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Opinião

MWC 2023: a jornada das telecomunicações

Uma semana para entender as telecomunições ao redor do globo


17 de fevereiro de 2023 - 15h46

Conectividade 5G

Crédito: Shutterstock

A semana do dia 27 de fevereiro prepara uma jornada de oportunidades e discussões em Barcelona, lar da 37ª edição do Mobile World Congress, encontro que já se tornou peça-chave para o entendimento de tendências do mercado de telecomunicações nesse mapa extenso de fios, redes e dados. Nessa linha, a expectativa de receber mais de 80 mil visitantes na feira deste ano não é mero otimismo dos organizadores. Afinal, os temas principais do evento dialogam com uma tecnologia que está revolucionando os serviços de rede do consumidor brasileiro e latino-americano: a 5ª geração de redes móveis, também conhecida como 5G.

Juntamente com o universo da 5ª geração telemóvel, o Open Ran, movimento que tenta democratizar o acesso de estruturas e arquiteturas de telecomunicações, esteve presente na estratégia das principais agências, empresas e governos em 2022. E a renovação do interesse por essas redes é simples de se compreender. Combinadas e instrumentalizadas, as tecnologias proporcionam um aumento de velocidade de até 100 vezes mais do que o oferecido pelo 4G e, por estarem dispostas em uma faixa de banda mais ampla, apresentam uma conexão muito mais estável para navegar e desenvolver aplicações, pondo fim os habituais congelamentos ou “lags” no serviço.

Em resumo, essas duas estruturas potencializam e destravam uma enorme quantidade de ferramentas, dispositivos e, sobretudo, soluções a vários tipos de mercados. Nesse sentido, é natural que temas como multi e hybridcloud (hyperscale), automação em grande escala (também chamada de hyperautomation por conta da camada de AI/Machine Learning) e a adoção de novos protocolos (e boas práticas) de segurança estejam presentes na maioria das discussões durante a 37ª edição do MWC. Mais do que símbolos de uma nova era tecnológica para a indústria e corporações, essas inovações apresentam um oceano infinito de possibilidades para a conveniência e praticidade de consumidores.

Em mares tão vastos e saberes tão profundos sobre o futuro da tecnologia, por ora, como latinoamericanos nos cabe perguntar: quando essas novidades chegarão por aqui e como serão trabalhadas localmente?

O maravilhoso mundo visto das nuvens

Velha amiga de pequenas, médias e grandes empresas na última década, o ecossistema de nuvens é um dos protagonistas e aliados dessa nova transformação digital pela qual passamos. Para muitos especialistas, a estratégia de hyperscale, que combina flexibilidade, robustez e escalabilidade em ambientes de cloud é tida como a melhor opção do mercado para equipes de TI organizarem processos e workflows (fluxos de trabalho) e terem mais tempo para produção de soluções mais rentáveis para organizações. A lógica aqui é potencializar o time to market e o time to value no ambiente de negócios.

A avaliação desses profissionais não é mero pessimismo. De acordo com um levantamento da consultoria Flexera, feita com mais mil lideranças no segmento de TI, companhias gastam, em média, cerca de 64% de seus orçamentos na área para apenas acompanhar as mudanças no setor de tecnologia, sem trazer mudanças ou propor inovações para equipes e, consequentemente, ficar para trás na corrida digital. Não bastassem os gastos ineficientes, muitas organizações apostam mais em diversificar seus investimentos do que concentrar recursos em soluções unificadas. O resultado dessa falta de planejamento é a contração de 6 a 8 fornecedores de nuvem.

Assim, tomadores de decisões globais e não mais apenas CTOs têm olhado para o mercado e encontrado alternativa para viabilizar a promoção de novos serviços de nuvem, em sua maior parte disponibilizada por tecnologias open source. Graças ao baixo custo e ao amplo acesso de soluções integradas, o código aberto proporciona um padrão ágil, flexível e escalável no qual ferramentas podem ser hospedadas e trabalhadas de forma completa por equipes e fornecedores. Entre seus muitos benefícios, o modelo aberto é um dos principais motores do fomento do 5G e a principal referência utilizada por provedores de Telco, sendo preferência em 97% das empresa de telecomunicações.

Automatizar para conquistar

Outro benefício imediato do 5G é a chegada de ferramentas de automação de processos. Sejam por meio de aplicativos, plataformas ou até mesmo a integração inteligente de tecnologia, essas soluções consistem em entregar operações autônomas de forma consistente e escalável, reduzindo o tempo de desenvolvimento de produtos e serviço a cada ciclo. Além de trabalhar de forma automática, valorizando outras produções dentro de ambiente de TI, o grande diferencial do sistema automatizado é a padronização de qualidade e a redução de erros humanos, muitas vezes a pedra no sapato de metodologias disruptivas.

A solução se tornou tão importante para companhias e funcionários no ramo da tecnologia, que um estudo da consultoria Deloitte, feito com mais de 500 empresas líderes no setor, aponta que mais de 50% dos players ouvidos pretendem investir em ferramentas para automatizar e padronizar processos corporativos em toda a empresa. De acordo com os pesquisadores, a ferramenta se tornou uma peça-chave no desenvolvimento de aplicativos e atividades destinadas ao consumidor final. Além de oferecer uma abordagem holística sobre os riscos e oportunidades dentro da estrutura de tecnologia, o recurso permite que cargas de trabalho cada vez maiores sejam gerenciadas.

E, sem surpresas, os protocolos e as plataformas de automação apresentam mais rentabilidade e acurácia quando combinados com padrões open source. De acordo com um estudo elaborado pela International Data Corporation (IDC) entre 2023 e 2026, companhias pretendem desembolsar US$ 31,4 bilhões para automatizar negócios. Para isso, o uso de contêineres e soluções de pods serão cada vez mais necessários para impulsionar essa tecnologia no setor, tanto para proporcionar a escala desejada para empresas e fornecedores, quanto para atender às novas demandas de consumidores ávidos por novidades.

Protocolos adequados ao tamanho e à cultura empresarial

Por fim, mas não menos importante, um dos temas mais quentes no MWC deste ano será a segurança digital de corporações e a adoção de protocolos de proteção. Para se ter uma ideia da importância do tema, grandes consultoras de tecnologia como Gartner, G2, Aberdeen, IDC, e Forrester colocaram a cibersegurança como um dos três pilares para equipes e empresas em 2023. O aviso é claro: quanto mais amplo for o volume de informações e qualidade de dados em nosso dia a dia, maior será a exposição a ataques e ações hackers. E no caso de terras brasileiras não a mensagem não é diferente: em 2022, segundo a consultoria Security Report, houve um aumento de 37% no número de investidas contra empresas.

Mais do que uma simples contratação de um fornecedor de serviços de segurança, ou uma plataforma agregadora de soluções ágeis e centralizadoras, o tema da segurança toca em uma temática sensível para a maioria das corporações, sua cultura empresarial. Afinal, adequar fluxos do expediente e implementar uma mentalidade de trabalho condizente aos protocolos e às convenções de proteção digital pode levar meses, senão semestres para ser concretizado. No entanto, de acordo com um a última edição do Global Cybersegurity Outlook, desenvolvido pelo Fórum Econômico Mundial, lideranças globais e chefes de multinacionais estão dispostos a investir alto para que agências e companhias se adequem às normas com ordem e assertividade.

Uma vez mais a mentalidade open source apresenta-se como uma alternativa rentável, escalável e, sobretudo, estável para companhias e governos adotarem suas soluções de segurança. Não é à toa que o um relatório sobre o estágio da cibersegurança com dados abertos, feito pela plataforma de tecnologia GMSA, indica de que a modalidade proporciona o melhor custo-benefício do mercado, seja em relação às taxas de adesão, seja em vista da grande comunidade de desenvolvedores e programadores que disponibilizam as melhores versões dos aplicativos e plataformas para uso exclusivo de assinantes.

Em tempo, ainda é cedo para vaticinar alguma resolução ou perscrutar qualquer conclusão sobre os rumos dos próximos dias. A dinâmica das próximas rodas de debates e rodadas de negociação entre especialistas, estudiosos, players e o público experiente deverá costurar as novas bordas desse pujante mapa tecnológico em expansão. Para não ficar de fora das próximas jogadas, empresas brasileiras e sul-americanas também devem estar cada dia mais atentas ao rolar de dados e à fixação de novos territórios nesse tabuleiro.

Por conexões velozes e transformações cada vezes mais compactas, o mundo nunca esteve tão conectado, ativo e alerta aos próximos movimentos na carta. Por isso mesmo, saber o momento de agir e a ocasião certa de ouvir, observar e aprender podem ser cruciais para compreender a dinâmica do jogo e atingir metas. Em um painel frenético em que opiniões, fatos e análises instantâneas podem fundar dinastias, fomentar transformações ou afundar impérios; assim, durante o MWC deste ano vale manter vista cuidadosa e visão atenta afinal, o sucesso e o fracasso separam-se por um piscar de olhos.

 

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