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O Tempo? Ora, o Tempo!
Não alcançaremos mais o antigo e saudoso emparelhamento de antes. O tempo não está mais ao nosso lado e estamos agora condicionados a viver a nossa própria sorte. Pior: vai acelerar mais.
Não alcançaremos mais o antigo e saudoso emparelhamento de antes. O tempo não está mais ao nosso lado e estamos agora condicionados a viver a nossa própria sorte. Pior: vai acelerar mais.
Pyr Marcondes
25 de abril de 2019 - 6h57
Nossa ideia de passagem do tempo está condicionada ao ritmo em que nossa vida decorre e ao ambiente em que ela decorre.
Todos concordamos hoje que o tempo corre mais rápido do que corria antigamente, muito embora a hora continue tendo os mesmos sessenta minutos de sempre e a Terra siga gravitando no espaço na mesma velocidade de sempre.
Ou seja, o tempo não corre mais rápido coisa nenhuma, nós é que sentimos assim.
Esse é apenas mais um dos efeitos nada colaterais da aceleração no ritmo com que somos impactados pela velocidade da informação e pela ativação decorrente de uma vida always on.
Nunca vivemos antes uma vida que nunca desliga e hoje, mesmo em repouso, seguimos submetidos aos efeitos de um stress sobre-humano, que tem origem cada vez mais na velocidade das máquinas e não de seres de carne e osso.
O crescente aparato tecnológico em operação no Planeta, essencialmente automático e fundamentado em plataformas geridas por máquinas, estabeleceu um novo continuum. Um tempo cuja continuidade não é mais nossa, mas prioritariamente condicionado a velocidade dos algoritmos operados por uma inteligência que é de outra natureza, não-mais-humana. Inumana, eu diria.
O resultado disso tem sido opressor.
Nunca parecemos dar mais conta de tudo que precisamos dar conta, sempre parecendo estar em desvantagem em relação a essa nova velocidade das coisas, e o tempo, bem, o tempo escapou de nossas mãos e vive hoje uma rotina acelerada própria, que nos desconhece.
O tempo, é verdade, sempre nos desconheceu. Criamos parâmetros e standards humanos para parametrizá-lo, tudo meio fake, porque o tempo sempre seguiu sua rotina independente da nossa.
Mas antes, andávamos juntos. Hoje, descolamos. Ele lá na frente, nós ficando cada vez mais para trás.
Não alcançaremos mais o antigo e saudoso emparelhamento de antes. O tempo não está mais ao nosso lado e estamos agora condicionados a viver a nossa própria sorte.
Pior: vai acelerar mais. Esse descolamento só se ampliará.
Fazer como, diante dessa corrida já perdida?
Encontrar um tempo interno que considere a nova velocidade de tudo como o novo normal e que absolutamente se desangostie diante do gap.
Tipo … dane-se. Faremos o que faremos no ritmo que nos é dado fazer, não abrindo mão jamais da nossa sensibilidade evidentemente mais poderosa que a das máquinas, ludibriando a velocidade com a nossa infinita capacidade de imaginação.
O tempo? Ora, o tempo. Que mal ele nos fará se imaginarmos que ele nem existe?
Pau no cú do Tempo, me dá vontade de dizer. Mas eu jamais diria isso.
Enviado do meu iPhone
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