É consenso que inovar é imprescindível para empresas que querem sobreviver e se projetar para o futuro. Porém, na visão da palestrante futurista Beia Carvalho, poucas pessoas pensam em diversidade quando o assunto é inovação ou sabem o impacto que uma equipe diversa tem sobre o aumento da produtividade e do faturamento das companhias.
Beia Carvalho foi a primeira mulher a falar sobre inovação no Brasil e palestra há mais de dez anos para as maiores empresas do país e do exterior. A diversidade está cada vez mais no foco de suas apresentações sobre inovação e futuro. “As empresas precisam cultivar equipes diversas se quiserem sobreviver no futuro. A razão para isso é que em um mundo complexo, como o do século XXI, em que as transformações acontecem em velocidade exponencial, a diversidade tem papel crucial na solução de problemas e criação de novos produtos, serviços e tecnologias. Pessoas diferentes trazem experiências e visões de mundos diferentes e tornam o ambiente rico de ideias. Um mundo de iguais, além de chato, é pobre de ideias”, afirma.
Pesquisas já comprovam que a diversidade é integrante da geração de receitas de negócios bem-sucedidos. No ano passado, a Boston Consulting Group (BCG) divulgou uma pesquisa em que ouviu 1.700 empresas de vários tamanhos em diferentes ramos da indústria em oito países, incluindo o Brasil. As companhias que tinham equipes de gestão com mais diversidade tiveram uma receita 19% maior relativa à inovação. “O próprio Vale do Silício é por si só o resultado final da diversidade. É o local mais diverso por metro quadrado dos EUA e, consequentemente, o mais inovador”, destaca Beia Carvalho.
De acordo com ela, as equipes das empresas precisam ser diversas para atender aos anseios de uma sociedade e de consumidores que também estão cada vez mais heterogêneos. Pela primeira vez na história, temos cinco gerações ao mesmo tempo no mercado de trabalho: tradicionalistas (nascidos antes de 1964), os baby boomers (1946 a 1964), X (1965 a 1979), Y (1980 a 1997) e Z (1998 a 2009).
A população está envelhecendo e a expectativa de vida aumentando, sendo que mais da metade dos bebês nascidos em 2019 tem chance de ultrapassar os 100 anos. Hoje, as identidades de gêneros chegam a 71, como já é possível selecionar nos perfis do Facebook da Inglaterra. Esses são apenas alguns exemplos que, segundo Beia Carvalho, abrem infinitas possibilidades de negócios no futuro e, para saber como atender esses públicos, é imprescindível políticas efetivas para atrair profissionais de diferentes idades, culturas, raças, orientações sexuais, crenças, gêneros e habilidades físicas ou mentais, como pessoas com deficiência e autistas.
“Não há dúvidas de que o debate sobre diversidade já extrapolou as áreas de recursos humanos das empresas e está em todos os lugares, na política, nas redes sociais, nas ruas e nas casas. As ações, no entanto, ainda são poucas e lentas. Felizmente, temos visto bons exemplos surtirem resultado. É o caso da SAP, uma das maiores empresas do mundo no setor de software empresarial, que tem entre os seus mais de 96.000 funcionários 25% das gerências ocupadas por mulheres”, afirma Beia Carvalho. De acordo com ela, a companhia tem redes de voluntários em prol da equidade de gêneros, da população LGBT e das diferentes etnias.
Respaldada em seus estudos sobre as tendências que impactarão o futuro, ela chama a atenção de cidadãos, profissionais, empreendedores e empresários para a necessidade de inovar diante do futuro do trabalho, das novas famílias e dos gêneros, das novas gerações, das mudanças na alimentação, das startups, do dinheiro (criptomoedas), da inteligência artificial, da evolução na genética, da transformação digital, dos carros autônomos e dos robôs inteligentes.
“Acolha a diversidade pelos motivos que preferir: humanitários, fraternais, sociais, políticos ou econômicos. Mas não deixe de acolhê-la. A diversidade é essencial para a inovação e para um futuro abundante”, conclui Beia Carvalho.
(*) Beia Carvalho é palestrante futurista e foi a primeira mulher a falar sobre inovação no Brasil. A ex-publicitária de 65 anos, premiada com quatro Leões em Cannes, há 10anos deixou a sociedade em agências de propaganda no país e no exterior para abraçar outros caminhos e fazer o que mais gosta: inspirar inovação, provocar reflexões e falar sobre o futuro em workshops e grandes eventos de negócios e recursos humanos. Beia Carvalho integra os coletivos CEOlab e London Futurists. Desde 2017, faz parte do Programa Mundial de Influencer Marketing da SAP. Em 2010, recebeu o Prêmio Excelência Mulher pela FIESP e, em 2019, de Personalidade RH do Ano, pela ABTD (Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento). Foi também sócia e vice-presidente de planejamento das agências de publicidade TBWA e Grottera, onde planejou marcas nacionais e globais. |