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A importância do blockchain para mudar relação do usuário na web 3.0

Se antes a falta de segurança sempre causava um certo receio, a aplicação do blockchain utilizado nas transações das criptomoedas chega como uma maneira de mudar completamente esse temor na terceira geração da internet – a web 3.0 – já no nosso dia a dia.


13 de agosto de 2019 - 7h05

Por Luciano Britto (*)

Há um certo tempo, os amantes da conectividade e das novas tecnologias têm acompanhado com certa ansiedade os debates sobre as possíveis mudanças trazidas pela terceira geração da internet na nossa vida. Afinal, ela já está bem na nossa frente, pois foi trazida ao longo dos anos pela natural evolução tecnológica. Apesar de o tema trazer muita curiosidade, o mais importante de toda essa discussão é saber o que de fato a web 3.0 vai trazer de avanços ou benefícios para o internauta. Mais relevante ainda será entender sobre a participação fundamental do protocolo blockchain nesses processos.

Para quem ainda não conhece o conceito, o sistema blockchain surgiu para dar confiabilidade às operações que envolvem as criptomoedas. Criada em 2009 por um usuário da internet com o codinome de Satoshi Nakamoto – a identidade não é confirmada até hoje -, o protocolo permite o registro das operações com as moedas virtuais, no entanto, sem a possibilidade de serem modificadas ou fraudadas digitalmente. Além disso, permite a disponibilização das mesmas de forma descentralizada.

Por todas essas qualidades relacionadas à segurança da informação, o blockchain se transformou em uma verdadeira aposta para viabilizar a web 3.0 de vez no nosso cotidiano. Na verdade, o sistema será o agente capaz de promover uma verdadeira revolução na relação usuário/internet. Para compreender como essa tecnologia entra em todo o contexto, é preciso voltar no tempo para entender melhor como a internet avançou desde a sua popularização para fins comerciais até o que vem adiante nesse universo virtual que praticamente quadruplicou o número de usuários em 15 anos. Nesse período, esse total saltou de 738 milhões para 3,2 bilhões de internautas.

A internet ganhou notoriedade entre o público na década de 1990 com a sua primeira geração, ou a web 1.0 como também é conhecida. Nessa época, os sites eram estáticos e não tinham nenhum conteúdo interativo. Com uma conexão discada, a chamada “World Wide Web” (aí a origem do início dos endereços dos sites www) só contava com páginas de empresas e os usuários não participavam. Apenas recebiam informações.

Para os entendidos em tecnologia, as homepages eram criadas com HTML, CSS e JavaScript. Não havia muitos aplicativos da web na internet. Só para se ter uma ideia, a pessoa levava, nada mais nada menos, um dia para conseguir baixar uma música pela rede. Algo inimaginável para os dias atuais, não é mesmo?

A mudança significativa para a geração seguinte surgiu com o conceito de interatividade trazida pela web 2.0, já nos anos 2000. Com muito mais dinamismo, as pessoas passaram a enxergar outras finalidades na internet, que passou a se tornar uma forma de entretenimento com a participação ativa nos conteúdos. Tudo isso graças à velocidade mais rápida propiciada por wi fi e pacotes de dados. Além disso, o compartilhamento global de informações gerou o surgimento de mídias sociais, como o extinto Orkut, o Facebook, o Youtube, entre outras redes. Além dos computadores, novos dispositivos como o smartphone e os tablets impulsionaram os acessos.

Enquanto a interatividade foi o ponto altamente positivo dessa fase, a parte negativa fica por conta da possibilidade de se rastrear tudo que uma determinada pessoa realiza pela internet. Ou seja, o internauta está totalmente vulnerável, inclusive convive com a constante ameaça de violação de informações. Fora isso, existe a centralização de dados por parte das empresas. Dessa forma, o armazenamento está direcionado nas grandes corporações. Exemplos claros desse conceito, estão o próprio Facebook e Google, além de outras gigantes do setor.

Se antes a falta de segurança sempre causava um certo receio, a aplicação do blockchain utilizado nas transações das criptomoedas chega como uma maneira de mudar completamente esse temor na terceira geração da internet – a web 3.0 – já no nosso dia a dia. A expectativa é de que esse protocolo devolva a posse dos dados a quem os gera – nós usuários. Pois garantirá uma internet de identidades auto-soberanas (SSI em inglês). Isso permitirá autenticar as pessoas por suas próprias chaves de armazenamento de dados pessoais. Com isso, as informações trafegadas serão criptografadas e a decisão de compartilhamento com outras plataformas ou terceiros passa a ser do usuário.

E, para acrescentar, a aplicação do blockchain na web 3.0 promoverá a descentralização do armazenamento dos dados, hoje ainda centrados em servidores das grandes empresas. As informações rodarão, dessa forma, em um ambiente completamente distribuído. Assim, as grandes corporações não deverão controlar os dados dos usuários. Por outro lado, vai propiciar uma dificuldade maior para os hackers ou exploradores invadirem a rede.

Por essas e outras, é possível perceber que a adoção do blockchain não será só importante do ponto de vista da segurança, como também irá trazer de volta alguns aspectos mais humanos antes esquecidos na rede. Afinal, o usuário poderá se preservar para si mesmo ou compartilhar apenas para quem quiser, apenas. Com isso, a nova geração trará avanços tecnológicos e, ao mesmo tempo, um resgate da opção de manter sua intimidade resguardada.

(*) Luciano Britto é CEO e fundador da Rhizom Foundation, primeiro protocolo blockchain 100% escrito do zero na América Latina.

(*) Postado originalmente na IT Inside.

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