a não pagar por conteúdo online", conta. Mas, apesar de ter convicção do que deve ser feito pelos portais dos jornais brasieliros, ainda resta a dúvida do modelo a ser adotado. "Há vários formatos, como o paywall duro, o poroso, o freemium… Cada empresa, dependendo do seu segmento, target e modelo de negócio deve implantar um formato diferente", sugere.

Além do grande desafio de implantar o paywall no Brasil, uma sociedade que está acostumada a não pagar pelo conteúdo online, Walter ressalta ainda a presença de grandes portais informativos como Terra, Globo.com e Yahoo. "São playeres que não dão o mínimo sinal de querer cobrar pelo conteúdo, e que são importantíssimos no nosso segmento. Devemos encará-los como nossos limitadores. E é nesse momento que temos que apresentar o diferencial do jornal", afirma.

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