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Inovação, marca e insights. Por Patricia Muratori

As impressões do Mobile World Congress, em Barcelona


13 de março de 2014 - 3h10

POR PATRICIA MURATORI
Head de telecom para o Google Brasil

Estive, pela primeira vez, no Mobile World Congress e o que encontrei? Inovação, inovação e inovação. Considerando que a CES – Consumer Eletronics Show – acontecera há pouco e muito da inovação tecnológica em dispositivos móveis já havia sido apresentada, a feira de Barcelona precisava surpreender – e surpreendeu.

Começando pelos próprios devices. São tantos aparelhos similares, com funcionalidades parecidas, que, dependendo da distância, fica difícil diferencia-los. Por isso, dois fatores me chamaram atenção. O primeiro e mais crucial: é fundamental a construção da marca. Se, por um lado, a oferta brilha aos olhos de qualquer pessoa, o poder da construção das marcas, cria a possibilidade de relacionar-se emocionalmente com os consumidores, ganhar novos clientes e, acima de tudo, mantê-los conectados à marca. Hoje o consumidor tem um papel muito mais ativo, com grande acesso às informações e maior poder de interferência. E com tantas opções de escolha no segmento, fica ainda mais difícil fidelizá-los. Sendo assim, equilibrar os investimento de marketing entre varejo e marca é fundamental para garantir não apenas vendas, mas também criar laços com o consumidor. Marca, marca, marca.

O segundo fator refere-se ao entendimento do que é relevante para o consumidor. O que vi em Barcelona foram empresas preocupadas com o comportamento das pessoas, investindo em pesquisa, gerando insights e entendendo o que é mais relevante no dia a dia das pessoas. Certamente, a pesquisa sempre permeou a estratégia dos grandes anunciantes, mas o que se destaca é um entendimento detalhado das necessidades humanas. De câmeras mais turbinadas a produtos ligados à saúde, deixando as funcionalidades básicas em segundo plano. Insights, insights, insights.

É inquestionável a importância do celular na vida das pessoas. No Brasil, a internet móvel demorou apenas 5 anos para atingir 52 milhões de pessoas (número de acessos que a internet fixa demorou 13 anos para alcançar). Mas o que fazemos afinal com o nosso celular? O brasileiro passa em média 84 minutos usando o smartphone, enquanto a média mundial é de 74 minutos. Checamos nossos smartphones a cada 8 minutos e mais da metade dos internautas pesquisam online em seus aparelhos antes de realizar uma compra. Enquanto o tráfego de voz se manteve, o volume de dados praticamente dobrou no último ano. Aqui fica clara a importância de basear estratégias de comunicação não apenas em dados das pesquisas, como também a própria informação dos usuários.

E como interpretar o comportamento do consumidor? Um exemplo são as câmeras integradas. As pessoas passam grande parte do tempo tirando fotos e postando nas redes sociais e tirar fotos é a segunda atividade mais frequente nos celulares. Com isso, o nível de sofisticação e qualidade das câmeras tornaram-se fatores decisivos na escolha de um novo celular, portanto, que devem ser consideradas entre os atributos a se destacar nas campanhas. Da mesma forma, se para o consumidor dados são hoje mais importante do que voz, a conectividade se mantém como um item muito relevante na consideração do usuário.

Tendências
Na onda health, a saúde também está conectada – grandes marcas já perceberam a importância do tema para o usuário. O lançamento da Samsung registro informações como alimentação, pedômetro e batimentos cardíacos. No espaço “Connected City”, a Oral B apresentou uma escova dental interativa, conectada via Bluetooth, que guarda o histórico da escovação para o consumidor compartilhar com seu dentista. Também é possível concluir que este será o ano da biometria popular. Em vários aparelhos, o telefone reconhece seu proprietário e se desbloqueia pela impressão digital.

Dentre os temas mais discutidos está o tão falado Big Data. As DMPs (data management platform) analisam dados de navegação e comportamento dos usuários no digital. Seria então possível prever os padrões de comportamento e consumo e cruzar com dados das marcas, produtos e compras. Muitas empresas possam usar o “big data” a favor de seus negócios, especialmente as telecoms em função da grande quantidade de dados que a categoria possui. Mas, acima de tudo, a riqueza não está no volume da informação e sim na importância de como usá-los para gerar insights de negócio.

No final desse turbilhão de dias, todos esperam que tecnologia seja igual a inovação. O que podemos aprender é que inovação não está somente nos designs diferenciados ou em novas funcionalidades, em cores ou em produtos high-end que conectam-se com a casa toda. Inovação está em entender o que faz parte da vida das pessoas e como usá-la a favor do desenvolvimento de produtos que façam de fato a diferença na vida de cada um. 

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