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O ser humano é o grande enigma do SXSW

Edmar Bulla: De certa forma, o mote do primeiro dia - humanização - retorna ao quinto dia e perpassou todos os outros. Isso mostra que, mesmo em época de tantos bots, o ser humano continua sendo o grande enigma a ser desvendado.


13 de março de 2019 - 9h47


E o SXSW continuou firme e forte com uma miríade de brasileiros e outra constelação de temas, salas, debates e filas, longas filas. Para os painéis mais concorridos, elas atravessaram os quatro andares do Convention Center de Austin e os atendentes, bem treinados, tentavam reconfortar os últimos (que não seriam os primeiros), com um simpático “there is no hope for you”.

A despeito disso, a experiência é interessante e vale a pena. Subversões de um lado, opiniões diferentes de outro, deslumbramentos e tietagem. Tem de tudo um pouco.

Um tema que talvez valha a pena destacar: há menos dados e pesquisas do que eu gostaria, especialmente para suportar alguns axiomas e convicções.

Quando havia, era comum não existir menção à fonte, o que podia tornar o dado duvidoso. De qualquer forma, a reflexão que fica é: para inovar, 50% tem que ser reservado ao território das crenças, das percepções e das tentativas.

É fato que as pesquisas não vão entregar respostas sobre aquilo que ainda não existe ou, ao contrário, sobre assuntos que são consolidados em padrões históricos. Inovar é arriscar, porque respostas não estão 100% nas pesquisas e o pensamento criativo e a tomada de riscos fazem parte do jogo.

Do ponto de vista de varejo, houve muita AI aplicada à gestão de uma experiência de compra encantadora, mas pouco foi descrito ou mostrado sobre o back office, a vida como ela é, o alinhamento necessário entre Operações e Supply, por exemplo.

O que se viu muito foram roupas novas para velhas coisas. Um exemplo? Siglas: BOPIS (buy on-line pick up in store), BOLSFS (buy on-line ship from store), ROPIS (reserve on-line pick up in store), BASH (browse anywhere ship home) e BISFA (buy in-store fulfill anywhere). Honestamente, não precisamos de mais siglas. Além disso, AI, AI e mais AI e como criar novas experiências de loja.  

O terceiro dia do SXSW teve a tônica da privacidade, tema que foi também debatido nos demais dias, mas que ganhou reflexos mais fortes com a participação de Roger McNamee, tutor de Zuckerberg. Ele é autor do livro Zucked: Waking Up to the Facebook Catastrophe, que basicamente relata a série de alertas ao modelo para o qual o Facebook caminhava – e caminhou – e sobre o qual Roger definitivamente não concorda. E nem eu! Tudo muito em linha com o dia anterior, no qual Amy Webb (em livro que já estou lendo, The Big Nine) refletia sobre o quanto a privacidade “is dead” e explanava sobre um futuro nada encantador se não tomarmos medidas regulatórias mais severas. Mesmo assunto defendido pela senadora e pré-candidata Elizabeth Warren.

Susan Fowler (de quem vale muito a pena a leitura do blog) abriu o quarto dia falando sobre sua terrível experiência como engenheira da Uber.

Vítima de assédio, ela resolveu colocar a boca no trombone e contribui para mudar as regras do jogo, no qual preconceito, racismo e qualquer outra forma de discriminação não devem ter vez e nem voz.

Abertura linda de Susan, seguida pela participação de Elizabeth Moss (The Handmaid’s Tale) e por uma série de outros painéis sobre gênero, papel do homem nas organizações e como fomentar e aceitar a diversidade. Enquanto isso, no térreo, uma exposição fantástica apresentava inovações reais, desde o sushi feito com impressora 4D composto de nutrientes personalizados por um exame de sangue rápido e prévio à ida ao restaurante, até robôs, futuro do trabalho, inovações em materiais e genética.

Aliás, foi justamente lá que pude fazer, de graça, um teste de DNA. A pergunta foi, claro, sobre a privacidade dos dados que estavam sendo coletados. E entre a excitação do teste com saliva e meus dados fornecidos para algum Matrix, fiz o balanço e fui em frente, aguardando agora os resultados via aplicativo.

Quem também inspirou e surpreendeu os participantens do famigerado Ballroom D do grande Centro de Convenções de Austin foi Gwyneth Paltrow, que falou sobre sua experiência como CEO do goop, e-commerce de artigos não massificados, mas também nem tão upscale, mas que causam frisson entre as mulheres.

Entre as tantas frases marcantes, talvez a que tenha ficado mais na lembrança foi “nós precisamos de líderes mais vulneráveis”.

Isso dá o gancho para falar sobre empatia, palavra que marcou o quinto dia, com conteúdo voltado a mais prazer no trabalho e sobre como immersive learning pode mudar a forma como aprendemos – e talvez fazer com que os adultos continuem aprendendo, porque a curva não está lá essas coisas para horas dedicadas a aprender algo novo.

De certa forma, o mote do primeiro dia – humanização – retorna ao quinto dia e perpassou todos os outros. Isso mostra que, mesmo em época de tantos bots, o ser humano continua sendo o grande enigma a ser desvendado.

Edmar Bulla é CEO da Croma

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