Washington Post: 3 razões para a compra
Interesse pelo mercado jornalístico, maior influência política ou a simples ambição de aumentar o patrimônio podem ter motivado Jeff Bezos a investir no título
Interesse pelo mercado jornalístico, maior influência política ou a simples ambição de aumentar o patrimônio podem ter motivado Jeff Bezos a investir no título
Meio & Mensagem
6 de agosto de 2013 - 12h12
Por Michael Sebastian, do Advertising Age
Após o choque inicial da notícia da compra do jornal Washington Post por Jeff Bezos, a questão que começou a ser levantada diz respeito às razões que levaram o bilionário a realizar essa compra. Por que o executivo que conseguiu inovar o setor do varejo digital investiria tanto (US$ 250 milhões) serão pagos à vista por uma mídia considerada por muitos como algo decadente?
Apesar de Bezos e de seus representantes não terem respondido exatamente a isso, há algumas possíveis razões que podem justificar essa importância negociação da indústria dos jornais e da mídia:
1- Ele irá salvar o jornalismo – ou, no mínimo, o Washington Post
Em um comunicado enviado aos funcionários do Washington Post para comunicar a venda, a companhia disse que a transação não resultaria em demissões, embora Bezos não tenha especificado como pretende fazer as mudanças que prometeu ao título. Ele também se comprometeu em ficar de fora das operações diárias, deixando esse trabalho para os atuais líderes da publicação. No comunicado enviado aos funcionários do jornal, Bezos exaltou as virtudes da empresa jornalista e fez elogios ao chairman e CEO do Post, Don Graham. “Eu tive a grande oportunidade de conhecer Don muito bem nos últimos dez anos. Não conheço um homem mais fino”, elogiou.
“O que o dono da Amazon pode fazer pelo jornal é fornecer-lhe uma injeção financeira no momento em que a mídia impressa mais precisa, enquanto faz a transição dos investimentos para as mídias digitais”, previu Ken Doctor, um analista da Outsell.
Talvez Bezos consiga reinventar a experiência de leitura do século XXI. “A Amazon é a melhor companhia do mundo em termos de experiência de usuário. Se ele considerar que a experiência de leitora da próxima geração também terá de evoluir, será muito bom. É disso que o jornal precisa”, conclui o analista.
2- Ele usará o negócio como um palanque
Apesar de Bezos não ser particularmente filantrópico ou parecer ter pretensões políticas, uma das razões levantadas pelos especialistas é o fato de o jornal ser capaz de lhe conceder maior influência à Amazon e a ele próprio junto ao governo do País.
“Talvez ele queira um palanque. Outros bilionários também fizeram essa escolha”, disse Susan Bidel, analista do Forrester.
Apesar de sua falta de fervor político, o dono da Amazon poderia ver no Post um caminho para estreitar os laços com a política e, inclusive, influenciar nas discussões sobre legislação e tributação das empresas de internet, de acordo com especialistas – algo que impacta diretamente nos negócios da Amazon.
3- Ele ganhará mais dinheiro
Além das especulações já citadas, os especialistas também apontam que a razão pode ser a ambição do bilionário em ampliar ainda mais seu patrimônio financeiro. Na própria Amazon, por exemplo, seus esforços vêm se concentrando mais na busca de lucros e ganhos a longo prazo do que a curto prazo.
No Washington Post, ele poderia criar um meio mais eficiente e menos custoso de entrega de notícias, que não implicasse diretamente na redução de funcionários da companhia. “De todos os players que poderiam entrar nesse negócio, vejo essa saída como, talvez, a mais interessante. Quando uma indústria está em fase de mudanças extremas e se vê ameaçada, a maior inovação pode vir de pessoas de fora do núcleo e da área”, argumenta Ken Doctor, da Outsell. “Certamente não há ninguém no universo digital melhor do que a Amazon, então, de todos os possíveis compradores, Besoz tem as melhores chances de tornar o Washington Post uma propriedade digital viável”, complementou Susan Bidel.
Um jeito de fazer dinheiro com o jornal – além da comercialização de anúncios publicitários e das vendas das edições – poderia ser aproveitar o grande acervo de conteúdo produzido pelo título. As marcas – até mesmo a Amazon – precisam de conteúdo. Por que contratar jornalistas e criativos para produzi-lo quando é possível simplesmente comprar um jornal?
Compartilhe
Veja também
Globo amplia atuação no marketing de influência com Serginho Groisman
Após Tadeu Schmidt, Eliana e Maria Beltrão, Serginho Groisman é mais um apresentador da casa a ter seus contratos comerciais geridos pela Viu
Com Mercado Pago, Record chega a 7 cotas no Brasileirão
Banco digital integra o time de patrocinadores das transmissões na emissora, que já conta com Magalu, Grupo Heineken, Sportingbet, EstrelaBet, General Motors e Burger King