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Por que a nova queda de braço do YouTube contra o TikTok ao remunerar Shorts dos usuários pode ser uma estratégia ruim?


3 de novembro de 2022 - 14h47

O novo investimento das plataformas em vídeos rápidos pode influenciar diretamente na disposição das pessoas que querem consumir um conteúdo mais robusto, seja ele técnico ou científico (Crédito: BigTunaOnline/shutterstock)

Em 2020, o YouTube começou a sua saga para bater de frente com a maior rede social entre os jovens atualmente, o TikTok, que sabiamente entendeu o anseio desta geração em consumir conteúdos rápidos que viralizam fácil. Vendo que a maioria dos adolescentes preferiam o TikTok ao YouTube para produzir esses vídeos, a nova estratégia da plataforma de vídeos longos agora é remunerar seus criadores de conteúdo, mas isso pode mostrar-se ineficaz, visto que a identificação com determinada rede social faz com que este público ainda queiram permanecer nela, fora a perda de interesse por informações mais completas.

Recentemente, o YouTube anunciou que vai passar a ter publicidade nos vídeos Shorts e que os criadores vão ficar com 45% dessas receitas, um pouco menos do que a empresa partilha com os criadores de vídeos “normais”, que chegam aos 55% da receita. Em 2021, a plataforma chegou a investir cerca de 100 milhões de dólares para remunerar os criadores de conteúdos que utilizam o Shorts para criar vídeos. Um ano antes, o concorrente TikTok alocou 200 milhões de dólares ao mesmo fim, com a promessa de nos anos seguintes fazer crescer esse valor até aos mil milhões de dólares.

O novo investimento das plataformas em vídeos rápidos pode influenciar diretamente na disposição das pessoas que querem consumir um conteúdo mais robusto, seja ele técnico ou científico. O Youtuber e Biólogo Atila Iamarino, por exemplo, bombou com suas lives longas e vídeos extensos sobre a importância da prevenção e vacina contra o SAR-COV-2 em 2020, no auge da pandemia.

Outro exemplo é o meu próprio canal, o Nostalgia, que está constantemente trazendo informações relevantes e vídeos, que mesmo passando de 1h, conseguem atingir um grande público e engajar discussões mais profundas nos comentários. Um bom exemplo é o vídeo que gravei sobre a Segunda Guerra Mundial, que já ultrapassou a marca de 20 milhões de visualizações e mais de 42 mil comentários em pouco mais de dois anos.

Mas para não sair mais fraco nesta queda de braço, o TikTok também anunciou um programa de partilha de receitas publicitárias com os criadores de conteúdos, que só vai chegar a alguns destes criadores. Chama-se Pulse e, desde logo, só são elegíveis criadores de conteúdos com 100 mil ou mais seguidores.

O YouTube, ainda quer dar uma verdadeira arrancada em 2023 e, segundo a empresa, podem candidatar-se criadores com um mínimo de 1.000 subscritores e 10 milhões de visualizações nos últimos 90 dias.

A pergunta que fica é: e os influenciadores que não querem entrar nesta nova onda, vão simplesmente ter que sair da plataforma porque a empresa está querendo moldar a forma e o conteúdo dos seus usuários e ditar as novas maneiras de consumi-los? É um grande erro olhar por esta ótica, já que o grande barato do Youtube sempre foi a liberdade de produzir os próprios vídeos da maneira que cada um acha melhor e interessante para a sua audiência.

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