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A Copa dos Robôs
Pela primeira vez no Brasil, maior evento de robótica do mundo coloca o País na rota mundial dos pesquisadores e tecnólogos que acreditam que os robôs podem tudo. Até mesmo, jogar futebol
Pela primeira vez no Brasil, maior evento de robótica do mundo coloca o País na rota mundial dos pesquisadores e tecnólogos que acreditam que os robôs podem tudo. Até mesmo, jogar futebol
2 de maio de 2014 - 5h57
POR FERNANDA BOTTONI
Imagina uma copa do mundo em que os "jogadores" que disputam as partidas são nada menos do que robôs inteligentes criados por quatro mil engenheiros e cientistas, entre alunos e professores de graduação, mestrado e doutorado de cerca de 200 universidades de 45 países. Se você nunca ouviu falar disso, prepara-se para conhecer a Robocup 2014, maior evento de robótica do mudo que será realizado pela primeira vez na América do Sul, entre 19 e 25 de julho, na capital paraibana João Pessoa.
18 anos de história
A primeira RoboCup foi realizada em Nagoya, no Japão, em 1997, logo depois do evento de xadrez em que o campeão mundial Garry Kasparov, até então imbatível, foi derrotado pelo supercomputador da IBM, o Deep Blue, numa revanche. Desde então, anualmente, grandes pesquisadores do mundo e os melhores computadores se reúnem nesse grande desafio de Inteligência Artificial.
Todo ano, a Robocup é organizada por professores voluntários do mundo todo. Esther Colombini, mestre e doutora pelo ITA, professora da FEI e pesquisadora da Unesp, é coordenadora-geral do evento junto com mais dois professores.
"A Robocup foi criada para estimular pesquisa e inovação na área de robótica e inteligência artificial", diz ela, com muito entusiasmo. "Sua realização no País também vai mostrar para a população que o que estamos fazendo por aqui pode fazer a diferença daqui a alguns anos, até no estímulo ao estudo de Engenharia", explica. "A robótica inteligente é área que mais cresce, o Google comprou a maior empresa de robótica do mundo."
Esther estima que, entre os professores e organizadores da Liga, cerca de 500 pessoas devem estar envolvidas com o evento. "O que vai ocorrer aqui é o final de um trabalho de pesquisa de um ano inteiro", conta. "Realizamos seletivas em cada país e os melhores times vêm participar da final", diz ela.
O Brasil participa da Robocup desde 2006. Na estreia, havia apenas três times brasileiros. Esther, que ainda era aluna de mestrado do ITA, estava lá, como uma das participantes. "Já tivemos campeões mundiais em Ligas e, hoje, somos a sexta maior comunidade da Robocup", comemora ela. Neste ano, cerca de 30 universidades brasileiras estão envolvidas no evento.
Futebol high tech
Uma das competições mais aguardadas é a Robocup Soccer, em que robôs totalmente independentes e livres de controles remotos disputamum campeonato de futebol, com times representados por universidades selecionadas de 45 países durante três dias. O mais curioso é que robôs devem obedecer às mesmas regras de um jogo de futebol convencional, com dois tempos, chutes, marcação de gols, de faltas e até cobrança de lateral, o que, segundo Esther, é um grande desafio técnico. Os jogos serão observados por um juiz humano, mas, como se trata de um evento de robótica, muitas vezes o humano é auxiliado por um juiz robô. (#imaginanacopa que maravilha?!)
Segundo a organização do evento, o fato de ele ser realizado aqui exatamente no mesmo ano em que o país recebe a Copa do Mundo não é coincidência. De quatro em quatro anos, a Robocup é preferencialmente realizada no país sede do evento da Fifa. Preferencialmente, não obrigatoriamente, é importante ressaltar. Isso porque, segundo Esther, o que decidiu a disputa foi o apoio do Governo do Estado da Paraíba, que cedeu o recém-inaugurado Centro de Convenções “Poeta Ronaldo Cunha Lima” para a realização do campeonato. "O apoio do Governo foi o grande divisor de águas da nossa candidatura para sediar o evento", diz ela. "Imagina que a Robocup ocorre durante uma semana, mas ocupamos o espaço por um mês para organizar tudo", explica. E bota espaço nisso. São nada menos do que 48 mil metros quadrados que serão ocupados por campos, arquibancadas, área de exposição com estandes e diversas atrações abertas ao público. Ah, sim, o evento é gratuito para os visitantes e 60 mil pessoas são esperadas neste ano.
Robôs por todos os lados
Além das disputas futebolísticas, há outras categorias bem interessantes. No total, são 17 delas. Na “Rescue”, por exemplo, serão apresentados robôs projetados para substituir humanos em situações arriscadas de resgate. Parece brincadeira, mas não é. Tanto que, no acidente nuclear de Fukushima, que ocorreu em 2011, foram utilizados robôs desenvolvidos na RoboCup.
Outra categoria da competição é @Home, em que os robôs desempenham atividades domésticas para ajudar pessoas com dificuldades motoras, como idosos e deficientes. "O robô tem de executar a tarefa que a pessoa pedir, pegar uma latinha de refrigerante, por exemplo, tem de se virar para achar a geladeira etc, tudo sem controle remoto", explica Esther. Há também uma modalidade industrial, voltada para tarefas logísticas.
Para completar, participam da categoria RoboCupJunior alunos do ensino fundamental e médio de todo o mundo e a programação ainda conta com oficinas de robótica direcionadas a professores da rede pública de ensino para mostrar como robôs podem ser usados em sala de aula, de forma lúdica, para ensinar e despertar os alunos para a ciência. No último dia do evento, um simpósio encerrará as atividades com apresentações de trabalhos acadêmicos e uma palestra do cientista australiano Rodney Brooks, professor emérito do MIT e fundador da iRobot.
Lado comercial
Recentemente, quem tomou a frente da parte comercial do evento foi Ricardo Longo, CEO da ONoffRE Consulting. "Estou dando uma ajuda", diz ele. Ricardo garante que há cotas para todos os bolsos. "Temos desde a super master, que é única, de 800 mil reais, abertos a negociação, está as de R$ 20 mil reais, para ter barraquinha e vender serviço na feira."
Permutas, ele diz, como passagens aéreas e equipamentos, que diminuem os custos do evento, também são muito bem-vindas. "Estamos conversando com companhias aéreas e fabricantes de monitores, por exemplo, porque teremos muitos deles espalhados por lá", explica. "É um evento totalmente acadêmico, sem fins lucrativos, que deixa um legado absurdo de conhecimento e inovação que deve despertar o interesse dos jovens brasileiros pelo assunto", acredita.
Ricardo adianta que a Lego deve ser uma das marcas presentes do evento. "É a que está mais adiantada porque já estava em contato com os organizadores", diz.
A Robocup tem também outros parceiros importantes. A RNP (Rede Nacional de Pesquisa), que serve os grandes centros de pesquisa de 30 universidades brasileiras, é responsável pela rede de alta velocidade que atenderá o Centro de Convenções. A Infraero cedeu espaço no aeroporto de João Pessoa para recepcionar os milhares de robôs que participarão do evento. "Já pensou se eles ficassem parados na alfândega neste ano de Copa", imagina Ester. Também são global sponsors MathWorks, Festo e Aldebaran.
Por fim, a RoboCup 2014 é um evento oficial do Ministério do Esporte, co-realizada pelo Governo do Estado de Paraíba e organizada pela Sociedade Brasileira de Computação em conjunto com dezenas de universidades do país. E que evento, hein?!
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