Integrar para transformar
Há quase uma década muito se fala sobre a transformação, mas esta ainda não se concretizou.
Há quase uma década muito se fala sobre a transformação, mas esta ainda não se concretizou.
A evolução constante da publicidade é inegável, mas ainda não alcançou todo o seu potencial transformador. A palavra-chave nesse cenário de mudanças é integração. Explico melhor: as agências demoram a superar o desafio de deixar para trás modelos de negócios obsoletos dos anos 2000, em um contexto no qual o setor se encontra cada vez menos dependente delas.
Se “na vida, ao contrário do xadrez, o jogo continua após o xeque-mate” é preciso mover as peças e entender que a próxima jogada sempre será decisiva. Hoje, o papel das agências é ir bem além da entrega de campanhas 360 e de tudo o que estamos pensando e executando dentro de casa. Não podemos, porém, fazer isso de forma isolada nem achar que resolveremos todos os problemas. Então, é imprescindível olhar para o que os outros estão fazendo e integrar para oferecer soluções completas e abrangentes de comunicação e marketing aos nossos clientes. Isso implica estabelecer conexões estratégicas com uma variedade de stakeholders, como a IA e empresas de tecnologia e mídia, incluindo plataformas que estão sempre se transformando, como o TikTok e o WhatsApp.
Devemos compreender que a integração não se limita apenas à adoção de novas tecnologias, mas abrange todos os aspectos do processo criativo e estratégico. É necessário envolver os players relevantes desde o início, passando pelo briefing até a execução final. É fundamental reconhecer que soluções tecnológicas inovadoras podem ser tão criativas quanto uma big idea.
Nesse sentido, o caminho é convergir esforços em prol de um objetivo comum, em vez de competir entre si. Tenho certeza de que, se você trabalha em uma agência de publicidade, assim como eu, deve viver a angústia do famoso “FOMO”. Até porque todo dia tem uma solução nova de IA, todo dia os players apresentam produtos e soluções, e as empresas de tecnologia desenvolvem uma API nova. Mas não dá para acompanhar tudo e, ao mesmo tempo, tocar o job do dia a dia e resolver o BO daquele post do cliente que ainda não subiu. Apesar disso, não podemos sucumbir à pressão nem ignorar as oportunidades que surgem para transformar as relações duradouras com os clientes.
Oportunidades que surgem em uma velocidade absurda, tanto que discutimos agora o que era apenas ficção científica até ontem ou um ano atrás: o avanço ininterrupto da IA, as conversas sobre o Neuralink de Elon Musk e o primeiro implante cerebral humano, além dos dados divulgados pela Microsoft no fim de janeiro deste ano, com seu relatório anual, o New Future of Work, demonstrando como o Copilot trouxe ganhos significativos de produtividade e qualidade no trabalho. Em outras palavras, a integração suave da IA com os fluxos é fundamental para maximizar seu potencial transformador. Vale destacar ainda o novo menu automatizado do WhatsApp Business, o qual proporciona aos usuários acesso imediato a informações essenciais, detalhes sobre produtos e uma variedade de outras opções adaptadas, conforme as necessidades específicas de cada empresa – mas esses exemplos podem estar ultrapassados enquanto você lê este artigo.
Nesse cenário dinâmico, há quase uma década muito se fala sobre a transformação, mas esta ainda não se concretizou. E ela só será alcançada quando as agências deixarem de ser meras prestadoras de serviços. Isso envolve pensar de forma mais ampla, abrir a cabeça e entender que a conexão com outras empresas é o que proporciona os ganhos para termos acesso a todas as soluções que nossos clientes precisam. Trata-se de deixar de ser uma agência de publicidade e virar uma agência de soluções de comunicação.
Admitir que precisamos integrar para, de fato, conseguir transformar me lembra um pensamento extraído do livro Criatividade S.A., de Ed Catmull: “Não confunda o processo com a meta. Trabalhar em nossos processos para torná-los melhores, mais fáceis e mais eficientes é uma atividade indispensável e algo em que devemos trabalhar continuamente – mas não é a meta. Tornar excelente o produto é a meta”.
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