ProXXIma e João Gabriel Chebante
18 de junho de 2020 - 8h13
Por João Gabriel Chebante (*)
A indústria do investimento de risco no país, segundo dados da ABVCAP, possuem dois marcos: o primeiro na própria ocupação do território nacional, com o governo portugueses financiando navegadores (empreendedores?) pioneiros com o intuito de construir valor no novo mundo. Na segunda etapa, logo após a independência, surge a figura dos primeiros empresários locais e seus processos de expansão, com figura do Barão de Mauá como protagonista, seguido da família Matarazzo no início do século passado.
Hoje temos um contingente de pessoas, no que talhamos de Private Equity e Venture Capital, aonde não mais que 1,2mil pessoas somando dados de investidores e associações constroem valor, empregos e oportunidades através de operações que vão desde o aporte financeiro para expansão, concessão de crédito e até compra/venda de operações a outras organizações no país e exterior.
Mas ainda há um fator comum à forma que Mauá e Matarazzo executavam seus negócios e o trabalho diário de boa parte das pessoas que habitam os bairros nobres de São Paulo e Rio de Janeiro: trata-se ainda de uma indústria construída somente em relações humanas, que permeiam todo o processo de uma transação econômica.
E é aqui aonde necessariamente reside a evolução que o mercado precisa tomar. Principalmente agora que temos um ciclo de ajuda a realizar com a economia real para construir oportunidades de salvar empresas, suas histórias, colaboradores e valor à sociedade como um todo.
O mercado de M&A, Private Equity e Venture Capital no Brasil historicamente sempre trabalhou, ainda que com as premissas das melhores práticas globais, ainda na base do networking – alguém que conhece alguém, que através desta pessoa você consegue chegar a algum empreendedor ou empresário que esteja disposto a vender/comprar uma organização. A reputação é e sempre será um importante pilar para o desenvolvimento de negócios, afinal por trás de toda tecnologia existem pessoas e suas expectativas por trás.
Porém não faz nenhum sentido em pleno 2020 repleto de oportunidades de fusões, aquisições e boas histórias à espera de capital estratégico, você não lidar com elementos que, curiosamente, são demandas de toda startup: método ágil, largo uso de base de dados, estrutura enxuta e alto potencial de escala.
Até uma indústria taylor made como a de investimento de risco demanda novas práticas para pavimentar uma amplitude mais efetiva. Vai se destacar quem caminhar neste caminho, e deixar as pegadas dos primeiros grandes investidores locais para trás.
(*) João Gabriel Chebante é fundador da Sucellos, responsável por levar inteligência aos processos de investimento, fusão e aquisição de empresas.