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Rússia 2018: a Copa do áudio digital
O surgimento do áudio pela internet alterou o modo de consumo desse meio e o conteúdo sobre esportes é o terceiro mais consumido, depois de músicas e notícias
O surgimento do áudio pela internet alterou o modo de consumo desse meio e o conteúdo sobre esportes é o terceiro mais consumido, depois de músicas e notícias
23 de abril de 2018 - 12h04
Por Rodrigo Tigre (*)
O rádio e o futebol sempre estiveram em sintonia. De acordo com os registros, a primeira transmissão da modalidade no País se deu em 19 de julho de 1931, durante a partida entre as seleções de São Paulo e do Paraná. Foi assim que teve início a íntima relação dos brasileiros com o esporte bretão por meio do rádio. Há acadêmicos, como o sociólogo Ronaldo Helal, que defendem o rádio como o responsável pela transformação do esporte em paixão nacional e até mesmo pelo surgimento do patriotismo.
De lá para cá, naturalmente, muita coisa mudou, desde a qualidade, como a cobertura das transmissões e a evolução da forma de narrar. Em 1960, surge Fiori Gigliotti, referência por criar e fazer uso de bordões. Mais adiante, por volta da década de 1970 nascem ícones do jornalismo esportivo como José Carlos Araújo e Osmar Santos, que viraram de cabeça para baixo a locução de futebol, em um momento em que a televisão já dominava a atenção das pessoas. Com expressões como “ripa na chulipa” e “pimba na gorduchinha”, Osmar usou o bom humor e a linguagem próxima a do ouvinte para trazer a audiência para o rádio.
Do radinho de pilha com chiado ao áudio digital no aplicativo, a verdade é que o futebol sempre esteve colado no ouvido dos brasileiros
Já no final da década de 1990 e início dos anos 2000, o futebol começou a ganhar ainda mais espaço no rádio com a tendência de ser incluído em estações populares em seus horários nobres, até mesmo em FM com programas dedicados ao pré-jogo, análises e discussões pós-jogo. A verdade é que não vimos a TV matar o rádio, mas sim, o meio ficar ainda mais forte e com uma programação mais diversa de conteúdo futebolístico.
A próxima etapa dessa evolução passa pelo áudio digital, ouvido por aplicativos como o TuneIn, que reúne todas as principais rádios do mundo, diretamente pelos apps das estações ou ainda via streaming. Com o TuneIn, é possível escutar a narração de todos os jogos do Brasileirão (série A ou B) e da Libertadores, independentemente de onde você estiver. Antigamente, isso só era possível acessando por meio de uma rádio local.
O surgimento do áudio pela internet alterou o modo de consumo desse meio. Segundo a pesquisa da Audio.ad — Cenário do Áudio Digital no Brasil —, de 2016, 52% dos ouvintes de rádio pela internet escutavam através de PCs, 45% ouviam via smartphones e 19% por meio de tablets. O conteúdo sobre esportes é o terceiro mais consumido, depois de músicas e notícias.
Em 2018, viveremos a Copa da Rússia, com o áudio digital praticamente consolidado entre os fãs de rádio. Com jogos na parte da manhã e início da tarde, não há dúvidas de que muitos recorrerão ao recurso digital para poder acompanhar não apenas os jogos, mas também as notícias das partidas e novidades da seleção nacional por meio das rádios online, enquanto realizam outras atividades.
Diante desta perspectiva, será interessante observar como os anunciantes vão aproveitar essa oportunidade única de conexão com os consumidores. Do radinho de pilha com chiado ao áudio digital no aplicativo, a verdade é que o futebol sempre esteve colado no ouvido dos brasileiros. Aliás, não é lá que sua marca gostaria de estar?
(*) Rodrigo Tigre é sócio-diretor da RedMas
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