Como a regulamentação do streaming afeta YouTube e TikTok
Plataformas acreditam que a regulamentação irá prejudicar o audiovisual brasileiro, principalmente os criadores de conteúdo
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Thaís Monteiro
23 de novembro de 2023 - 15h48
Na quarta-feira, 28, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal aprovou a PL 2331/2022, um dos projetos de lei que visa a regulamentação do streaming no Brasil. No entanto, a comissão considerou plataformas como TikTok e YouTube como empresas de video on demand. Assim, elas são passíveis das mesmas regras.
O projeto ainda terá de passar por outra votação no Senado Federal antes de seguir para a Câmara dos Deputados. Por enquanto, a proposta votada definiu a criação de uma cota mínima para a exibição de conteúdos nacionais nas plataformas. Ademais, estabeleceu o pagamento da Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional). A plataforma deve pagar, no máximo, até 3% sobre a receita bruta anual.
Tanto YouTube, da Alphabet, quanto TikTok, através da Câmara Brasileira da Economia Digital – camara-e.net,associação da qual a rede social faz parte, afirmam que a regulamentação pode prejudicar o audiovisual brasileiro. As empresas reforçam que há diferenças substanciais entre as plataformas que a comissão considera como VOD.
“[A proposta] na forma em que está, pode reduzir o acesso dos brasileiros à cultura, inibir a inovação no setor audiovisual e ameaçar a ordem econômica e a livre iniciativa”, declara a Câmara Brasileira da Economia Digital. “As plataformas de VOD possuem diferenças profundas, que vão desde a natureza do formato de disponibilização do conteúdo oferecido ao modelo de negócios adotado. E não observar esta distinção na regulamentação pode prejudicar o ecossistema criativo brasileiro”, adianta a diretora do YouTube para a América Latina, Patricia Muratori.
Ambas as plataformas são alimentadas por criadores de conteúdo, que disponibilizam suas produções de forma gratuita para outros usuários. Apesar disso, eles podem ser remunerados a depender dos mecanismos das plataformas e do alinhamento desses criadores às políticas da mesma.
Conforme a Câmara Brasileira da Economia Digital, as propostas implicariam na tributação dos conteúdos dos usuários. Além disso, a PL pode impactar também publicidade digital feita por pequenos anunciantes e a remuneração de criadores.
“A equiparação de User Generated Content (UGC), conteúdo produzido ou compartilhado pelos usuários, com os catálogos são problemas existentes também no PL nº 2331/2022. A equiparação indevida desses diferentes tipos acaba por impor obrigações tributárias a serviços de compartilhamento de vídeos postados por usuários”, esclarece a associação.
Na perspectiva de Patricia, isso se torna inadequado à medida que esses usuários não possuem modelos de fomento ao seu conteúdo, como a indústria audiovisual brasileira.
“Esses dois grupos são partes essenciais da comunidade criativa brasileira. Por isso, é tão importante que as novas políticas públicas destinadas a apoiar a cultura brasileira reflitam as diferenças que existem entre ambos. Do contrário, enquanto os veículos mais tradicionais de mídia irão prosperar, os criadores digitais e suas histórias sofrerão, bem como seus negócios e empregos por eles gerados”, afirma.
Ainda assim, o YouTube diz apoiar a regulamentação e o objetivo dos parlamentares de proteger e fomentar a produção do conteúdo brasileiro. Por ora, a estratégia da plataforma é continuar a acompanhar as discussões e contribuir para o debate representando criadores de conteúdo.
O principal argumento de ambas as organizações é que há diferenças profundas entre os modelos entendidos como de vídeo sob demanda pela comissão do Senado. Além disso, apontam que os projetos de lei não abraçam a pulveridade e diversidade dos VODs. Assim, o mais adequado seria diferentes regulamentações para essas diversas subcategorias.
Ambas a câmara e o YouTube ressaltam que as plataformas que representam não exercem controle sobre a disponibilização dos conteúdo ao usuário, pois o conteúdo é criado e publicado por terceiros.
Patricia Muratori reforça que o YouTube conta com um Programa de Parcerias e permite a monetização de conteúdos publicados diante de requisitos de qualificação. Nesses casos, a maior parte da receita gerada com os anúncios exibidos nos vídeos é destinada aos creators.
“Mesmo que os criadores digitais produzam conteúdos tão artisticamente relevantes e culturalmente importantes, tal qual os estúdios tradicionais de cinema e televisão, existem diferenças significativas entre os criadores digitais e as empresas de meios de comunicação tradicionais que produzem conteúdos para televisão por assinatura e serviços de streaming de conteúdo com curadoria”, argumenta.
A câmara defende que as plataformas de conteúdo audiovisual de terceiros são ambientes abertos e democráticos. Dessa forma, elas ão exigem assinatura ou pagamento para oferecer acesso ao conteúdo, não produzem ou licenciam conteúdo e não operam dentro de um modelo de captação de recursos ou de investimentos significativos para a realização de produções cinematográficas.
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