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Indústria 4.0: a transformação das fábricas 

A rede que suportará a cadeia de suprimentos inteligente será construída em torno de muitos elementos-chave, como aquisição e armazenamento inteligente, logística independente e análise avançada. Esta rede fornecerá ainda uma capacidade de resposta nunca antes vista.

e Wagner Bernardes
16 de julho de 2018 - 8h47

Por Wagner Bernardes (*)

Em 1970, Alvin Toffler, em seu livro O Choque do Futuro, definiu a tecnologia como um poderoso motor de mudança, uma força que promove a aceleração. Ele viu um futuro próximo em que a tecnologia aceleraria a transformação do mundo, e toda a atividade humana seria modificada por sua presença e as pessoas teriam o enorme desafio de se adaptar cada vez mais rápido. Sem dúvida, estamos imersos nesse processo. Os Jetsons e De Volta para o Futuro nos fizeram sonhar com o carro voador que até agora não chegou, mas não existem motivos para desanimar. As mudanças acontecem depressa e já podemos observá-las em algumas indústrias que estão sendo transformadas com testes de robôs ou inteligência artificial.

A Indústria 4.0 se insere neste contexto de constante mudança com o objetivo de transformar completamente os processos de produção e os sistemas de gestão e governança, a fim de alcançar a fabricação inteligente. Mas o fator fundamental é que as fábricas, como as conhecemos, precisam evoluir. Por exemplo, muitos dados gerados hoje em fábricas não estão sendo usados ​​para otimizar processos ou fazer previsões. Muitas vezes isso ocorre porque as empresas não implementaram tecnologias que permitam reunir e analisar os dados gerados por máquinas, sensores e pessoas.

Portanto, quero detalhar alguns aspectos relevantes da fábrica do futuro, aqueles que ajudarão a tornar a fabricação um processo inteligente.

Cadeias de suprimentos inteligentes

A chave para criar cadeias de suprimentos inteligentes está em IoT e Big Data. Nesse sentido, a IDC prevê para a América Latina um aumento de 120% na compra de sensores IoT e 129% de Big Data para 2020. Da mesma forma, para o mesmo ano eles consideram que 60% das cadeias de suprimentos usarão redes inteligentes e análises para prever a demanda e desenvolver novos produtos.

Essas cadeias de suprimentos inteligentes fornecerão à empresa um melhor conhecimento de requisitos, fornecedores e clientes, que resultarão em uma melhor previsão de demanda. Com os dados coletados da IoT, as empresas também podem rastrear facilmente retornos e garantias, além de fornecer manutenção preditiva. Por outro lado, as comunicações em tempo real entre fábricas e fornecedores inteligentes podem fornecer uma visibilidade muito melhor da cadeia de suprimentos desde o seu início até o seu fim. Isso pode melhorar o uso dos ativos, a rastreabilidade das peças e a redução de desperdícios.

Trabalho conjunto, colaborativo e inteligente

As cadeias de suprimentos inteligentes acabarão com a falta de contato que muitas vezes vemos entre as áreas de desenvolvimento, fabricação e distribuição; auxiliando na integração delas em um ecossistema transparente e conectado, capaz de produzir dados 24/7.

A rede que suportará a cadeia de suprimentos inteligente será construída em torno de muitos elementos-chave, como aquisição e armazenamento inteligente, logística independente e análise avançada. Esta rede fornecerá ainda uma capacidade de resposta nunca antes vista. Os sinais de oferta e demanda aparecerão em toda a cadeia, alertando os fabricantes, por exemplo, sobre a falta de um componente em tempo real.

Algumas empresas já avançaram nesse sentido, adotando o conceito de digital twin para obter o valor máximo desse fluxo constante de dados. Um digital twin é basicamente uma réplica virtual dos ativos, processos, sistemas e soluções físicas da cadeia de suprimentos inteligente. O processo físico gera dados em tempo real (como atrasos de componentes ou mudanças drásticas nas condições climáticas) e é registrado no digital twin. Com esses dados, é gerada uma imagem virtual, que acelera os tempos de reação e permite que a rede seja otimizada de acordo.

A personalização torna-se possível em grande escala

A tecnologia atual está possibilitando a personalização em um nível baixo. Várias marcas ao redor do mundo já estão permitindo que os usuários escolham certas características do produto. Oferecer essa possibilidade será cada vez mais importante. Isso responde às demandas que os consumidores já estão expressando. É inegável que o comportamento do consumidor mudou e, consequentemente, o processo de produção e até a logística devem ser alterados para atender suas necessidades. Neste ponto, é possível notar a relevância da cadeia de suprimentos inteligente para adaptar o estoque e acessar os fornecedores em tempo real, de acordo com os diferentes pedidos personalizados.

A indústria 4.0 chegou e é importante avançar para a fábrica inteligente. Mas, para conseguir isso, a chave está na aceitação da mudança e na incorporação da tecnologia como aliada. Os benefícios são muitos: redução de custos, melhor planejamento, maior satisfação do cliente, melhores processos de tomada de decisão baseados em dados e, acima de tudo, maior relevância em um mercado cada vez mais competitivo.

Wagner Bernardes, diretor de vendas e Business Services para Argentina e Chile da Orange  

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