Os negócios vão salvar o meio ambiente
No Web Summit, fabricantes garantem que em no máximo cinco anos os “carros voadores” estarão levando pessoas por aí em veículos elétricos, acessíveis e completamente seguros
No Web Summit, fabricantes garantem que em no máximo cinco anos os “carros voadores” estarão levando pessoas por aí em veículos elétricos, acessíveis e completamente seguros
10 de novembro de 2017 - 14h27
Al Gore estava emocionado falando para 30 mil pessoas. Com entusiasmo, exortou a todos aqui no Web Summit, em Lisboa, a fazerem parte da mudança do mundo. “Essa é a hora!”. Ele acredita que daqui alguns anos, quando olharmos para o passado e procurarmos o momento da virada da preservação do meio ambiente, vamos lembrar de 2017.
E essa mudança virá dos negócios.
Dá para entender. A mobilidade e o dia a dia da inovação dependem de energia. Porém, como ele mesmo lembrou, Portugal teve, este ano, quatro dias em que 100% da energia consumida no país veio de fontes renováveis: sol e vento.
Tem mais: todas as formas de mobilidade urbana discutidas aqui no Web Summit foram elétricas. Das mais simples às mais radicais. Ir para o trabalho de ônibus elétrico, Proterra ou BYD; usar uma scooter elétrica Gogoro com mais de 100 km de autonomia e que demora apenas seis segundos para recarregar. Ou um carro voador da Airbus, da Embraer, ou das dezenas de empresas que estão tentando emplacar esse novo meio de transporte. Tudo é elétrico.
E por diversos motivos. Mas o principal deles é que os veículos elétricos serão mais baratos de usar e manter. O combustível abundante do sol e do vento, sem precisar cavar buracos de dois quilômetros de profundidade, e a tecnologia que não para de evoluir em sua eficiência são alguns deles.
Não é pré-sal. É pró-Sol!
Num breve resumo do que foi o Web Summit: foi com simplicidade e desenvoltura que vi os três produtores de “carros voadores”, ou chame como quiser os veículos que irão nos transportar pelas cidades a partir do ar. Sr. Francois Chopard (Starbust Aeropace Accelerator), Alexander Zosei (Volocopter) e Mathias Thomsen (Airbus), na conversa com Jennifer Kite Powell (Forbes) no painel “Where we´re going we won´t need roads: Flying cars are coming”, dizendo com todas as letras que em no máximo cinco anos estarão voando e levando pessoas por aí em veículos elétricos, acessíveis e completamente seguros.
Mas e os Helicopteros, já não fazem isso? Motores a explosão são caros e barulhentos, o petróleo é caro, precisam de gente para pilotar. Ou seja, tudo para dar errado – sim, gente pilotando atrapalha na segurança. E não é achismo: são bilhões de dólares investidos por trás de cada afirmação.
Dois dias depois, vejo o Jeff Holden, do Uber, afirmar para 30 mil pessoas e dois mil jornalistas no MEO Arena que os aviões/helicópteros/transportes voadores do Uber estarão em funcionamento até o fim de 2019. E junto a essa afirmação está a Embraer como parceira na produção desses veículos. Eles serão todos elétricos, autônomos, com inteligência artificial e completamente seguros. Absurdamente seguros. E acessíveis em sua utilização.
Outra inovação que vai afetar o mercado de seguros é a automação dos automóveis por inteligência artificial. Inteligência Artificial se alimenta de dados. Sem eles, ela não saberia o que fazer ou não tomaria nenhuma decisão. O ponto é que os dados hoje são captados em todos os lugares – smartfones, câmeras, sensores dos próprios carros. Os novos carros elétricos virão com dezenas de sensores, que criarão dados e os cruzarão para o bem da segurança no trânsito. Dos cinco níveis de automação que existem, estamos hoje no 3º. Vem muito mais por ai.
O evento mostrou que as cidades ou os estados estão fazendo sua parte. Não esperam os países – e estão certas. Cada vez mais, as cidades vão ser o país que queremos viver. A mudança não vem de um decreto, mas da iniciativa local. Paris foi escolhida a cidade mais empreendedora/inovadora do mundo, disputando com centenas de concorrentes de peso, como Montreal, San Francisco etc. Levou um milhão de euros de prêmio. Em segundo ficaram Telaviv (Israel) e Taline (Estônia).
As palestras rápidas, de 20 minutos no máximo, tempo suficiente para apresentar uma ideia. Às vezes, precisa-se de menos ainda. O Pitch, onde as empresas apresentaram ideias patrocinadas pela Mercedes, cada uma tinha quatro minutos para dizer qual o problema conseguiria resolver, como e porque merecia receber um aporte de recursos da montadora. Em 10 minutos me apresentaram a Gogoro, empresa de mobilidade urbana elétrica de Taiwan que seria uma ótima opção para o centro antigo de São Paulo.
Portugal já foi a Nasa do mundo em 1500. Com novas ideias, ciência, inteligência, recursos e audácia, o Infante D. Henriques e sua escola de navegadores inovaram e descobriram um novo mundo. E receber o Web Summit é bem representativo. Esse país foi escolhido para receber o centro de desenvolvimento europeu do Uber, bem como parte da Nestlé Europeia e do BNP Paribas. As sementes que estão sendo plantadas aqui ainda vão dar muitos frutos lá na frente.
É disso que se trata o Web Summit: não há epifanias, nem tendências. É o que está acontecendo no mundo hoje. O Web Summit é um grande brainstorming. E comunicar, para que tudo isso aconteça, é fundamental.
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