ProXXIma
22 de outubro de 2019 - 15h41
Por Loredana Sarcinella (*)
Empreender, liderar, inovar e transformar. O papel da mulher no cenário corporativo brasileiro é cada vez mais relevante. Apesar de ainda enfrentar resistências, o público feminino tomou consciência de que há um vasto universo de possibilidades no mercado nacional a ser explorado e não tem poupado esforços para explorá-los. E isso já é refletido em números: de acordo com dados do relatório do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), já são 9,3 milhões de mulheres tomando as decisões dos negócios no País, o que representa 34% dos empreendedores nacionais.
Em um primeiro instante, este número pode parecer não tão relevante para muitas pessoas, visto que os homens ainda ocupam 66% da faixa de empreendedores no Brasil. Entretanto, em uma sociedade que permaneceu por séculos subestimando o papel da mulher no mercado, saber que a cada três empresários, um deles é mulher, é algo extremamente significativo.
Mais do que recuperar o tempo perdido no passado, o empreendedorismo feminino reestrutura o presente e constrói novos alicerces para o futuro. Ao empreender e assumir o papel de líder no cenário corporativo, a mulher reconfigura sua posição no âmbito familiar, apropriando-se de uma função que, antes, era amplamente dominada por homens: o protagonismo na renda domiciliar. Com isto, passa a ter muito mais autonomia para tomar decisões em sua vida.
Nos últimos dois anos, o percentual de empreendedoras que ascenderam ao papel de “chefe” em casa subiu de 38% para 45%, enquanto a condição de cônjuge, em que a principal renda é do homem, caiu de 49% para 41%, segundo o mesmo relatório do Sebrae. Esses números refletem não só uma tendência de mercado, mas também um avanço social, com a liderança feminina impactando positivamente em uma pluralidade de gêneros e pontos de vista no comando.
Uma pesquisa internacional feita pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM), em 2018, apresentou alguns índices bastante interessantes. As mulheres donas de negócio têm nível de escolaridade superior ao dos homens e representam 48% dos empreendimentos iniciais. Entretanto, há uma tendência de que suas empresas faturem menos e sejam menos incisivas no processo de inovação. Isso mostra uma necessidade de ações que auxiliem na sustentação desses empreendimentos, ajudando na condução a um próximo patamar de negócio.
Na Samsung, estamos atentos a este momento de transformação. Acompanhamos o surgimento de novos negócios, principalmente no modelo de startups, e queremos ser parte desta fomentação do empreendedorismo feminino. Entre setembro e outubro, por exemplo, realizamos um projeto de mentoria, em parceria com WeWork Labs, focado exclusivamente em startups fundadas e lideradas por mulheres (MProjects, Castly Concept, Ozllo, Linker e Amyi). Além do trabalho de mentoria, ouvindo dores de mercado e compartilhando soluções, promovemos workshops sobre marketing digital, técnicas de vendas e scrum, experiência do usuário e interface do usuário, vendas B2B e investimento e captação.
Há, nitidamente, um longo caminho ainda a ser percorrido. E equiparação de condições de taxas de juros, linhas de créditos e rendimento mensal são fatores fundamentais para que o empreendedorismo feminino ocupe um espaço cada vez maior e mais relevante na sociedade.
(*) Loredana Sarcinella é diretora sênior de marketing da divisão de dispositivos móveis da Samsung Brasil