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Por que o Brasil pode se tornar uma Suécia no mercado de fintechs em 2019?

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Por que o Brasil pode se tornar uma Suécia no mercado de fintechs em 2019?

Estamos muito otimistas com o fortalecimento do ecossistema de fintechs nos próximos anos no País, o que poderá tornar o País um mercado tão interessante para os investidores internacionais quanto outros que vêm liderando esta tendência de criação de novas modalidades de crédito e serviços financeiros sustentados pelas novas tecnologias


24 de janeiro de 2019 - 8h51

 

 Por Olle Widén (*)

 

Essa não tem como errar. Anotem a previsão mais certeira para este ano de 2019 para o mercado financeiro no Brasil: as fintechs continuarão em ritmo acelerado de crescimento e o País deverá ganhar cada vez mais destaque no cenário global das empresas de tecnologia que estão transformando o setor bancário e de crédito.

 

Não irão faltar estímulos ao desenvolvimento das startups já em operação no País e para atração de novas empresas de olho no potencial de uma nação que tem mais da metade da sua população sem acesso a serviços bancários, um cenário atraente para 35% das fintechs que focam seus produtos no consumidor, segundo o Mapa de Fintechs Brasil divulgado pela FINNOVATION em maio do ano passado.

 

Comando no Brasil a operação de uma empresa de capital sueco que atua como um marketplace de empréstimos, oferecendo ao tomador de crédito uma ferramenta para buscar e comparar produtos oferecidos por fintechs e instituições tradicionais.

 

Estamos muito otimistas com o fortalecimento do ecossistema de fintechs nos próximos anos no País, o que poderá tornar o País um mercado tão interessante para os investidores internacionais quanto outros que vêm liderando esta tendência de criação de novas modalidades de crédito e serviços financeiros sustentados pelas novas tecnologias para diversas finalidades, entre eles a própria Suécia, minha pátria. Nossa expectativa é alcançar um crescimento de 5 vezes no nosso faturamento este ano.

 

A recente iniciativa do governo brasileiro de autorizar a participação de até 100% de capital estrangeiro nas fintechs de crédito e a primeira permissão dada em dezembro pelo Banco Central para QI Tech atuar como Sociedade de Crédito Direto (SCD), concedendo empréstimos sem a necessidade de intermediação de um banco, são sinais de uma esperada liberalização da economia e do sistema financeiro brasileiro que merecem aplausos, especialmente pela perspectiva de impulsionar o aquecimento de uma economia ansiosa para sair da crise com uma maior oferta de crédito. Outras 11 fintechs aguardam sinal verde para operar no modelo SCD e SEP (Sociedade de Empréstimo entre Pessoas).

 

Vamos fazer uma rápida comparação para entendermos o tamanho da oportunidade do mercado brasileiro.

 

Na Suécia, com 10 milhões de habitantes, a plataforma FintechStartupsCo contabiliza 54 empresas. Uma delas foi fundada em 2005 e hoje é a maior fintech da Europa: a Klarna, que em 2017 foi avaliada em US$ 2,5 bilhões. Outra com grande destaque é a iZettle, comprada em maio de 2018 pela PayPal por US$ 2,2 bilhões.

 

O País é um dos líderes mundiais no segmento de fintechs, ocupando a 10a posição no ranking mundial Trend Watch PageGroup dos países mais atrativos para quem busca emprego no setor financeiro – o Brasil aparece no 28o lugar. De acordo com estudo da TechEU, a Suécia é o terceiro maior da Europa em investimentos em fintechs, sendo que 2 de cada 3 investimentos realizados nos países nórdicos nos últimos anos foram em empresas suecas.

 

O Brasil, com uma população de 209 milhões de pessoas, soma 453 startups focadas em soluções financeiras, segundo mapeamento do Radar Fintech Lab. Em 2017, o Mapa da FINNOVATION indicou crescimento de 40% no número de startups. A Conexão Fintech identificou no ano retrasado investimentos de R$ 457,4 milhões. Um estudo feito pela Associação Brasileira de Fintechs e PwC Brasil revelou que 41% ainda não tiveram acesso a capital, o que mostra quantas noivas ainda poderão ser cortejadas pelos investidores.

 

Somente no primeiro semestre de 2018, os valores investidos no Brasil ultrapassaram a soma de R$ 1 bilhão, mais que o dobro do volume total de 2017, puxados pelos grandes aportes feitos em companhias como o Nubank, que em março anunciou um aporte de US$ 150 milhões em uma rodada liderada pelo fundo de investimentos DST Global, o que a tornou o terceiro unicórnio brasileiro e a maior startup da América Latina, e em outubro outro de US$ 180 milhões da chinesa Tencent, que avaliou a empresa em impressionantes US$ 4 bilhões para abocanhar 5% das ações.

 

Outras empresas que atuam no segmento de crédito também receberam recursos. A Creditas levantou US$ 55 milhões em uma rodada comandada pelo sueco Vostok Emerging Finance, o mesmo fundo que participou do aporte de R$ 12 milhões na nossa empresa, a FinanZero. Integram a lista também a Rebel (R$ 14,9 milhões) e a BizCapital (R$ 20 milhões).

 

Os bancos tradicionais também vêm demonstrando apetite pela digitalização dos serviços e espera-se um aumento no fechamento de parcerias com fintechs para que não percam clientes e competitividade. Acredito que assistiremos, ao mesmo tempo, uma onda de startups estrangeiras aterrissando no Brasil, principalmente de países como Reino Unido, França, Estados Unidos e empresas do Leste Europeu, trazendo na bagagem novas alternativas nos setores de crédito, pagamentos e bancos online.

 

O contínuo e acelerado crescimento no uso dos smartphones, inclusive por classes menos favorecidas, será outro combustível para a explosão das fintechs. Segundo levantamento da Counterpoint, o aumento das vendas foi de 2,3% no primeiro trimestre de 2018 no geral, 7% nos aparelhos com preços abaixo de R$ 800 e 31% nos inferiores a R$ 399.

 

As novas tecnologias, como a Inteligência Artificial associada com o Big Data, blockchain e novos meios de pagamento, como os wearables, irão trazer cada vez mais eficiência e diminuição de custos para operações financeiras. Além disso, com este cenário de bancos cada vez mais digitais, o nascimento em série e amadurecimento de fintechs disruptivas, as taxas de juros para o consumidor contrair empréstimos podem cair consideravelmente no próximo ano. Com o aumento da concorrência, o mercado deve puxar as taxas para baixo.

 

A se confirmar uma melhoria na economia e uma maior liberalização, o Brasil tem tudo para ser uma Suécia no mercado de fintechs. Já assistimos ao parto de nosso primeiro unicórnio e é questão de tempo para também termos por aqui mais empresas avaliadas acima de US$ 1 bilhão (o Nubank já bateu US$ 4 bilhões).

 

As brasileiras já estão brilhando no cenário mundial. O Nubank aparece em 7o lugar no ranking da KPMG das 100 fintechs mais inovadoras do mundo. Guiabolso e Geru também estão na lista. Uma curiosidade que não chega a surpreender: quatro das 10 fintechs que estão no topo são chinesas que tiveram origem nos setores de varejo, seguros e Internet; lembrando que o último grande investimento no Nubank foi da chinesa Tencent.

 

Estamos no caminho certo. Quem souber aproveitar as oportunidades que virão nos próximos anos poderá colher bons resultados, principalmente atraindo novos clientes que até hoje estavam fora do mercado financeiro e não tinham acesso a crédito ou serviços bancários.

 

(*) CEO e Co-fundador da FinanZero, fintech de capital sueco que opera como correspondente bancário online para negociar empréstimos junto a instituições financeiras

(*) Fonte imagem principal:  depositphotos

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