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O futuro é ao vivo (*)

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Blog do Pyr

O futuro é ao vivo (*)

A vida digital só é always on quando apertamos algum botão para ativá-la. Só o real está e estará sempre lá, quando abrirmos nossos olhos pela manhã. O futuro, logo aí, terá a vida real e não a digital como protagonista definitiva.


8 de abril de 2019 - 6h31

 

O mundo ao vivo ficou profundamente sem graça depois da Revolução Digital.

Todos (e não venha me dizer aqui, em tom blazé, que você não, porque eu sei o que você andou fazendo online nos últimos anos e é bullshit… você também andou apertando botõezinhos e links digitais siiiiiim!) mergulhamos no fantástico mundo da irrealidade virtual e viajamos fundo nessa mandioca. Nos lambuzamos. Aliás, seguimos nos lambuzando até hoje.

Só que ninguém está olhando direito para um fenômeno no mínimo curioso que já está nos rondando. Um revamp. A vida ao vivo de volta, voltando à vida.

E sabe quem é o responsável por isso? Exatamente o mundo digital.

Como diria Ricardinho Freire, viaje nessa viagem comigo.

O bumerangue digital

Convencionou-se unanimizar a falsa premissa de que, após a internet, as pessoas se afastaram.

Porra nenhuma! Ninguém se afastou de ninguém.

O que, sim, aconteceu, para pasmice da miopia geral, é que se criou um mundo paralelo em que quimeras passaram a parecer possíveis. Um universo sem fim, em que eu posso, avatarmente, ser quem nunca fui ou serei. Em que posso ativamente participar de algo que, ao vivo, jamais participaria. Dizer coisas e assumir posições que também não teria coragem de assumir, se fosse na real e pra valer. Coisas digitais assim, induzindo o desavisado a crer que isso é igual a afastamento do real.

Não é. Uma coisa se sobrepôs a outra e como a coisa nova é fascinante, cegou nossos olhos e inebriou a todos nós como protagonista da vida contemporânea.

Mas ó … segue a real … as baladas e a pegação seguem vivas, ao vivo. As praias (todas as do Descobridor dos Sete Mares, do Tim Maia, e tantas outras mais) seguem cheias. Idem o almoço de Domingo com a macarronada da mama.

Avatamos a nós mesmos porque foi o que tínhamos para o momento. Aquele momento primeiro e único da descoberta de algo novo e tão maravilhoso, como é, de fato, a vida online.

Mas o mundo digital, ao qual nos atiramos feito como de um penhasco, foi percorrendo, sem claramente percebermos, uma curva sobre si mesmo e a nossa volta. Partiu, como origem, do real, mergulhou mais e mais nas profundezas do irreal virtual, só que aí foi achando um atalho de reconexão do on com o off e, agora, quase que imperceptivelmente, está voltando a nós, no mundo físico, porque as barreiras entre essas duas realidades, graças exatamente a própria tecnologia digital, estão desaparecendo e se conectando como nunca antes imaginamos possível.

Isso é o bumerangue digital

Vida digital ao vivo: pode isso, Arnaldo?

Convenhamos que a vida digital é legal pra cacete, mas a vida ao vivo é beeeeem mais legal, certo? Bom, eu, humildemente, acho.

Pensa bem. Que gosto teria uma caipirinha de algoritmos? Não, né?

Pois o digital, que de bobo não tem nada, foi descobrindo que o legal do digital é ser real, e ao criar novas plataformas de interação conosco, aqui neste mundão ao vivo de Deus, está fazendo com que o futuro, ainda que siga sem dúvida sendo digital, valorizará cada vez mais a vida ao vivo.

O futuro será ao vivo, coração!

Você deve estar pensando que estou falando das realidades fluidas digitais, ou seja, Realidade Aumentada e Realidade Virtual. Hummm, ok … sim, também.

Vamos começar por aí, se assim você prefere.

A Realidade Virtual é integralmente construída no ambiente digital. Não se conecta fisicamente com a realidade aqui fora.

Já a Realidade Aumentada parte de uma conexão originada no mundo físico e nos lança no mundo digital. É, portanto, híbrida.

A mais recente dessas tecnologias mostra bem o arco em curva, de volta a nós, percorrido por essas tecnologias: a Realidade Mixta (Mixed Reallity).

Essa mistura, literalmente, uma e outra. E nasce claramente da evolutiva e inevitável percepção de que isolar-se completamente do mundo real é uma viagem legal, mas que como a do cogumelo alucinógeno, carece de continuum. Não dá pra ficar viajando virtualmente (ou psicodelicamente) o tempo todo. A única coisa de fato always on é a vida real.

A vida digital só é always on quando apertamos algum botão para ativá-la. Só o real está e estará sempre lá, quando abrirmos nossos olhos pela manhã. Percebe?

Desliga o digital da tomada e fudeu. Ele desaparece.

Mas não é apenas dessas tecnologias que estou falando.

Estou falando da conexão do digital com o real no âmbito da interação cotidiana mesmo (as realidades tipo VR/AR/MX são ainda coisa circense, malabarismos circunscritos a eventos e prêmios, pouco mais que isso … pelo menos por enquanto … quando colocarem uma lente de contato de MR no meu olho, aí acho que a coisa muda).

Com a chegada da Internet das Coisas, mais próxima do que nunca, a capacidade de conexão da vida real com a virtual e digital se amplia de forma inédita. Mais que isso ainda, nós mesmos teremos dentro de nós chips que nos conectarão com a virtualidade, e que anabolizarão digitalmente nossa vida, a vida real e bem concreta que vivemos aqui fora, de forma umbilical.

Só que, perceba: o digital é enabler, não é o canvas. O canvas somos nós, vivendo a vida cotidiana de sempre. A vida ao vivo de sempre, que se chutar o pé da mesa dói. Dura como a vida sempre foi. Maravilhosa como a vida sempre foi. Ao vivo, como a vida sempre foi.

Convenhamos, o mundo real é a maior indústra de entretenimento que conhecemos, confere?

A vida real será protagonista novamente e sem concorrentes a vista. O digital, coadjuvante.

É assim que o futuro, cada vez mais digital, será também, e cada vez mais, ao vivo e a cores.

Minha caipirinha com muito gelo, por favor!

 

(*) Roubei descaradamente esse excelente título de um seminário promovido pela Everstream, plataforma de vídeos ao vivo.

 

 

 

 

 

 

 

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