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26 de junho de 2020 - 7h51
Por Eugenio Caner (*)
A pandemia do Covid-19 impactou o mercado de análise de dados sobre comportamento dos consumidores, abalando as estratégias de marketing das empresas para atraí-los aos seus produtos e serviços. Muitas dessas estratégias estão calcadas em probabilidade a respeito do comportamento dos clientes em relação a determinado estímulo. É um processo que tem paralelo com a Física Quântica, ciência baseada na probabilidade e no estudo de como as frações muito pequenas se relacionam com o todo, numa explicação bastante simplificada.
Pois bem, as empresas montaram estratégias de marketing baseadas em certas probabilidades e predições do movimento dos clientes, as pequenas frações mencionadas acima, e suas relações com as ofertas de produtos e serviços, ou como massas que apontam determinada tendência de consumo. No entanto, as medidas restritivas como resposta à pandemia e a consequente mudança na rotina das pessoas alterou também por completo as análises sobre atendimento às demandas dos consumidores. Como exemplos, mudaram as periodicidades dos saques em caixas eletrônicos e da ida ao supermercado, a intensidade de exposição aos meios de comunicação e internet com o isolamento em casa, as compras online, a predisposição de aquisição de produtos bancários sem a presença nas agências, para ficar em alguns poucos pontos.
Torna-se necessária, portanto, uma reinvenção dos modelos matemáticos para geração de cálculos probabilísticos que suportem estratégias de marketing atualizadas alicerçadas nessas mudanças de comportamento. O “novo normal”, expressão que denota as novas formas de convívio e movimentação após a pandemia, exige que as empresas se adaptem a essa nova realidade, remodelando suas probabilidades de atender dessa ou daquela maneira o público alvo para seus produtos.
Aqui, tenho um ponto de vista desdobrado sobre o enfoque do marketing, que ora vê as pessoas de forma agregada, com interação em ondas, ora as enxerga como partículas individuais em movimentos específicos. Eu diria que não é tanto assim, pois os clientes são ao mesmo tempo massas e frações, que possuem propriedades tanto de partículas quanto de ondas.
O mundo é cada vez mais indefinido, paralelo e dinâmico, onde os clientes flutuam entre comportamentos racionais e irracionais, possuem ao mesmo tempo contas em diferentes bancos, seguros em diferentes empresas, usam ao mesmo tempo telefones de diferentes operadoras, se comunicam simultaneamente por diferentes redes sociais, transmitem entre si e na velocidade da luz informações de promoções, reclamações, etc.
Hoje fica cada vez mais difícil determinar por qual canal o cliente viu o comercial – os clientes assistem à TV ao mesmo tempo em que navegam pelo celular e pelo tablet. Ora afirmam suas identidades pessoais, ora enquadram-se no conceito de FOMO, termo em inglês que significa FearOfMissing Out, algo como Medo de Ficar de Fora, seguindo as ondas majoritárias da sociedade, hoje muito expostas em redes sociais.
E é neste mundo que as análises de marketing terão que se embrenhar, um mundo que exigirá ser visto ainda mais pelo prisma das probabilidades, com o agravante das modificações e distorções provocadas pela pandemia.
(*) Eugenio Caner é Sócio-fundador da Murabei Data Science
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