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29 de junho de 2020 - 7h57
Por Cleison Dará (*)
A colaboração B2B é uma antiga prática de mercado que visa o crescimento por meio de parcerias e relações comerciais. Contudo, muitas empresas não adotam esta prática com medo de que seus dados sejam usados a favor dos seus concorrentes.
Indústrias, varejos e distribuidores sabem, ou deveriam saber, do papel vital que os dados desempenham nas estratégias de negócio. O que estas empresas normalmente não sabem é como utilizá-los para criar uma vantagem competitiva.
Por exemplo, informações e dados internos da empresa podem ser integradas com informações vindas de fontes externas, como uma pesquisa de mercado, com clientes, fornecedores e prestadores de serviços, e, a partir daí, trazer benefícios significativos, como ajudar a corrigir problemas no ponto de venda ou de processo logístico.
Saber quais dados levar em consideração na hora de fazer uma análise focada em melhorias de processos é sempre um desafio, sobretudo se esta não é uma prática comum na cultura organizacional da empresa.
Dados de vendas, causais, de clientes e de atividades operacionais podem ser usados para definir os valores gerados em um determinado período de tempo, sobre a presença de uma marca na loja e quais foram as atividades quantitativas realizadas pela equipe de promotores de vendas, ajudando a melhorar aspectos de trade marketing.
Várias oportunidades surgem do uso desses dados, isoladamente ou em combinação, para a melhoria do processo indústria-varejo, seja para realizar promoções mais assertivas que melhorem a experiência do consumidor, otimização dos canais de vendas, estoque e disponibilidade de produtos, entre muitas outras.
Uma coisa é certa, quando parceiros se ajudam e colaboram para uma cadeia de operações sustentável, todos os envolvidos crescem e se beneficiam desta prática. Imagine o seguinte cenário: uma marca deseja realizar o lançamento de um produto no mercado, mas não tem certeza se precisa investir numa campanha publicitária de alcance nacional ou se é melhor investir aos poucos, em campanhas regionais.
Para tomar a decisão, a marca analisa dados de demanda pelos seus produtos, tanto nas regiões que ela possui muitos pontos de vendas, quanto nas regiões que possuem poucas lojas oferecendo o seu produto.
Após analisar os dados, ela chega à conclusão de que há muita procura pela categoria do seu produto na Região Norte, no entanto, poucas lojas para atender a demanda, levando a empresa a investir parte da sua verba na aquisição de novos canais de vendas e em campanhas regionais, evitando desperdiçar esforços em regiões em que não alcançaria o resultado esperado.
Concluímos que tanto varejistas quanto indústrias podem se beneficiar da análise de dados para obter ou aprimorar a previsibilidade dos seus resultados. Esta é uma oportunidade que as empresas possuem para eliminar a falta de estoque, aumentar as vendas e minimizar devoluções de produtos.
Além dos negócios envolvidos na cadeia de suprimentos, outro player que pode se beneficiar da colaboração e análise de dados é o consumidor. Para isso, além de contar com ferramentas e tecnologias que facilitem a coleta e análise, é importante reforçar também a cultura colaborativa, aplicando métodos que transformem as organizações em empresas Data Driven.
Por isso, a colaboração de dados entre varejistas e fabricantes requer confiança mútua, assegurada por parcerias sólidas e cuidados com a segurança das informações e, sobretudo, uma visão voltada para a inovação visando as mudanças no comportamento do consumidor, jornada de compra e dinâmicas de mercado.
(*) Cleison Dará é Analista de Marketing da Gofind, localizador de produtos que utiliza inteligência artificial para ajudar o consumidor a encontrar produtos disponíveis nas proximidades.